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Tatraplan 1950 é ‘primo’ tcheco do Fusca e restrito a oficiais militares

O Tatraplan reuniu qualidades suficientes para atravessar as barreiras ideológicas que surgiram após a Segunda Guerra Mundial

Por Felipe Bitu Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
30 jul 2023, 04h00
TATRA 600
Tão parecido com o Fusca que a VW aceitou indenizar a Tatra em 3 milhões de marcos alemães em 1961  (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)
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Estabelecida em 1850, a Tatra é uma das marcas mais antigas ainda em atividade. Notório por seus utilitários, o fabricante tcheco produziu alguns dos automóveis de passeio mais avançados do mundo na primeira metade do século 20. Um desses modelos foi o Tatra 600, também conhecido como Tatraplan.

Apresentado como Autoplan no Salão de Praga de 1947, o sedã tinha carroceria monobloco. O Tatra 600 manteve as principais características elaboradas pelo engenheiro austríaco Hans Ledwinka na década de 1930: a aerodinâmica apurada do Tatra 87 e a concepção mecânica do Tatra 97.

Tatra
Maçanetas embutidas colaboravam para o coeficiente aerodinâmico de 0,32 (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

O protótipo T107 tinha inúmeras semelhanças com o Fusca: a Tchecoslováquia foi ocupada pela Alemanha em 1938. Até a concepção mecânica era a mesma: motor traseiro de quatro cilindros opostos refrigerado a ar.

Mas os tempos eram outros: nacionalizada após a Segunda Guerra, a Tatra estava agora sob influência direta da União Soviética. Acusado de colaboração com os nazistas, Ledwinka foi julgado, condenado e libertado da prisão só em 1951, motivo pelo qual teve pouca participação no desenvolvimento do Tatraplan.

Tatrasds
Funcional, a grade dianteira abriga o radiador de óleo. No Brasil os indicadores de direção na coluna central receberam o apelido de “bananinha” (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)
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Rebatizado Ambrož, o primeiro protótipo do Tatra 600 ficou pronto em dezembro de 1946. Apurado em túnel de vento, alcançava o notável coeficiente aerodinâmico de 0,32, evidenciado pelas linhas arredondadas, pela barbatana central e pelas coberturas nas caixas de roda traseiras.

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As portas dianteiras tinham abertura invertida, popularmente conhecida como “suicida”. Denominado Josef, o segundo protótipo surgiu no primeiro semestre de 1947, com entradas de ar laterais para melhorar a refrigeração do motor. O nome Tatraplan foi registrado no final do mesmo ano e a produção na fábrica de Kopřivnice começou em 1948.

Tatra sf

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Custando cerca de 140.000 coroas tchecas, o Tatraplan era um luxo restrito a oficiais militares, integrantes do partido comunista e líderes políticos de outros países socialistas. Era o modelo oficial nas embaixadas tchecas e de países do Leste Europeu. Atravessou a Cortina de Ferro e foi exportado para Áustria, Alemanha Ocidental, Suécia, Finlândia, Canadá e alguns países africanos e asiáticos.

Tatra 600
(Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

O motor de quatro cilindros opostos tinha 1,9 litro de cilindrada: quando alimentado por dois carburadores rendia 12,03 kgfm e 52 cv, suficientes para impulsionar seus 1.200 kg de 0 a 96 km/h em 32 segundos. A aerodinâmica eficiente exigia pouco do pequeno motor: velocidade máxima de 130 km/h e consumo médio de 9,1 km/l.

O câmbio de quatro marchas com alavanca na coluna de direção proporcionava espaço interno para seis ocupantes. As suspensões eram independentes nas quatro rodas, com duas molas semielípticas na dianteira e eixo oscilante na traseira (mais uma semelhança com o Fusca). O sistema de direção já adotava o preciso sistema de pinhão e cremalheira.

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Tatra 600
Acendedor de cigarros e cinzeiro eram itens obrigatórios (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

O rádio Tesla 513BV Omikron era um dos opcionais mais desejados, bem como a pintura da carroceria em duas tonalidades. Os bancos poderiam ser revestidos de veludo ou couro nas cores vermelha, verde, azul e combinações de cinza e marrom. Para encarar os rigores do inverno europeu, havia também um sistema de aquecimento da cabine.

A desenvoltura em estradas precárias levou ao surgimento de uma versão específica para ralis: o T601 Monte Carlo, com carroceria de duas portas feita de alumínio. Outra versão especial foi desenvolvida para celebrar o 70º aniversário de Josef Stalin: um Tatra 600 conversível, apresentado no Salão de Praga de 1949, antes de ser entregue ao líder soviético em Moscou.

Tatra 600
O banco traseiro rebatível facilita o acesso ao compartimento de bagagem (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)
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O Tatraplan das fotos é uma das 4.242 unidades produzidas em Kopřivnice até 1951, época em que o governo determinou a transferência da produção para a fábrica da Škoda. Ali, cerca de 2.100 unidades foram produzidas até 1952: o Conselho para Assistência Econômica Mútua (Comecon) determinou que automóveis de luxo deveriam ser produzidos apenas pela União Soviética. A Tatra só retornaria ao segmento em 1956, com o icônico modelo 603.

Tatra
Ventoinha de refrigeração vertical foi adotada anos depois pela própria Porsche (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

Ficha Técnica

Tatra 600
Tatraplan 1950
Motor: longitudinal, 4 cilindros opostos, 1.952 cm3, alimentado por carburadores
Potência: 52 cv a 4.000 rpm
Torque: 12,03 kgfm a 2.000 rpm
Câmbio: manual de 4 marchas, tração traseira
Carroceria: fechada, 4 portas, 6 lugares
Dimensões: comprimento, 454 cm; largura, 167 cm; altura, 152 cm; entre-eixos, 270 cm; peso, 1.200 kg; pneus, 6.00-16 diagonais

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