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Falta de chips cancela 120.000 carros no Brasil e cria “reinado” dos SUVs

Com Onix fora do páreo, indústria nacional luta para driblar escassez de suprimentos e vê SUVs cada vez mais dominantes

Por Eduardo Passos
Atualizado em 7 jul 2021, 14h41 - Publicado em 7 jul 2021, 14h39
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  • Jeep Renegade Moab
    Jeep Renegade foi o SUV mais vendido do país em junho, contribuindo para inédita dominância do segmento (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    A paralisação da fábrica da Chevrolet em Gravataí (RS) zerou temporariamente a produção do Onix e exemplificou a gravidade da crise de matéria-prima global. Mais do que isso, foi a brecha que faltava para os SUVs se tornarem o segmento mais vendido do Brasil pela primeira vez na história.

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    É o que apontam dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) nesta quarta-feira (7). O balanço também dá ideia do rearranjo ao qual montadoras sediadas no Brasil vêm sendo submetidas por conta da escassez, ao mesmo tempo que a vacinação contribui para a sonhada recuperação.

    Em busca de patamares pré-covid

    Polo Automotivo Fiat, em Betim (MG)
    Luta da Fiat e Jeep para não interromperem produção surtiu efeitos e amenizou tombo em geral (Divulgação/Fiat)

    Dando mais cores ao horizonte positivo de controle da pandemia, a Anfavea divulgou dados de produção da indústria automotiva, ressaltando que, em alguns casos, estamos perto dos números de 2019.

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    Até junho, 1.148.000 automóveis foram fabricados – 57% a mais que o acumulado de janeiro a junho de 2020. A produção do mesmo período em 2019 foi de 1.474.000. Desse montante, 200.100 foram destinados à exportação mas, segundo o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, não é por falta de capacidade, mas de apoio.

    “Gostaríamos que houvesse um Plano Safra para as fabricantes de carro também”, comentou.

    Roubando o trono

    Hatch fica com visual mais agradável com kit opcional
    Hatches dominam o top-10, mas ampla gama faz SUVs ganharem no volume (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Com a crise produtiva afetando principalmente o carro mais vendido do país, o Brasil teve, de maneira inédita, um semestre com mais SUVs emplacados que qualquer outro segmento. Se na primeira metade de 2015 os utilitários esportivos correspondiam a 13% do mercado, contra 48% dos hatches, o jogo virou: em 2021, 39,4% dos emplacamentos foram de SUVs, contra 39% dos compactos.

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    É claro que isso não ocorreria ainda se o Chevrolet Onix seguisse em produção, mas a tendência de termos um novo “carro popular” é cada vez mais clara. Não à toa marcas como Fiat e Volkswagen oferecerão novos SUVs compactos com versões básicas, a fim de roubar clientes de seus próprios modelos hatch.

    Demanda reprimida

    Linha da Toyota em Sorocaba foi adaptada recentemente para produzir o novo Corolla Cross
    Nem a Toyota, que definiu o modelo de produção automotivo global, escapou da crise (Divulgação/Toyota)

    Ainda sobre a crise de semicondutores, a Anfavea apresentou estudo inédito do Boston Consulting Group, que buscou mensurar o impacto das pecinhas de silício (ou a falta delas) na indústria. 

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    Com fabricantes de componentes eletrônicos ainda recuperando volume de produção e cada vez maior presença eletrônica no cotidiano, estima-se que até 162 mil carros tenham deixado de ser feitos por ausência de componentes. Só no Brasil, estima Moraes, esse número corresponde a 120 mil nos primeiros seis meses de 2021.

    Com países ricos fabricando carros mais tecnológicos, o impacto global é ainda maior e, ao fim do ano, a produção pode ser reduzida em colossais sete milhões de exemplares, só pela falta de semicondutores.

    O cenário tragicômico ainda piorou recentemente, graças às nevascas de março no Texas, onde há valorosa produção dos componentes, e o incêndio de uma outra grande planta no Japão. Em paralelo, questões como infraestrutura de 5G, reabertura de grandes escritórios e novos celulares, consoles e gadgets fazem gigantes se estapearem pelo pouco disponível.

    Os envolvidos julgam impossível a situação ser normalizada ainda em 2021; logo, a saída vem sendo fazer estoque e postergar planos ousados para 2022, quando a demanda reprimida pelo alinhamento macabro deve ser, finalmente, corrigida.

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