Caminhoneiros que não reconhecem o resultado da eleição presidencial, que teve Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como vencedor, bloqueiam estradas em todo o Brasil em protesto desde a noite deste domingo (30). A PRF (Polícia Rodoviária Federal) confirmou terem sido registrados bloqueios ou aglomerações em vias de 13 estados.
No Rio de Janeiro, bloqueios na rodovia Presidente Dutra fizeram com que Stellantis e Volkswagen interrompessem a produção de veículos nesta segunda-feira (31).
O bloqueio é em Barra Mansa, no sul fluminense, e teve início antes da 1h, de acordo com a concessionária CCR RioSP. Às 10h13, a manifestação ainda interrompia os dois sentidos da via na altura do km 281, com registro de congestionamento de dez quilômetros no sentido São Paulo e de 18 quilômetros no sentido Rio de Janeiro.
Devido a esses bloqueios da rodovia mais importante do Brasil, fábricas localizadas na região foram impactadas.
A Stellantis informou em nota que suspendeu a produção na manhã de hoje (31) no polo automotivo de Porto Real (RJ) em decorrência das manifestações que interromperam o tráfego na rodovia que dá acesso ao complexo industrial, impedindo a chegada de colaboradores, peças e componentes à planta. A empresa informou ainda que monitora a situação e está pronta para retomar as atividades quando as condições logísticas permitirem.
A fábrica, que fica perto da via Dutra, na região de Resende (RJ), produz motores e os Citroën C3 e C4 Cactus, e o Peugeot 2008.
Outra fabricante que confirmou a interrupção foi a Volkswagen Caminhões e Ônibus. “A VWCO encerrou às 13h a produção de hoje na fábrica de Resende (RJ) devido ao bloqueio no tráfego da Rodovia Presidente Dutra, que impediu a chegada de parte dos colaboradores para o expediente. A empresa ainda avalia a situação em curso”, disse a empresa em nota.
Quatro Rodas procurou a Nissan, que fabrica o SUV Kicks e motores em Resende (RJ). De acordo com a empresa, a fábrica opera normalmente nesta segunda-feira.
Lideranças pedem o fim dos bloqueios
Caminhoneiro autônomo e diretor da CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística), Carlos Alberto Litti Dahmer, em entrevista a Folha de São Paulo, disse que a manifestação dos motoristas é antidemocrática e não defende os interesses da categoria.
Já o presidente da ANTB (Associação Nacional de Transportes do Brasil), José Roberto Stringasci afirmou que as ações que culminaram nos bloqueios das rodovias não foram organizadas por entidades que representam os caminhoneiros. Segundo ele, a ação é organizada por pessoas que não participam da categoria e que estão obrigando os caminhões a pararem na pista.