Lecar promete carro elétrico brasileiro com 400 km de autonomia
Com previsão de lançamento em fevereiro, o Model 459 custará R$ 279.000 e quer concorrência com BYD Seal
A grande expansão das vendas de carros elétricos tem muito a ver com fabricantes chineses e europeus, mas há quem queira colocar o Brasil nesse mapa. É o caso de Flávio Figueiredo Assis, fundador da Lecar, que desenvolve um carro elétrico nacional, mas com mecânica chinesa.
Formado em direito e contabilidade, Flávio Figueiredo fundou uma empresa de cartão de benefícios e esteve à frente do negócio por nove anos. Ele diz ter visto a oportunidade de empreender em um segmento novo porque as fabricantes tradicionais ainda estão aprendendo a fazer elétricos e, fazendo cálculos sobre a Lei 8723/1993 (que estabeleceu o Proconve, que regulamenta as emissões de CO2 em veículos) acredita que nenhum carro a combustão conseguirá passar das normas de 2027.
À QUATRO RODAS, o empresário também afirmou que a taxa de importação dos veículos elétricos também daria vantagem ao seu carro, o Lecar Model 459. O protótipo já tem modelos virtuais e até fevereiro poderá ganhar um protótipo em escala real.
A definição do design foi o primeiro desafio, de acordo com o empresário. “Algumas tarefas são verticalizadas nas montadoras, não tendo esses serviços disponíveis para contratação”. Outra dificuldade é a falta de mão de obra especializada em carros elétricos no país.
“Nós optamos pelo sedã por achar que combina mais com os brasileiros, que usam o carro para viagem a trabalho em tudo. Porém, devido a ajustes durante o projeto, as medidas estão iguais a de um SUV.” Mas não tem a carroceria da moda.
Por dentro, chama atenção o volante em forma de manche e a tela colorida vertical, lembrando o Tesla Model S. Outro ponto é a falta de um quadro de instrumentos para o motorista, deixando todas as informações concentradas na central multimídia. O carro ainda tem partida por botão e seletor de marcha rotativo.
O Lecar Model 459 usará motores elétricos e bateria importada da China, a Winston. A montadora afirma que 35% dos componentes do carro serão importados, e 65% de produção nacional, sendo 60% de Caxias do Sul. Já os outros 5% vem de outras cidades, entre elas, Rio Claro, Itupeva e Joinville/SC.
O motor terá 180 cv e será alimentado por uma bateria de bom tamanho, com 66 kWh de capacidade. A estimativa da empresa é a de que seu sedã consiga fazer 400 km de autonomia e acelerar de 0 a 100 km/h em otimistas 3.9 segundos.
O Model 459 custará R$ 279.000, porém, o empresário acredita que a taxa de importação de veículos elétricos aumentará bastante o preço dos concorrentes, fazendo com que seu carro elétrico brasileiro tenha preço mais próximo da competitividade.
A pretensão é de em algum momento transferir a produção de baterias para o Brasil, assim os custos seriam diminuídos, assim como o preço do carro também. Mas isso não é considerado para um futuro tão próximo.
A Lecar pretende apresentar a versão final do Model 459 até o final de fevereiro e começar a produção, em Caxias do Sul (RS) até dezembro de 2024, para que seja entregue para seu consumidor no começo de 2025. A marca acredita que conseguirá manter a meta de fabricar 300 unidades por mês em 2025.
A empresa tem outros carros em seus planos, como o Lecar POP, um pequeno carro elétrico com baterias e motores fabricados no Brasil. Caso tenha os mesmos incentivos ficais existentes em outros países, Flavio estima que o modelo poderia ter 200 km de autonomia e custar R$ 100.000.