“O carro elétrico de luxo de maior alcance e recarga mais rápida do mundo. Com potência incrível e autonomia sem igual de 832 km por carga, é algo como jamais visto em um carro. Tudo entregue em elegante e eficiente design — inspirado pela Califórnia”.
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Apesar do parágrafo acima corresponder à apresentação que a fabricante americana Lucid faz do seu primeiro modelo, este não é um texto promocional. Pelo contrário, vamos nos ater a essa pretensa definição do sedã Air para concluir que, pelo visto, o modelo não parece decepcionar no que dizem a seu respeito.
Com quase 5 metros de comprimento e rivais de alto luxo como o Mercedes-Benz EQS, o Air é um início nada modesto de uma fabricante criada à moda da Califórnia, trazendo um mundo alienígena de montadoras ao esquema de startups, IPOs e rodadas de investimentos, liderados pela Arábia Saudita.
Criada em 2007 como fornecedora de peças, a Lucid Motors definiu seu propósito de vez há cinco anos, liderada pelo ex-executivo da Tesla, Jaguar e Lotus, Peter Rawlinson. Além de Rawlinson há outros 13 executivos vindos de outras fabricantes, tão diversas quanto Ferrari, Rivian, Volkswagen, Ford, FCA e GM.
No fim das contas, a californicação é parcial, e apesar da sede no Estado Dourado, a atividade industrial ocorre no Arizona, onde fortes incentivos estatais possibilitaram a construção de uma fábrica de trens-de-força e outra de chassis e montagem, separadas por alguns quilômetros. Juntas elas produzirão o Air, um SUV previsto para 2023 e um cupê e uma picape sem datas. Em cinco anos, estimam os técnicos, a Lucid fabricará 251.000 carros a cada 12 meses.
Lucid Air
O líder dessa ofensiva é o Lucid Air Dream Edition, a versão de topo do sedã que atingirá insanos 1.126 cv e 101,3 kgfm através de dois motores síncronos de ímãs permanentes (PMSM) bem leves (74 kg cada) e que “cabem na bagagem de cabine dos aviões”. Mesmo superando os 2.300 kg, o elétrico vai de 0 a 96 km/h em 2,5 s e beira os 289 km/h; muito graças ao incrível coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,21.
Mesmo em sua versão mais poderosa, o Air tem autonomia de 753 km em ciclo EPA. A marca, porém, oferece versões mais baratas do carro que, com menos potência, tem alcance máximo de 832 km com uma única carga nas imensas baterias de 112 kWh. Como o veículo tem inédito sistema elétrico de 900 volts, a Lucid garante que esse será o carro elétrico com carregamento mais rápido do mundo, e 20 minutos na tomada bastarão para mais 480 km de viagem.
Interior “pós-luxuoso”
O Lucid Air é obcecado em superar a Tesla e a Mercedes-Benz nos campos da eletrificação e luxo, respectivamente. O interior do novo carro, entretanto, é bem mais sóbrio que os dos mais nobres sedãs alemães. Mas a empresa tem sua “explicação”.
Trata-se da “pós-luxúria”, que acredita em elegância e modernidade como substitutos da opulência e indulgência. “Falamos com pessoas com sentido e propostas de valor, e que percebem o impacto de suas decisões”, explica a empresa, que mesclou três tipos de “luxos tradicionais” para criar sua narrativa.
Nisso a Califórnia retorna à pauta, inspirando o uso de tecidos e detalhes que remetem ao estado mais famoso dos Estados Unidos. Bem californiano também é o uso de tecnologia sem limites.
O painel de instrumentos tem 34’’ e resolução 5K em sua tela curva, que também exibe informações de entretenimento. Mesmo assim uma segunda tela, semelhante a um iPad, pode aparecer de dentro do console e oferecer funções avançadas como equalização fina dos 21 alto-falantes premium do carro.
Há bastante “pós-luxo” no uso de couro, madeira e tecidos sempre ecologicamente responsáveis ao redor da cabine. A plataforma veicular parecida com um skate permitiu ainda mais espaço aos ocupantes, que poderão até reclinar os bancos de trás e curtir a luz que penetra no “canopi” formado pelo imenso para-brisas e teto solar quase embutidos ao vidro traseiro.
Pensando na Tesla, a Lucid também garante um sistema de auxílio à condução ainda mais moderno que o Autopilot, capaz de fazer as mesmas funções dos carros de Elon Musk em condições mais hostis de iluminação e neblina, por exemplo. Para evitar mortes como as que vêm irritando a concorrente, o Lucid Air conta com nove airbags, carroceria em alumínio de alta resistência e detalhes como faróis de led e micro lentes, que direcionam com mais precisão e intensidade a luz emitida.
A fabricação do modelo já começou, e as entregas começarão nos próximos dias. Mais de 10.000 unidades da versão mais cara foram encomendadas, ao custo de no mínimo US$ 169.000 (cerca de R$ 930.000) cada, mas isenções fiscais para carros elétricos podem gerar desconto de até 10% no valor.
O modelo básico, Air Pure, terá bem menos potência e autonomia (486 cv/650 km), mas, por US$ 77.000 (cerca de R$ 423.000), brigará em segmentos mais diversos, onde a tecnologia ainda importa mais do que o “pós-luxo”.
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