Reconhecido pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade, Fernando de Noronha, no litoral nordeste do Brasil, se tornou um centro de pesquisas sobre mobilidade elétrica.
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A primeira iniciativa nesse sentido veio do governo de Pernambuco, estado ao qual o arquipélago pertence, ao criar o Projeto Noronha Carbono Zero, em 2013. Entre outras coisas, o plano prevê que veículos a combustão não poderão circular na ilha a partir de 2030.
Somente em 2019 chegaram os primeiros veículos elétricos, que apesar de limpos eram carregados com energia suja, produzida por geradores a diesel, que sempre forneceram a eletricidade do local.
Mas agora a iniciativa do governo ganhou um novo impulso com a criação de um programa que prevê, entre outras coisas, a instalação de usinas fotovoltaicas que irão gerar energia para os carros e para a população.
O plano contempla duas usinas de energia solar de 100 kWp (kilowatt-pico), sendo que a primeira tem previsão de entrar em operação este mês.
Segundo a companhia de energia de Pernambuco, a Neoenergia, como a capacidade da nova usina é aproximadamente três vezes maior do que a necessidade inicial do projeto, o excedente será injetado na rede de distribuição, podendo ser usado pelos consumidores em outras atividades.
Atualmente, existem cerca de 70 veículos elétricos rodando em Fernando de Noronha, incluindo 18 recém-trazidos.
Para facilitar a recarga das baterias, o projeto Trilha Verde quer instalar 12 eletropostos na ilha principal, sendo oito com potência de 22 kW e quatro com potência de 7,4 kW. Dois deles poderão também receber energia não consumida pelos veículos para alimentar a rede (V2G).
Para permitir o uso de energia limpa mesmo nos momentos em que não houver geração solar suficiente, será implantado também um sistema de armazenamento com potência de 100 kW/200 kWh.
Atualmente, dois módulos de baterias estão em fase de teste e devem entrar em operação definitiva ainda em 2022.
O projeto Trilha Verde reúne empresas e entidades como Neoenergia, Renault, WEG, Iati, eiOn, Incharge, CPCD e Universidade Federal de Pernambuco.
Mobilidade sempre foi um assunto desafiador em Fernando de Noronha. O arquipélago fica a 545 km do continente e tudo que chega lá precisa ir de barco ou de avião. Sua ilha principal, com 17 km2, tem apenas uma rodovia, a BR-363, que é a menor do Nordeste, com 7,5 km de extensão. E existe apenas um posto de combustível, que não vende etanol, só gasolina e diesel (o litro da gasolina lá custa R$ 9,79).
Há cerca de 1.000 veículos (carros, motos e veículos comerciais) em circulação, e a regra diz que para entrar um novo carro na ilha, um velho tem que sair. Pelo Projeto Noronha Carbono Zero, a partir de 2023 só poderão entrar veículos elétricos.
A maioria dos carros é usada em atividades profissionais, da administração do distrito, das companhias públicas e dos trabalhadores do turismo. A população, cerca de 3.000 pessoas, anda a pé, de bicicleta ou de carona.