Como no passado, carros seminovos estão custando mais que os zero-km
Parece impossível, mas esta não é a primeira vez que um usado vale mais que um novo no Brasil
O mercado brasileiro está na contramão do consenso de que automóveis são bens passivos e sujeitos à desvalorização. A atual situação do setor automotivo no país gera hoje um fenômeno esperado, mas nem por isso menos inusitado: seminovos com preços maiores que modelos zero-km.
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Um levantamento da KBB Brasil apontou que, dos dez carros mais vendidos em fevereiro, metade apresenta média de variação positiva para seminovos. O grande destaque vai para os modelos Fiat Strada (3,37%), Volkswagen T-Cross (2,87%) e Chevrolet Onix Plus (2,43%).
Como anunciado anteriormente, o fenômeno é relativamente simples de compreender e segue um dos conceitos mais antigos e disseminados no mercado financeiro: a lei da oferta e da procura.
Falta de insumos, queda no volume produzido, filas de espera nas lojas em alguns casos e até o reposicionamento de modelos, com a redução de equipamentos, fazem com que a oferta de seminovos se valorize.
Só no mês de abril, sete fabricantes anunciaram a paralisação total ou parcial de suas produções, motivadas pela falta de peças e pelas novas medidas restritivas. Dentre elas, Fiat, Toyota, Volkswagen, Chevrolet e Renault. Aliada aos ínfimos estoques, que no começo do mês contemplam apenas 18 dias de vendas, cria-se um ambiente perfeito para o mercado paralelo de usados.
Um dos segmentos que mais chamaram a atenção foi o das picapes (de todos os tamanhos). Dos 11 modelos analisados pela KBB, sete possuem variação positiva dos preços, que podem chegar aos 3,51% (Strada).
O movimento chama a atenção por historicamente o público desses produtos se posicionar em um setor menos afetado pela crise (agronegócio). Mesmo com os altos preços, a demanda continua muito grande. Com a taxa Selic cravada nos 2,75% ao ano, é uma boa ideia dar uma olhada na garagem em busca de um investimento mais rentável.
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