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Chevrolet Vega, a estrela apagada

Projetado em tempo recorde, acabou vítima de uma disputa interna que quase destruiu a reputação da GM

Por Felipe Bitu
Atualizado em 23 nov 2016, 17h19 - Publicado em 4 fev 2014, 17h07
Chevrolet Vega
Versão hatch lembrava o Chevy Camaro da época ()

O fim da década de 60 não foi fácil para a General Motors: com o Chevrolet Corvair aniquilado por uma campanha do advogado Ralph Nader, alegando que ele era inseguro, os importados avançavam nesse território. A gigante deu uma resposta à altura em 1970, quando apresentou seu novo carro compacto: o Vega, estrela mais brilhante da constelação de Lira.

Projetado em 24 meses, ele era barato, prático e bonito: as duas portas combinavam com solteiros e famílias jovens. Havia sedã, perua, van comercial e hatch. Mesmo mais caro que Ford Pinto e Toyota Corolla, agradou a ponto de levar o título de Carro do Ano de 1971. Mas os problemas logo surgiram: a corrosão precoce era reflexo do corte de custos, que eliminou até o revestimento nas caixas de roda. Outras falhas de projeto apareceram, evidenciando problemas internos da GM: o Vega foi vítima de uma disputa política que selou seu destino.

Como era um projeto pessoal de Edward Cole, presidente da GM, o Vega foi empurrado goela abaixo na Chevrolet. Essa quebra de autonomia da divisão soou como crítica. Desmotivados, os engenheiros da casa não se interessaram por ele. Para piorar, John DeLorean assumiu o comando da Chevrolet durante o desenvolvimento: para cumprir o cronograma, acelerou a produção e provocou a ira dos sindicalistas. O desinteresse agora vinha dos operários, que sabotavam a montagem de vários componentes. Mesmo zero-quilômetro, o Vega às vezes desmanchava em poucos meses.

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Chevrolet Vega
Design esportivo fez sucesso do Vega nos anos 70 ()

O motor era uma catástrofe: um quatro cilindros com bloco de alumínio e silício, caro e sensível ao superaquecimento. Para barateá-lo, DeLorean especificou outra receita desastrosa: um radiador subdimensionado e um cabeçote de ferro fundido. O bloco empenava e os cilindros se desgastavam.

A GM perdeu milhões em consertos na garantia, mas vendeu muito: para aliviar a fábrica de Ohio, parte da produção passou a vir do Canadá. O recorde de vendas se deu em 1974, quando 452886 foram vendidos como pão quente: um deles é essa versão GT, que pertence ao Clube do Carro Antigo do Brasil.

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Em 1975, o Vega passou a conviver com o sucessor Monza, com quem dividia a plataforma e o problemático motor: as vendas começaram a cair até ser reprojetado em 1976. O novo motor 2.3 tinha garantia de cinco anos ou 96 000 km, mas era tarde: uma parte dos quase 2 milhões de proprietários jurou nunca mais colocar um Chevrolet em suas garagens e muitos migraram definitivamente para a concorrência japonesa.A estrela de Vega se apagou em 1977, escurecendo o céu da GM.

propaganda - Chevrolet Vega
Propaganda de época do Chevrolet Vega GT ()

DESMANCHE

Casos de Vega que desmanchavam eram tão comuns que um protótipo rodou 13 km antes de se desintegrar no primeiro teste. o projeto representou um triste fim para a gloriosa carreira do presidente Ed Cole, que deixou a GM em 1974 para comandar o fabricante de táxis Checker.

FICHA TÉCNICA
Motor 4 cilindros em linha de 2,3 litros
Potência 85 cv a 4800 rpm
Torque 16,8 mkgf a 2400 rpm
Câmbio manual de 4 velocidades
Dimensões comprimento, 445 cm; largura, 166 cm; altura, 127 cm; entre-eixos, 246 cm
Peso 1175 kg
0 a 100 km/h 12,3 segundos
Velocidade máxima 170 km/h
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