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Ford Fiesta dá adeus: em 24 anos, hatch foi espanhol, chorão e gatinho

No mercado nacional desde 1995 e morto em 2019, hatch virou referência em dinâmica e foi responsável por pioneirismos da marca no país

Por Rodrigo Ribeiro
Atualizado em 11 jun 2019, 19h27 - Publicado em 21 fev 2019, 11h38
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    (Montagem/Marco de Bari/Divulgação/Ford)

    O fechamento da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo vitimou, de uma só vez, toda a sua linha de caminhões — a única em todo o mundo — e o Fiesta hatch, que era produzido somente naquela unidade.

    A saída do Fiesta é reflexo de suas vendas tímidas nos últimos anos: foram vendidas 14.505 unidades ano passado, enquanto o Ka emplacou 103.286. Vale lembrar que o sedã, que vinha importado do México, já havia sido descontinuado em janeiro.

    New Fiesta Hatch Job 1
    O retorno do Fiesta à São Bernardo em 2013 foi celebrado pelos funcionários (Divulgação/Ford)

    A perda de mercado do hatch também foi provocada pela falta de investimentos da marca no modelo.

    Enquanto o Fiesta ganhou uma nova geração na Europa, para o Brasil a Ford optou por uma solução doméstica, com uma reestilização discreta feita sobre o modelo atual.

    O fim do Fiesta no país marca o encerramento de um modelo que foi pioneiro no uso de diferentes tecnologias dentro da empresa e que permitiu à Ford criar mais rentável segmento de carros do Brasil.

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    Conheça a seguir, os principais marcos de um modelo que chegou a ser comparado com uma geladeira e foi “chorão”.

    Estreia espanhola

    Fiesta 1995
    O Fiesta estreou no Brasil em 1995, ainda importado da Espanha (Divulgação/Ford)

    O Fiesta chegou ao Brasil em fevereiro de 1995, importado da Espanha. O hatch já estava em sua terceira geração e era oferecido nas versões de duas e quatro portas.

    O modelo estava prestes a mudar, o que ajuda a explicar seu defasado motor Endura 1.3 com fracos 60 cv.

    Apenas um ano e três meses depois a Ford passava a fabricar em São Bernardo do Campo (SP) o novo Fiesta, cujos faróis arredondados logo renderam o apelido de “chorão”.

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    Ford Fiesta CLX 1.4 16V testado pela revista Quatro Rodas.
    A quarta geração marca o começo da produção nacional (Marco de Bari)

    A quarta geração tinha duas opções de motor. O antiquado Endura foi mantido na configuração 1.3 e na inédita 1.0, de 51,5 cv.

    A versão topo de linha CLX, no entanto, carregava o bem mais moderno Zetec 1.4 16V, capaz de gerar 88,8 cv. O novo motor, um dos melhores do segmento no País, deu fôlego de esportivo ao hatch.

    O conjunto era perfeito para o acerto de suspensão (com subchassi no eixo dianteiro) e direção, firmes na medida certa para uma tocada mais rápida sem penalizar severamente o conforto.

    Ford fiesta
    O motor Zetec era um dos destaques do hatch (Divulgação/Ford)
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    Em 1998 o Fiesta passou a oferecer airbag duplo como opcional, item raríssimo entre os populares àquela época.

    No mesmo ano veio o primeiro modelo derivado, a Courier. A picape logo virou a queridinha de quem transportava cargas longas (como motocicletas), graças à enorme caçamba com 1,82 m de comprimento.

    Oi, gato

    Fiesta Street
    A reestilização deixou o Fiesta alinhado com outros modelos da Ford (Divulgação)

    Em 2000 veio a primeira reestilização do Fiesta nacional. Os faróis angulosos repetiam o estilo New Edge de outros Fords, e talvez tenham sidos os responsáveis pelo visual felino interpretado por alguns consumidores.

    O Fiesta “gatinho” veio logo após a nacionalização (e atualização) dos motores Zetec, que ganharam o sobrenome RoCam, referência ao comando de válvulas com balancins roletados.

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    Fiesta Sport
    A versão Sport tinha visual esportivado (Divulgação/Ford)

    Pouco depois houve o lançamento da versão Sport, um reconhecimento da marca à dinâmica primorosa do hatch.

