A formação da Stellantis, com a união de PSA e FCA, deverá trazer mudanças importantes para as várias marcas do grupo, que incluem emblemas conhecidos no Brasil, bem como marcas históricas que formam os dois grupos.
Mas nem todas as mudanças poderão ser positivas, já que, ao que tudo indica, o futuro de todas as fabricantes que compõem a Stellantis pode estar em jogo. As únicas com sobrevivência garantida são Jeep e Ram.
Isso porque marcas como Lancia, Fiat e Maserati, ficando apenas do lado italiano, vêm cambaleando há anos com balanços anuais negativos e uma linha antiga de produtos. A Lancia, por exemplo, tem apenas um carro em linha, o compacto Ypsilon, de 2011, mas deverá passar por uma revolução e retomar um pouco da glória de tempos antigos.
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A Lancia deverá voltar a ganhar importância ao se juntar a Alfa Romeo e DS num subgrupo de marcas de luxo da Stellantis. Ainda não há informações sobre novos produtos, mas não é de hoje que a FCA tenta ressuscitar a Lancia, desejo antigo de Sergio Marchionne, executivo responsável pela formação da FCA.
A Stellantis, aliás, encerrou 2020 como a sexta maior fabricante de carros do mundo. Uma análise anterior tinha colocado a empresa no quarto lugar, número revisto após a atualização para os números de venda do ano passado – a conta havia sido feita com relatórios de 2019.
Combinadas, PSA e FCA entregaram 3,89 milhões de carros entre janeiro e agosto de 2020, queda de 33% em relação ao ano anterior. A empresa fica atrás de Toyota, Volkswagen, Renault-Nissan, GM e Hyundai-Kia. A pandemia do novo coronavírus foi um dos fatores determinantes para a retração.
Do lado da PSA, uma das possibilidades é o enfim retorno da Peugeot ao mercado americano. A marca francesa poderá se aproveitar da infraestrutura da FCA para voltar a vender carros no país, embora deverá precisar lutar para reconquistar a confiança do público local, algo que a Fiat tenta até hoje.
No entanto, segundo o CEO da Peugeot, Jean-Phillipe Imparato, em entrevista à agência Automotive News, o foco agora está nos mercados base da marca, bem como retomar o crescimento na China. O possível retorno aos Estados Unidos pode ficar só para 2026.
Já a Opel passa por uma situação curiosa, ao ter sido historicamente o braço europeu da GM, agora compõe o mesmo grupo da Chrysler, gigante rival. A Opel hoje tem produtos de origem francesa, compartilhando plataformas e motores com Peugeot e Citroën, que reviveram a marca na Europa.
Nos Estados Unidos, Chrysler e Dodge vivem tempos difíceis. A primeira se segura apenas com um produto, a minivan Pacifica, que faz sucesso, mas pode não ser suficiente para justificar a manutenção da marca a longo prazo. A Dodge vem lucrando com os Hellcat, mas a linha de produtos já pede atualizações caras, como novas gerações de Challenger e Charger, cujo futuro pode estar em cheque.
De fato, apenas Jeep e Ram deverão passar ilesas à fusão, sendo as únicas a receber investimentos consistentes nos últimos anos. A Jeep se reinventou com modelos como Renegade e Compass, e acaba de lançar o novo Cherokee. Já a linha Ram ganhou independência e também vem fazendo sucesso ao redor do mundo. Para as outras, o futuro dirá o que vai acontecer.
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