Carro mais exclusivo e caro da Mercedes não é produzido na Alemanha
Mercedes-AMG One tem preço equivalente a quase R$ 16 milhões e é desenvolvido em Coventry, na Inglaterra
Hiperesportivo com motor de Fórmula 1 homologado para as ruas, o Mercedes-AMG One é o carro mais exclusivo e mais caro da montadora alemã e seu desenvolvimento foi de sonho a pesadelo, tamanha a complexidade. Mas apesar de ser tão especial, ele não é fabricado no país de origem da marca.
O bólido de 1.063 cv vendido por até 3 milhões de euros — algo em torno de R$ 15,8 milhões — começou a ser produzido nesta semana na planta de Coventry, na Inglaterra.
A Mercedes divulgou novas imagens da produção do modelo, que é artesanal. O ponto de partida é o desenvolvimento do monocoque de fibra de carbono; em seguida, há um meticuloso manuseio de montagem dos painéis para garantir que tudo se encaixa perfeitamente. As partes exteriores são desmontadas para que sejam pintadas à mão e só, então, voltam a ser acoplados à carroceria.
Cada unidade passa por testes em dinamômetros e por uma câmera que simula chuva. O processo é fundamental para que sejam feitos análises estéticas e também de funções importantes do carro.
O AMG One ganhou vida com cerca de cinco anos de atraso. Ele foi idealizado para celebrar o cinquentenário da AMG, mas acabou chegando para o aniversário de 55 anos. Embora tenha know-how de quem ostenta oito títulos na F1 desde 2014, o processo de adaptar um legítimo carro de corrida para o trânsito não foi tão simples.
“O Mercedes-AMG One é o projeto mais ambicioso que já realizamos — do desenvolvimento à produção”, ressaltou o presidente do conselho de administração da Mercedes-AMG, Philipp Schiemer, sobre o esportivo que terá 275 unidades e donos como Nico Rosberg (Lewis Hamilton é outro provável privilegiado).
Em entrevista à QUATRO RODAS em junho deste ano, o executivo destacou que o projeto “foi simultaneamente uma maldição e uma bênção”. Isso porque a fabricante precisou quebrar a cabeça para conseguir cumprir as regulamentações de emissão de poluentes mais rígidas, previstas pelo regime Euro 6.
Fora isso, o time da Mercedes-AMG também teve que pensar em soluções para que o esportivo fosse compatível com vias públicas ou estacionamentos de supermercados e ainda a adaptação à gasolina de alta octanagem, muitas vezes repletas de aditivos, em vez de um combustível mais adequado às corridas.
Cinco motores
Todo esse cuidado é compreensível quando pensamos que o One é equipado com um conjunto de motores derivados daquele flecha de prata guiado por Lewis Hamilton. Um motor 1.6 V6 trabalha em parceria com quatro propulsores elétricos. Eles ficam dispostos no turbocompressor, virabrequim, além de cada um dos eixos.
Já o coração térmico, de 574 cv, tem um posicionamento central-traseiro e pode trabalhar em até 11.000 rpm. O conjunto total de 1.063 cv permite com que o carro dispare até 352 km/h (limitados eletronicamente), sendo que os primeiros 100 km/h são alcançados em 2,9 segundos, a partir da inércia. Já os 200 km/h são realidade em 7s.
O powertrain passa por testes rigorosos nas estações de testes de alta performance da AMG em Brixworth, ainda na Inglaterra. Esse é o mesmo local que desenvolve os motores dos carros da F1.
Só depois de tudo pronto é que os veículos são transportados para a Alemanha. Eles passam pela matriz da Mercedes-AMG em Affalterbach, para então serem entregues aos compradores.