Mini One tem charme e status premium a preço de Kwid
O mais acessível dos Mini não economiza charme, estilo e dirigibilidade. Mas sua manutenção não é das mais baratas
A febre retrô varreu o mercado nacional na última década, ocasião em que os fabricantes pediam o quanto queriam em modelos que trocaram quatro portas e um bom porta-malas por uma boa dose de estilo e exclusividade.
Um dos modelos de maior sucesso foi o Mini One, que já pode ser encontrado usado por menos de R$ 40.000.
Lançado em 2011, o One trazia os principais elementos de todos os Mini: carisma e status. Só os mais atentos reparam que suas rodas são menores, com aro de 15 polegadas e pneus 175/65, que colaboram para melhorar o conforto a bordo.
O que não dá para esconder é a falta de fôlego do motor 1.6, recalibrado para render 15,6 kgfm de torque e 98 cv de potência, rendimento apenas aceitável para impulsionar seus 1.070 kg.
A direção direta e as suspensões bem acertadas acentuam ainda mais a necessidade de usar o excelente câmbio manual de seis velocidades para ir de 0 a 100 km/h em 11,8 segundos e chegar à máxima de 186 km/h.
Se o objetivo for apenas desfilar sem pressa, o melhor é optar pela versão com câmbio automático, com seis marchas. A funcionalidade também fica em segundo plano no interior, que repete a mesma ousadia das linhas externas.
Destaque para o mostrador central com velocímetro analógico e outras informações (de difícil leitura). Mas há outro velocímetro (este, digital) inserido no conta-giros, convenientemente posicionado na parte superior da coluna de direção.
O corte de custos (esta é uma versão de entrada) fica evidente pela ausência do couro: os bancos são revestidos de tecido e o volante de plástico perdeu os controles do piloto automático e do sistema de som.
O nível de equipamentos é adequado à sua proposta, com seis airbags, ESP, computador de bordo e CD player com entradas auxiliares.
Apenas não se esqueça que se trata de um modelo voltado para solteiros ou casais sem filhos: o One traz sistema Isofix para cadeirinhas, mas o porta-malas de 160 litros é insuficiente para a bagagem de uma pequena família. O espaço no banco traseiro é sofrível para dois adultos, limitando seu uso a percursos curtos.
Apesar da mecânica simples, a manutenção do One não é das mais baratas: a disposição dos componentes mecânicos complica a vida dos reparadores e o valor das peças de reposição assusta os pouco habituados com importadores independentes.
O perfil tranquilo de seus proprietários ajuda, mas ainda assim é preciso cuidado com a exceção à regra: unidades que tiveram o motor reprogramado para entregar mais potência.
Onde o bicho pega
Cabeçote: ruído metálico na partida a frio indica problemas na tensão da corrente que aciona os comandos de válvulas. Costuma ser sanado com a troca do pistão hidráulico do tensionador, mas em casos mais graves é preciso trocar o conjunto completo – com engrenagens, polia variável e corrente.
Sistema de freios: verifique se os sensores das pastilhas não foram desligados. Pastilhas gastas (e discos empenados) comprometem o funcionamento do controle de estabilidade.
Sistema de arrefecimento: é o ponto mais delicado, pois todo o conjunto de radiador, condensador e eletroventilador se apoia em peças de plástico vulneráveis a batidas na dianteira. Aproveite a ocasião para identificar possíveis vazamentos na bomba d´água e no termostato.
Câmbio automático: apesar de robusta, a caixa pode apresentar funcionamento irregular, com trancos ou retenções desnecessárias. Vale a pena providenciar a substituição do fluido de transmissão (que pode danificar o câmbio devido ao superaquecimento) e do respectivo filtro.
Acabamento interno: analise o estado dos plásticos espalhados pelo interior, especialmente as laterais do banco traseiro: algumas peças são difíceis de encontrar, custam caro e quando danificadas aumentam muito o nível de ruído interno.
A voz do dono
Nome: Amanda Ferreira
Idade: 37 anos
Profissão: advogada
Cidade: São Paulo (SP)
O que eu adoro: “Ele é muito fofo, um carro com personalidade diferente de todos os outros e que envelheceu bem, pois ainda chama muita atenção por onde passa. Nunca deu nenhum problema e é bem econômico.”
O que eu odeio: “Ele é fraquinho, sim. O motor sente quando ligo o ar-condicionado na cidade e falta força na estrada. O porta-malas parece mais um porta-luvas: os bancos traseiros servem apenas como extensão dele.”
Preço médio dos usados
Modelo | 2011 | 2012 | 2013 |
Mini Cooper One Manual | R$ 38.004 | R$ 41.579 | R$ 47.539 |
Mini Cooper One Automático | – | R$ 44.158 | R$ 50.578 |
*valores calculados pela KBB Brasil para a compra pelo particular
Preço das peças
Peças | Original | Paralelo |
Para-choque dianteiro | R$ 3.448 | R$ 2.200 |
Farol (cada lado) | R$ 3.573 | R$ 1.300 |
Pastilhas de freio (jogo dianteiro) | R$ 1.153 | R$ 2.560 |
Disco de freio (par) | R$ 1.680 | R$ 720 |
Amortecedores (o jogo) | R$ 5.448 | R$ 3.800 |
Nós dissemos
Agosto de 2011: “O motor do Mini One entrega 98 cv (22 a menos). Na pista isso representa quase 2 segundos: ele levou 11,8 s na prova de 0 a 100 km/h, enquanto o Cooper que testamos em 2009, com o motor de 120 cv, levou 10 s (…). Ao menos o câmbio de engates curtos e precisos faz a tarefa ser bastante agradável.”
Pense também em um…
Audi A1
É bem mais esperto graças ao motor 1.4 com turbo e injeção direta, que garante desempenho superior e baixo consumo. Por não estar comprometido com a filosofia retrô, ele tem um interior mais simples e funcional. Apresenta a mesma limitação de espaço interno, mas leva vantagem no porta-malas de 270 l.