A morte de Sergio Marchionne encerra um capítulo importante na história das marcas do grupo FCA e da Ferrari.
O executivo transformou a Fiat em uma empresa lucrativa, deu novo fôlego à Alfa Romeo e reestruturou as norte-americanas Dodge, Chrysler e Jeep.
Aqui relembramos alguns carros marcantes criados durante os 14 anos de Marchionne no comando das marcas.
Maserati Levante
Quem achou que o lançamento do Ghibli, um sedã menor e mais barato que o Quatroportte, havia sido ousado se surpreendeu com o Levante.
É o primeiro – e ainda o único – SUV da marca. O design é bastante fiel aos demais carros da marca, tanto por fora como por dentro.
A cereja do bolo é o motor: seu V6 3.0 biturbo com até 436 cavalos – capaz de levá-lo aos 100 km/h em 5,2 segundos – é fabricado pela Ferrari.
Dodge Challenger Hellcat Demon
Uma verdade: o Dodge Challenger foi lançado há 10 anos – feito sobre uma plataforma lançada há 13 anos. É um carro antigo, mas que conseguiu se manter em alta com versões ainda mais poderosas.
Enquanto o Challenger SRT normal tem um motor V8 de 6,4 litros que produz 482 cv, o V8 Hellcat de 6,2 litros com compressor mecânico saltou para espetaculares 717 cv.
Depois veio o Challenger Demon, com com 851 cavalos quando com gasolina de alta octanagem. Ainda tem sistemas e pneus exclusivos para uso em arrancadas.
Em vez de cair no ostracismo, o Challenger continuou em alta.
Fiat 500
Se o Fiat 500 original foi o carro que ajudou a Itália a se reconstruir após a Segunda Guerra Mundial, por ser o carro que a população conseguia comprar, sua nova geração fez a fabricante italiana se destacar em mercados onde era inexpressiva.
Pequeno, simpático e estiloso, o Fiat 500 faz sucesso até hoje na Europa.
Tanto que deu origem a uma gama de produtos, como o SUV 500X e o monovolume 500L, isso sem falar na versão conversível e no esportivo Abarth.
Alfa Romeo Stelvio
Quem também apelou para os SUVs no mandato de Segio Marchionne foi a Alfa Romeo.
O Stelvio é seu primeiro SUV e fez muito bem o trabalho de casa: de longe você reconhece que ele é um Alfa Romeo.
Ele colocou a marca italiana em um segmento importante, explorado por Porsche Macan, BMW X3 e Mercedes GLC.
Mas sua pegada é outra. A direção, por exemplo, é muito mais direta e a suspensão foi acertada para devorar curvas.
Ainda ganhou versão esportiva Quadrifoglio. Tem motor 2.9 biturbo fabricado pela Ferrari de 510 cv e distribuição de peso entre os eixos 50/50.
Ferrari LaFerrari
Apresentada em 2013, a LaFerrari pertence à mesma linhagem de F40, F50 e Enzo, os superesportivos da Ferrari. Contudo, é a primeira híbrida.
Ela mescla um motor 6.3 V12 aspirado com um motor elétrico o que lhe permite maior rendimento e menor emissão de poluentes em relação às suas antecessoras – e que entrega um total de 963 cavalos e 91,6 mkgf.
Sua produção é limitada a 499 carros, embora mais de 1.000 pessoas manifestaram interesse em comprar uma LaFerrari apenas alguns dias depois de sua estreia.
Jeep Renegade e Compass
Essa dupla de SUVs ajudou a Jeep a expandir suas vendas fora do mercado norte-americano.
O Jeep Renegade, por exemplo, divide com o Fiat 500X a fábrica de Melfi, na Itália, de onde é enviado para toda a Europa e América do Norte.
Tanto o Renegade como o Compass também são fabricados na China e no Brasil, onde a Jeep teve crescimento em números de venda nunca antes visto.
Os dois surfam na moda dos SUVs e ajudaram a Jeep a passar de marca de nicho a uma marca representativa.
Dodge Viper
Uma das primeiras decisões de Marchionne ao assumir o controle do Grupo Chrysler foi determinar o fim do Viper. Era um carro bruto, sem eletrônica ou segurança em 2010.
Mas não era – ainda – o fim deste esportivo tão marcante. A Ferrari ficou encarregada de melhorias técnicas e mecânicas no modelo.
A principal delas foi a instalação de um controle de estabilidade.
Atualizado, o Viper retornou ao mercado em 2012 sem perder o enorme motor Pushrod V10 8.4L aspirado – que um dia foi usado em caminhões – com pujantes 654 cv e 83 mkgf de torque, sempre com câmbio manual Tremec de seis marchas.
Mas não vingou. E as vendas não justificariam o enorme investimento para a instalação de airbags laterais, obrigatórios nos carros vendidos nos Estados Unidos desde o início deste ano.
Por isso, sua produção foi encerrada em 31 de agosto de 2017.
Alfa Romeo Giulia Quadrifoglio
Com o objetivo de relançar a Alfa Romeo mundialmente, o Giulia reúne características que fizeram da marca uma lenda entre os fãs.
Seu nome traz de volta à cena o lendário Giulia fabricado entre 1962 e 1978.
Seu design transpira emoção, com linhas e volumes de grande expressividade e o característico Cuore Sportivo na grade frontal.
A posição de dirigir é verdadeiramente esportiva. O motorista viaja com as pernas paralelas ao solo, e o volante em posição vertical alinha à frente.
Há fibra de carbono no centro do painel, no console e no volante.
O motor é o mesmo V6 2,9 de origem Ferrari do Stelvio Quadrifoglio, que desenvolve 510 cavalos.
Jeep Wrangler
Renegade e Compass foram acertos, mas a FCA não podia errar na nova geração do Wrangler, que tem uma enorme legião de fãs.
E não errou. Apesar das enormes evoluções técnicas, a nova geração do Wrangler se manteve fiel ao espírito do modelo.
Ainda tem portas, vidros, para-brisa e tetos removíveis, mas está quase 100 kg mais leve.
Alinhado com os tempos atuais, ele já está preparado para receber mecânica híbrida.
Fiat 124 Spider
O Fiat 124 Spider é um Mazda Miata? É. Mas a receita é perfeita: tração traseira, 2,3 metros de distância entre-eixos, suspensão do tipo duplo A na dianteira e multilink na traseira e carroceria 100% nova, com diversas referências do 124 Spider original, de 1966.
Debaixo do capô, sai de cena o motor 2.0 aspirado do MX-5 e entra o MultiAir 1.4 turbinado do 500 Abarth.
Com 162 cavalos e 25,4 mkgf, ele é mais potente e tem mais torque que a motorização japonesa (157 cavalos e 20,4 mkgf).
O motor turbo dá outra pegada ao carro, que acelera de 0 a 100 km/h em 6,9 segundos e chega à máxima de 214 km/h. Isso, sem ter precisado desenvolver o carro do zero.