De FNM e Cometa ao primeiro BRT: as joias de um encontro de ônibus antigos
Exposição de ônibus conta a história do transporte no país e atrai fãs de todas as idades em Curitiba (PR)
Tirando os perrengues que as pessoas enfrentam em ônibus lotados, é difícil encontrar algum passageiro sem pelo menos uma boa recordação a bordo desses veículos.
Seja ela uma memória de infância, seja um momento marcante da vida adulta e em deslocamentos na cidade ou em viagens longas.
Isso é o que explica o sucesso da Exponi (Exposição de Ônibus Novos e Antigos), que ocorre há 18 anos, em Curitiba (PR), e este ano recebeu a visita de 4.500 pessoas no único dia de sua realização, em maio, segundo os organizadores.
Este ano, a Exponi chegou à décima edição, reunindo 170 veículos de empresas de transporte e também de colecionadores de diferentes partes do Brasil.
Além dos últimos lançamentos do segmento, como o Marcopolo Paradiso G8 e o Caio Apache Vip V, foram mostrados vários modelos antigos de diferentes épocas, que contaram a história do transporte de passageiros no Brasil.
A principal atração foi o Volvo B58 1992, o primeiro modelo biarticulado fabricado no país. Segundo Osvaldo Born, um dos responsáveis pelo evento, o veículo exposto foi o único que restou da frota de 30 fabricados na época, a pedido da prefeitura de Curitiba.
“Depois de servir ao transporte, ele ficou encostado por 15 anos e levou cinco anos para ser restaurado”, diz Eduardo Tows, um dos responsáveis pelo veículo.
O Volvo articulado tem chassi e motor Volvo a diesel, de seis cilindros e 10 litros, e carroceria Ciferal, de alumínio.
Com seus 25 metros de comprimento, ele acomoda até 254 passageiros, em suas três composições, com duas inovações para a época: degraus rebaixados e rampas de acesso para cadeirantes.
Outra atração que chamou atenção foi o primeiro ônibus a circular em corredor segregado em Curitiba, o Marcopolo Veneza Expresso, que introduziu o conceito BRT (Bus Rapid Transit), no Brasil.
O Veneza surgiu em 1974, equipado com chassi Cummins e motor V8 de 205 cv. Tinha carroceria de fibra de vidro, com ampla área envidraçada e, por dentro, seus bancos eram instalados longitudinalmente nas laterais da cabine, ampliando o espaço para as pessoas viajarem em pé. A lotação era de 90 passageiros.
Entre os ônibus para longas viagens, os visitantes puderam ver ícones das estradas e das rodoviárias do país como o Cometa Flecha Azul (1983, com suspensão a ar), o Expresso Brasileiro Magnata (1984, ônibus leito, com somente 28 assentos com apoio para as pernas) e o Itapemirim Tribus 3 (1989, produzido pela própria Itapemirim, com motor Mercedes, três eixos e design diferenciado).
Mas havia ainda pelo menos mais três raridades imperdíveis e que roubaram a cena no espaço onde estavam estacionados. Uma é o FNM 1970, com motor diesel de seis cilindros em linha, 11 litros e carroceria Diplomata, da Nielson.
Outro, um Scania Vabis 1974, também com carroceria Nielson. E o terceiro, talvez o mais raro dos três, um Mercedes com carroceria cheia de detalhes feita pela Elizario, empresa de Porto Alegre (RS) que não existe mais.
Fabricado em 1966, esse modelo foi batizado de Bi-Campeão, em homenagem à Seleção Brasileira, vencedora dos mundiais de 1958 e 1962.
Sobrou pouco espaço no pátio da Viação Redentor, no bairro CIC, na região industrial de Curitiba, mas, para 2023, os organizadores esperam reunir ainda mais carros e público, para bater o recorde deste ano.