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‘Tesla chinesa’ se une à BYD para criar marca de carros elétricos baratos

Parceria entre Nio e BYD dará origem a duas novas marcas, com três novos nomes e mais elementos à complexa indústria chinesa de carros elétricos

Por Eduardo Passos
10 Maio 2024, 07h00
Onvo L60 é novo SUV cupê feito pela Nio com baterias da BYD; na China, ele será vendido pela Lendao. Anotou?
Onvo L60 é novo SUV cupê feito pela Nio com baterias da BYD; na China, ele será vendido pela Lendao. Anotou? (X/Reprodução)
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Se o primeiro reinado dos carros elétricos foi exercido pela Tesla, o sucesso global e repentino da BYD naturalmente colocou a marca chinesa como a grande oponente de Elon Musk daqui em diante. Mas as duas têm propostas diferentes, e, por muito tempo, foi a Nio quem os analistas chamavam de “Tesla chinesa”, dados os seus avanços tecnológicos.

Trunfo da Nio está nas estações que, de modo 100% automático, trocam a bateria do carro por outra, cheia, em menos de 5 minutos
Trunfo da Nio está nas estações que, de modo 100% automático, trocam a bateria do carro por outra, cheia, em menos de 5 minutos (Divulgação/Nio)

Acontece que, no pós-pandemia, as vendas da Nio não emplacaram, e seus recursos de automação veicular e conectividade, dentre outros, foram equiparados pela concorrência. No fim, o único ponto de liderança indiscutível da marca ficou sendo as estações de troca de baterias (veja mais abaixo).

Para buscar um ‘fato novo’, a Nio revelou que será parceira da BYD na criação de duas novas marcas de carros elétricos, com preços mais baixos. Mas atenção: haverá três nomes, sendo dois que, para variar, soam curiosos aos brasileiros: Onvo e Lendao, completados pela Firefly.

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nio
Tração exclusivamente integral e uso de lidar contribuem para preço elevado dos Nio (Divulgação/Quatro Rodas)

Como é que é?

São mais fabricantes chinesas com nomes estranhos em uma lista comprida, realçando a diferença do português para um idioma cuja lógica é bem diferente. Mas a ideia é vender esses carros em mercados como a Europa, e o marketing têm explicações para o batismo – ainda que ele só reforce o distanciamento cultural.

Flagra do Firefly EV, feito pela Nio com baterias da BYD (3)
Firefly EV será bem mais modesto em suas especificações (X/Reprodução)

A Onvo será chamada assim no Ocidente, tendo seu nome derivado de “on voyage”, que pode ser traduzido do francês como “viajamos”. Já Lendao será o nome na China, significando algo como “caminho para a felicidade” no idioma local. A Firefly também tem mira no lado de cá do planeta, e será ainda mais acessível.

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L60 parece o Fiat Fastback, mas é um SUV médio, elétrico e futuro rival do Tesla Model Y
L60 parece o Fiat Fastback, mas é um SUV médio, elétrico e futuro rival do Tesla Model Y (X/Reprodução)

É o objetivo de competir com os Tesla Model 3 e Model Y, que atualmente saem por cerca de 245.000 yuan em versões básicas (equivalente a R$ 175.000) no maior mercado do mundo. O sedã ET5, carro de entrada da Nio, custa 228.000 yuan (R$ 163.000), mas não faz sucesso. Já o SUV mais barato da fabricante, o ES6, parte de 338.000 yuan (R$ 241.000).

Firefly EV poderá explorar segmento de carros para uso totalmente urbano, em ascensão na Europa
Firefly EV poderá explorar segmento de carros para uso totalmente urbano, em ascensão na Europa (X/Reprodução)

A missão começará com o Firefly EV, um SUV compacto que ‘absorve’ o nome da marca e já roda camuflados em testes. Na Europa, a expectativa é que ele custe menos de 30.000 euros, com futuros modelos sendo especulados na faixa de 14.000 euros (valor atraente para carros elétricos de uso urbano, como o novo Citroën e-C3 e até o Ami e seu gêmeo Fiat Topolino). A estreia do Firefly EV está prevista para o ano que vem.

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Já a rivalidade com a Tesla começa a ganhar forma com o Onvo L60, um SUV cupê que foi flagrado sem camuflagem alguma e deve ser vendido já em 2024. Aos brasileiros, é natural lembrar do Fiat Fastback, mas o novo elétrico é um SUV médio que, espera-se, ganhará do Model Y em termos de autonomia, performance e, claro, preço: a aposta é de versões básicas custando menos de 28.000 euros, ao passo que o Y sai por 45.000 euros, no mínimo.

Em julho de 2023, a fábrica da Tesla na China produziu sua milionésima unidade do Model Y. Mas a concorrência local vem roubando bastante clientela da norte-americana
Em julho de 2023, a fábrica da Tesla na China produziu sua milionésima unidade do Model Y. Mas a concorrência local vem roubando bastante clientela da norte-americana (Divulgação/Tesla)

E a BYD?

Em meio a tantos dados, a participação da BYD na empreitada da Nio pode acabar ficando em segundo plano, mas o acordo é estratégico para ambas no segmento de baterias.

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De um lado, a BYD fornecerá células de energia para a nova marca a partir de tecnologias que a fabricante do Dolphin domina como poucos. Detalhes não foram revelados, mas uma aposta lógica é a bateria de sódio, cujo preço fica ainda mais competitivo dado o fato da BYD trocar abrir mão de fornecedores externos em troca dela mesma cuidar do máximo de etapas possível na cadeia de produção.

BYD Dolphin Mini
BYD Dolphin Mini básico tem baterias de sódio na China (e elas podem chegar ao Brasil em breve) (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A Nio, por outro lado, vem, a cada dia mais, apostando na sua tecnologia de substituição de baterias: são plataformas semelhantes a um lava-rápido, mas que, em questão de minutos, conseguem remover a bateria de um carro e substituir por outra, completamente carregada.

Entre as vantagens disso, há, claro, a praticidade de “abastecer” o carro em 5 minutos, aproximadamente. Também há ganho de escala na produção de eletricidade, com uso de amplas usinas de energia solar ou tarifas diferenciadas, que cobram menos pela energia obtida em momentos de pouca demanda, como as madrugadas.

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Troca de baterias dos Nio já é mais usada que a recarga convencional. São mais de 2.500 estações na China e 50 na Europa (com muitas outras a caminho)
Troca de baterias dos Nio já é mais usada que a recarga convencional. São mais de 2.500 estações na China e 50 na Europa (com muitas outras a caminho) (Divulgação/Nio)

Como as baterias pertencem à Nio, o consumidor chega a pagar 40% no carro, desde que use o sistema de troca e pague assinatura mensal que gira em torno de R$ 1.000 e permite uso à vontade. Nessa lógica, a Onvo teria farta vantagem numa eventual expansão europeia, podendo comercializar o L60 até mesmo na casa dos 20.000 euros. Não à toa, a meta é vender 20.000 unidades do SUV cupê por mês.

Caso a Onvo emplaque, a BYD ganharia mais dinheiro como fornecedora. Por outro lado, a Nio teria mais chances de também emplacar sua tecnologia, cujas mais de 2.500 estações na China e 50 na Europa já realizaram mais de 40.000 milhões de trocas. Carros de outras marcas, porém, são incompatíveis, e vêm Nio buscando acordos de padronização para lucrar com o serviço (ao menos para compensar a eventual persistência de vendas fracas).

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