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Durabilidade à prova: dirigimos um elétrico com 300.000 km rodados

Avaliamos o funcionamento do BYD eT3 depois de seis anos de uso. A autonomia reduziu de 250 km para 210 km, mas o motor elétrico mantém bom fôlego

Por Isadora Carvalho | Fotos Fernando Pires
Atualizado em 21 out 2022, 09h58 - Publicado em 20 out 2022, 19h55
BYD T3
Furgão foi usado por empresa de entregas urbanas na Grande São Paulo (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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O BYD eT3 teria motivos suficientes para virar notícia pelo fato de ter sido o primeiro furgão elétrico a ser vendido no Brasil e se destacado como o mais comercializado do segmento em junho de 2021.

Mas a unidade mostrada aqui é dona de um recorde mais digno de nota: trata-se de um furgão com quase 300.000 km rodados (290.157 km, precisamente).

Até onde se saiba, ele é o primeiro elétrico a atingir essa quilometragem em nosso país, que ainda engatinha na mobilidade elétrica.

Fabricado em 2016, o eT3 é da filial da BYD, a fabricante do carro no Brasil. Portanto, com a manutenção em dia.

Mas, ainda assim, bastante rodado em seus seis anos de uso. Como carros elétricos têm fama de dar menos manutenção, por conta do número menor de peças, resolvemos conferir seu estado de conservação.

Visualmente, sua carroceria está íntegra, mas não dá para falar o mesmo do acabamento, que apresenta sinais do tempo como riscos e peças desalinhadas.

BYD T3 1
Caçamba está íntegra, mas tem uma série de riscos e batidas que indicam o uso severo (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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BYD T3
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Sistemas como suspensão, freios e direção se mostraram em perfeito estado, como era esperado, por ser um carro mantido sob cuidados de centros de manutenção contratados pela BYD.

Afinal, na época do lançamento dessa unidade, a marca não tinha nenhuma concessionária no Brasil.

Mas e as baterias, que no fim das contas são a principal diferença do eT3 para outros comerciais com motor a combustão? A autonomia é a mesma? A resposta é não.

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Mas a redução na capacidade das baterias é esperada. E a perda, no caso do eT3, foi de 16%.

Quando novo, o furgão podia trafegar até 250 km sem recarregar, mas agora o seu alcance é de 210 km, de acordo com a fabricante (apesar de, na foto, o computador de bordo indicar 240 km).

BYD T3
Painel registra quilometragem rodada e estimativa otimista de alcance (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Isso, sempre considerando uma condição de trânsito urbano.

Essa unidade do eT3, aliás, rodou predominantemente em trânsito urbano, fazendo entregas na Grande São Paulo.

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Seus roteiros se limitavam às ruas, avenidas e estradas entre a capital e quatro cidades localizadas em seu entorno, de acordo com a BYD.

O eT3 foi alugado pela fábrica para uma empresa de entregas, em um contrato similar a uma assinatura de carro, no qual a fabricante ficou responsável pela manutenção.

Mas o veículo foi dirigido por dezenas de motoristas e em diferentes missões.

BYD T3
Aro do volante alisado pelo uso (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Segundo o engenheiro Ricardo Takahira, diretor do Instituto Brasileiro de Mobilidade Sustentável, em dez anos é esperado que haja uma redução de 20% da capacidade e consequentemente da autonomia.

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“O efeito memória de baterias não existe, mas sim o desgaste natural do conjunto”, afirma.

Questionado sobre a redução da capacidade das baterias de fosfato de ferro usadas pelo BYD eT3, Takahira explica que essa diminuição de 16% após seis anos de uso está dentro da expectativa.

BYD t3
Há sinais de desgaste nos comandos do rádio e do volante. (Fernando Pires/Quatro Rodas)
BYD T3
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

O especialista em veículos elétricos ainda explica que baterias, em sua maioria, têm 3.000 ciclos de vida útil – cada ciclo representa uma recarga.

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Portanto, se considerarmos que o elétrico recarrega todos os dias, a durabilidade do conjunto é de dez anos.

“Não é uma surpresa um veículo elétrico chegar a 300.000 km, pois temos ônibus elétricos centenários no país.

Motores elétricos têm um funcionamento ilimitado caso as trocas de partes mecânicas sejam feitas, portanto a vida útil dos elétricos é superior à dos modelos equipados com motores a combustão”, conclui Takahira.

Mesmo tendo um desgaste dentro do esperado, a BYD optou por trocar o conjunto de baterias do furgão na linha 2022.

Os novos modelos saem de fábrica com as novas baterias Blade, de fosfato de ferro-lítio, as mesmas que equipam os mais recentes lançamentos da marca, como o sedã Han.

BYD T3
Baterias são de fostato de ferro (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A bateria anterior tinha até uma capacidade maior – de 50,3 kWh, enquanto a atual tem 44,9 kWh. Mas, graças a outras melhorias, o novo BYD eT3 ganhou mais autonomia (passando de 250 km para 300 km) e capacidade de carga (de 718 kg para 808 kg).

Outra vantagem das novas baterias é a possibilidade de carregamento em estações de recarga rápida DC, de até 150 kWh, permitindo completar a carga em 1 hora.

Antes só era possível realizar cargas lentas, em carregadores AC de até 7 kWh, o que levava 7,2 horas para recarga total.

Em relação ao motor, o do eT3 2016 mantém seu fôlego original, pelo que vimos.

Mas, na linha 2022, esse componente também trouxe novidades, com um acréscimo de 19 cv, pulando de 116 para 135 cv.

De 2016 para cá, o BYD eT3 ganhou rivais em nosso mercado, como o compacto Renault Kangoo elétrico e, mais recentemente, os maiores Citroën Ë-Jumpy e o Fiat e-Scudo.

Principais ocorrências

1 – Colisão de pequeno porte, sendo necessária a substituição da porta corrediça lateral.
2 – Troca dos pneus pelo fim da vida útil.
3 – Substituição das pastilhas e discos de freio.
4- Troca de itens de acabamento desgastados.
5 – Substituição de lâmpadas dos faróis.
* A BYD não informou em que quilometragens os serviços de manutenção aconteceram.

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