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Como imposto e cota de importação podem afetar carros elétricos e híbridos

Governo estuda como serão distribuir cotas de acordo com o histórico de cada marca, o que poderia beneficiar montadoras consagradas mais do as novatas

Por João Vitor Ferreira
16 nov 2023, 19h12

Comprar um carro elétrico pode ficar mais caro a partir de janeiro no Brasil. O Governo anunciou, na última semana, que os carros elétricos e híbridos a pagar imposto de importação. Isso tende a impactar boa parte dos veículos eletrificados à venda no Brasil, já que poucos deles têm produção nacional.

O ponto chave é que algumas empresas podem sofrer mais do que as outras. Há diferentes fatores que vão além da simples taxação e das cotas de importações isentas definidas pelo o governo no chamado período de transição.

Antes de ir mais fundo no assunto, vale relembrar como era antes. O Brasil não taxava a importação de carros híbridos e elétricos como forma de fomentar o segmento de energia limpa. Agora, com a justificativa de fomentar o desenvolvimento e a produção nacional, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), decidiu na semana passada retornar com o imposto de importação gradualmente, a partir de janeiro de 2024.

BYD Song Plux Haval H6 Chery Tiggo 8 pro
BYD Song Plus, Haval H6 e Chery Tiggo 8 Pro, são alguns dos híbridos plug-in chineses disponíveis no Brasil. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A alíquota cobrada inicialmente será de 12% para híbridos (leves, plenos ou plug-ins) e de 10% para os elétricos. Ela subirá gradualmente até os 35%, em julho de 2026, que é rigorosamente o mesmo imposto pago por veículos a combustão.

Cronograma do retorno do imposto sobre veículos elétricos

Período Híbrido Leve Híbrido Plug-in Elétrico
Janeiro de 2024 12% 12% 10%
Julho de 2024 25% 20% 18%
Julho de 2025 30% 28% 25%
Julho de 2026 35% 35% 35%

 

Para amenizar, o Governo vai liberar cotas para importação durante esse período de transição. No primeiro período, entre janeiro e julho de 2024, será disponibilizada uma cota de US$ 284 milhões para os elétricos, US$ 226 milhões para os plug-ins e US$ 130 milhões para os híbridos leves.

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Haval

O valor das cotas vai caindo conforme o imposto for aumentando, como você pode conferir no quadro abaixo. Pode ser que essas cotas ajudem a salvar o segmento neste primeiro período, mas aqui a pouco discutiremos mais sobre isso.

Cotas de Isenção do imposto

Período Híbrido Leve Híbrido Plug-in (PHEV) Elétrico a bateria (BEV) Caminhões elétricos
Julho/2024 US$ 130 milhões US$ 226 milhões US$ 283 milhões US$ 20 milhões
Julho/2025 US$ 97 milhões US$ 169 milhões US$ 226 milhões US$ 13 milhões
Julho/2026 US$ 43 milhões US$ 75 milhões US$ 141 milhões US$ 6 milhões

Por si só, apenas a taxação pode causar uma grande reviravolta no segmento, hoje é dominado por empresas chinesas como a BYD e a GWM. Uma explicação para isso está nos preços baixos, possível graças ao processo de produção barato e à baixa margem de lucro, como esclarece Murilo Briganti, consultor automotivo e sócio da Bright Consulting.

De acordo com Briganti, como as novatas chinesas buscam se consolidar no Brasil, trabalham com margens próximas aos 15% — 10% para a montadora e 5% para as concessionárias. Já empresas mais consolidadas e que não dependem exclusivamente dos eletrificados — principalmente as do segmento premium —  podem trabalhar com margens mais altas, chegando a 20% só para a montadora.

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O que vai acontecer com o aumento, como explica Briganti, é que as marcas que focam nos carros de entrada terão que repassar os impostos ao clientes. Em outras palavras, carros elétricos e híbridos baratos vão, sim, ficar mais caros. 

GWM ORA 3 GT
Mini, Porsche e Fusca são as inspirações do GWM Ora 03 (Fernando Pires/Quatro Rodas)

“No caso das montadoras que estão comercializando veículos mais acessíveis, acho difícil elas conseguirem manter o mesmo patamar de preço. Elas já vieram com um preço muito competitivo e com margens reduzidas, justamente para conquistar o mercado. Portanto, devem ter um acréscimo do preço final do consumidor”, explica o consultor.

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As cotas disponibilizadas pelo Governo serviriam, justamente, para amenizar esse impacto inicial nos preços. Mas isso pode não acontecer, pelo menos não para todo mundo.

Os valores já estão definidos, mas a maneira como essas cotas serão divididas entre todos os fabricantes ainda não. O que pode acontecer é um favorecimento para marcas que já estão estabelecidas no Brasil há algum tempo. E é justamente isso que impede que previsões de preços sejam feitas no momento. Outro ponto é que o imposto de importação é aplicado ao valor de entrada do carro no Brasil, não sobre o valor de venda.

BYD Seal
BYD Seal (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O mais provável é que as cotas sejam definidas de acordo com o histórico, de acordo com Briganti. Usando um exemplo prático, é possível que a Renault tenha uma bonificação maior para importar o Kwid e o Megane e-Tech do que a BYD para importar toda a sua linha.

Isso significa que o Kwid será o elétrico mais barato do Brasil? Nas palavras do consultor: “Não acredito que seja possível.” E a explicação são as próprias regras do “jogo”. “Eu enxergo exatamente o oposto. A Renault não depende das vendas do Kwid elétrico, já as chinesas dependem muito, pelo menos neste momento, de qualquer volume de vendas”, explica Briganti.

Renault Kwid E-Tech Eletrico
Montadoras já consolidadas, como a Renault, podem ser mais beneficiadas pelas cotas do que as chinesas novaras, mas isso não significa que o seu preço continuará baixo (Divulgação/Renault)

Como o maior volume de vendas das montadoras consolidadas é de carros a combustão, todo o lucro que vier dos elétricos já é alguma coisa. Logo, isso permitirá que elas subam seus preços — e consequentemente seus lucros —  para ficar no mesmo patamar do resto do segmento.

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Isso vai acontecer? Talvez. O que é certo é que em breve um GWM Ora 03 custando R$ 150.000 será coisa do passado. Enquanto o Governo não definir como serão distribuídas as cotas, será difícil fazer previsão de preço para o futuro, então se quiser comprar um elétrico, a hora é agora. 

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