Quando se vai negociar um carro com bons anos de mercado, a baixa quilometragem é um diferencial na hora de precificá-lo. O que dizer, então, de um veículo que tem 30 anos de vida, mas ainda é zero-quilômetro?
É o que acontece com alguns Fiat encontrados na cidade de Avellaneda, província de Buenos Aires (Argentina).
Só que tem um agravante: diferentemente do BMW Série 7 conservado numa bolha, eles na verdade passaram quase três décadas abandonados em uma revenda abandonada e só agora ganharam um dono.
A loja em questão se chamava Ganza Sevel e era uma das mais importantes revendedoras Fiat da região até o começo dos anos 1990.
Caso o nome não lhe seja tão estranho, Sevel é uma subsidiária do grupo FCA dedicada à fabricação de automóveis, motores e componentes, que tinha uma filial na Argentina.
Sua divisão hermana foi responsável por montar e comercializar modelos de Fiat, Peugeot e Alfa Romeo no país entre 1980 e 99, além de motores.
É por isso que muitos Fiat nacionais do período usavam um propulsor 1.6 conhecido como Sevel: tal usina vinha justamente da Sevel argentina.
Mas voltemos a falar da revendedora Ganza: segundo consta, ela era uma operação relativamente grande e saudável na região até o princípio da década de 90.
Até hoje não se sabe ao certo o motivo pelo qual ela deixou de existir, mas diz-se à boca miúda que era gerida por pai e filho e ambos morreram em um intervalo muito curto de tempo. Depois disso, ninguém da família quis seguir com o negócio.
Desde então, a operação deixou de funcionar e os carros do estoque ficaram parados, juntando poeira.
As imagens divulgadas nas redes sociais mostram a presença de unidades do hatch médio Tipo, do sedã médio Tempra, dos compactos Uno e Duna (nome que o nosso Prêmio recebia no país vizinho) e até de um Peugeot 405 e de um Alfa Romeo 33 na extinta revenda.
As relíquias foram redescobertas por um dos herdeiros do galpão. Ele pretende vender o espaço e, para isso, achou melhor se livrar antes dos automóveis ali parados.
Por isso mesmo, achou que o melhor fosse vendê-los e encontrou um comprador disposto a comprá-los: a Kaskote Calcos, loja de Buenos Aires especializada em comercialização de automóveis usados.
O valor pago por cada unidade não foi divulgado, mas foi a Kaskote quem teve a iniciativa de “dar um tapa” nos veículos e tornar a história pública.
Funcionários da empresa estão responsáveis por lavar, tirar toda a camada de poeira e fazer os reparos mecânicos necessários para que os veículos, todos com menos de 100 km registrados no hodômetro, voltem a funcionar.
O que será feito com esses carros? Sua nova proprietária ainda não sabe. Você estaria disposto a comprar um carro com uma história peculiar dessas? Se sim, quanto pagaria?