Diretores da Jaguar Land Rover (JLR) mantêm sigilo absoluto sobre a nova plataforma Panthera, que será o pilar para a eletrificação total da Jaguar em pouco tempo, até 2025. Na verdade, apenas o seu nome era conhecido até agora.
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Ao contrário do que se pensava, ela já está sendo desenvolvida e pela própria JLR. Havia muito ceticismo sobre isso pois, na comparação com outras marcas premium, as finanças da empresa como um todo não estão muito bem, principalmente devido aos resultados da Jaguar (a Land Rover está mais saudável financeiramente). Pior: a Jaguar não terá nenhum lançamento até 2025.
A JLR até negociou com outros fabricantes para que pudesse compartilhar uma plataforma elétrica já pronta em 2020 e 2021, mas não avançaram. Isso levou os britânicos a arregaçarem as mangas e a iniciarem eles próprios o desenvolvimento de uma base, apesar do seu volume de produção de automóveis ser relativamente baixo mesmo somando as duas marcas.
Da vanguarda à pressa
O i-Pace fez da Jaguar uma das primeiras marcas a oferecer um crossover elétrico. Inclusive foi o primeiro no Brasil. Mas nem no Brasil e nem na Europa ele consegue de destacar em meio a uma concorrência internacional e a uma onda emergente de veículos elétricos. Na verdade, não surpreende a impressão de que o i-Pace desempenha um papel secundário até no próprio portfólio da empresa.
A Jaguar Land Rover tem muito com o que se preocupar. O sucessor elétrico do Jaguar XJ deveria ter seu desenvolvimento iniciado em 2020, mas o projeto (que até estava bem avançado) foi adiado várias vezes até ser cancelado no ano passado.
Essa é apenas uma das dores de cabeça da Jaguar, que precisa encontrar uma solução urgente para o futuro de cinco modelos: E-Pace, F-Pace, XE, XF e F-Type. É isso o que suscita a dúvida legítima sobre a capacidade da marca ter apenas veículos elétricos a partir de 2025, ou seja, dentro de três anos.
Se o i-Pace continuar com a produção terceirizada à Magna Steyr, na Áustria, ainda são necessários novos carros para que a Jaguar não perca completamente a guerra para rivais como a Audi, BMW, Mercedes, Porsche, Tesla ou até a Volvo.
Não estranha, portanto, que exista uma pressão enorme sobre os carros que serão fabricados a partir da futura plataforma Panthera. Precisam ser um sucesso, até porque a Tata Motors (dona da JLR) não esconde a sua insatisfação com a evolução das vendas nos últimos dois anos.
Isso é bem verdade no caso da Jaguar, na sombra de outros fabricantes premium e até da “irmã” Land Rover, que será forçada a se valer do impulso elétrico para migrar do posicionamento premium para o de luxo, com margens de negócio mais robustas.
Esperança no futuro
A esperança da empresa chega de quem comprou o Jaguar i-Pace. Os consumidores se dizem satisfeitos com a sua escolha. Um estudo feito com compradores na Europa revela que 85% estão satisfeitos pela escolha e dois terços recomendariam aos seus parentes ou amigos mudar para um carro elétrico, fosse ele um híbrido plug-in ou um carro totalmente elétrico.
A tendência é ainda mais evidente entre a geração mais jovem: a satisfação com veículos eletrificados é particularmente alta na faixa etária dos 30 aos 39 anos (79% aconselhariam um veículo eletrificado e 94% voltarão a comprar um).
Para a grande maioria dos compradores da marca, especialmente os mais fieis, a mudança implicará em uma revolução. Afinal, os potentes e sonoros motores V8 das versões mais esportivas eram muito apreciados entre os mais apaixonados pela Jaguar. Mas não tem volta. Em três anos esses motores serão exclusivos dos Land Rover (mesmo que não sejam da JLR, mas comprados da BMW).
A propósito, foi essa proximidade com os alemães que tornava lógico imaginar que a nova plataforma elétrica pudesse ser comprada da BMW. O que se conta nos bastidores, porém, é que Thierry Bolloré, CEO da JLR, teria feito algumas exigências muito específicas para que fosse possível manter os custos controlados e que Munique não correspondeu a essas solicitações e o acordo não avançou.
Foi assim que nasceu a necessidade de desenvolver a plataforma Panthera em casa. Ela será modular, o que significa que poderá servir de base a diferentes tamanhos de veículos com diferentes entre-eixos, bitolas e formatos de carrocerias.
Tal como na concorrência, terá opções de tração traseira e integral e a bateria (cuja capacidade variará com o número de células/módulos) montada entre os eixos não só garantirá a autonomia necessária como também contribuirá para elevar a rigidez, segurança, conforto e prazer de condução dos futuros modelos. É a promessa da fabricante.
“A Jaguar Land Rover é única na indústria automóvel global. Os nossos designers criam modelos incomparáveis e possuem um incomparável entendimento das necessidades futuras dos clientes de luxo, do valor emocional da marca e do espírito britânico, além de acesso único aos principais players globais em tecnologia e sustentabilidade dentro do Grupo Tata”, afirma confiante o CEO Thierry Bolloré, para depois concluir: “usamos esses ingredientes hoje para reprojetar a empresa com a estratégia Reimagine, reinventar as duas marcas e criar uma nova experiência do cliente amanhã”.
Tendo em conta os muitos desafios que têm pela frente, não vai ser uma tarefa nada fácil para os engenheiros da JLR. Até porque a execução/implementação de uma plataforma elétrica os obrigou a começar do zero. E 2025 é já… depois de amanhã.