    Marco histórico

    FORD FIESTA 1.0FOTO MARCO DE BARI10/2002
    Os grandes faróis monoparábola eram uma das marcas da quinta geração do Fiesta (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    O ano de 2002 marcou a chegada da quinta geração do Fiesta, talvez um dos modelos mais importantes da história moderna da Ford no Brasil.

    O primeiro motivo é que ele marcou a inauguração da moderna fábrica de Camaçari (BA), que agora passa a ser a única unidade fabril da Ford no Brasil.

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    Fiesta 2002
    O modelo estreou uma plataforma inédita no Brasil (Divulgação/Ford)

    O segundo motivo é que ele foi a base para o EcoSport, primeiro SUV compacto nacional e líder do segmento por quase dez anos.

    Além de ter sido responsável por lucros generosos à empresa durante seu domínio, o EcoSport atualmente é o modelo mais caro (e com maior rentabilidade potencial) feito pela Ford no Brasil.

    Motor superestimado

    Motor do Fiesta 1.0 Supercharger, da Ford.
    O motor 1.0 Supercharged usava um compressor movido por correia da Eaton (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    A virada do século também marcou o primeiro ápice dos motores 1.0 em veículos nacionais.

    Em uma época na qual ainda não se falava de motores com injeção direta, dupla refrigeração e outras tecnologias, as fábricas aproveitavam o baixo IPI para os populares carros “mil” a fim de aplicá-los aos mais diferentes segmentos

    Isso fez com que o Fiesta (e o EcoSport) recebessem uma variação com compressor do motor 1.0. O conjunto superalimentado rendia 95 cv, um índice interessante para o hatch — mas péssimo para o SUV, cuja versão de entrada durou pouco.

    Seu principal rival era o Gol 1.0 16V turbo, com 112 cv. Como se não bastasse a potência extra, o Fiesta ainda precisou enfrentar uma comparação pra lá de inadequada.

    Um comercial logo proibido comparava o motor com compressor do Fiesta a uma geladeira, que também usa compressor.

    Ford Fiesta Flex
    O Fiesta foi o primeiro Ford com motor flex no Brasil (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    A analogia descabida durou pouco na TV, mas ainda pode ser vista na internet. E, ironia: uma década depois a própria VW apelava para o compressor para obter mais potência de seu motor 1.4 turbo.

    México renovado

    2013 Fiesta
    A sexta geração inicialmente veio do México e conviveu com seu antecessor nacional (Divulgação/Ford)

    Enquanto o Fiesta nacional sobrevivia à base de reestilizações, em 2011 a Ford optou por trazer a sexta geração do México, aproveitando-se do acordo comercial entre os países.

    O visual ousado combinava com a lista de equipamentos inovadora para o segmento, com luzes diurnas de led, airbag de joelho, controle de estabilidade com assistente de partida em rampa e alerta de veículo no ponto cego.

    New Fiesta Hatch Public Facing Event
    A chegada do “nem tanto New” Fiesta nacional foi celebrada com festa (Divulgação/Ford)

    A versão reestilizada de 2013 marcou também o retorno do Fiesta a São Bernardo do Campo (SP), onde ele será produzido até novembro de 2019.

    New Fiesta EcoBoost 2017
    O Fiesta EcoBoost tinha motor 1.0 turbo e câmbio automatizado de dupla embreagem e seis marchas (Divulgação/Ford)

    Não seria justo falar que a Ford desistiu precocemente do modelo no Brasil. Ainda que as vendas em declínio tenham justificado a opção de não trazer a sétima geração, a marca investiu no hatch por aqui.

    Ford Fiesta dá adeus: em 24 anos, hatch foi espanhol, chorão e gatinho
    A última reestilização do Fiesta tentou dar a ele um visual mais atual (Divulgação/Ford)

    Coube a ele a primazia de estrear (e aposentar) o moderno motor 1.0 Ecoboost turbo de 125 cv, que só saiu do posto de mais potente da categoria com a chegada do Polo TSI.

    Ford Fiesta ST-Line
    A Ford abriu mão de fabricar ou importar o novo Fiesta (Divulgação/Ford)

    Uma reestilização caseira até que tentou dar um último fôlego ao Fiesta, mas o excelente desempenho de vendas do Ka acabou sendo a pá de cal para o hatch compacto.

    E, outra ironia: o Ka nasceu em 1996 a partir do próprio Fiesta, ainda que eles tenham seguido caminhos distintos após a segunda geração do compacto.

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