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Clássicos: Honda LN360 é ancestral do Civic tão simples quanto uma moto

O primeiro Honda popular consagrou a divisão automotiva da marca, mas ainda estava bem próximo a uma motocicleta

Por Felipe Bitu | Fotos Fernando Pires
Atualizado em 17 set 2022, 00h26 - Publicado em 17 set 2022, 00h24
Honda LN360
A perua LN360 era oferecida nas cores: branca ou azul (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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A história da Honda está diretamente relacionada à reconstrução do Japão após a Segunda Guerra: a demanda por veículos baratos e econômicos alçou o fundador Soichiro Honda ao título de rei das motocicletas.

E a boa reputação conquistada foi essencial para o desenvolvimento do pequeno Honda N360. A demanda crescente por automóveis no Japão durante a década de 1960 motivou a Honda a disputar mercado com Nissan, Mitsubishi e Mazda.

Um desafio, principalmente, considerando que a experiência automotiva da equipe de Soichiro ainda era limitada ao utilitário T360 e ao roadster S500, ambos lançados em 1963.

HONDA LN360..
A capacidade de carga era notável para seu porte: 300 kg (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O projeto ficou a cargo de Motoo Nakajima: um automóvel da classe keijidōsha (também conhecida como kei car) limitado a 3 metros de comprimento, 1,3 m de largura e 360 cm3 de cilindrada. Soichiro estabeleceu seis exigências: estilo, preço, dirigibilidade, desempenho, segurança e conforto, mesmo em viagens longas.

Apresentado a poucos dias do Salão de Tóquio de 1966, o N360 trazia estrutura monobloco, com duas portas, motor transversal e tração dianteira. Essa configuração permitiu a racionalização do habitáculo: apesar de ser menor do que o inglês Mini, o N360 oferecia espaço suficiente para quatro adultos e alguma bagagem.

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Em junho de 1967, veio a perua LN360, com porta traseira bipartida. Ambos eram impulsionados por um motor de dois cilindros paralelos com comando de válvulas no cabeçote, 356 cc e 31 cv a 8.500 rpm.

Honda LN360
Painel era simples e sem conta-giros (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A refrigeração a ar era outra exigência de Soichiro para eliminar componentes como radiador e bomba d’água. O câmbio manual de quatro marchas era similar ao das motocicletas, com engrenagens posicionadas logo atrás do virabrequim. Em 1968 surge a transmissão automática Hondamatic de três marchas, a primeira entre os keijidōsha.

Em ambos a aceleração de 0 a 100 km/h levava mais de 20 segundos. A velocidade máxima ficava em torno dos 120 km/h. Seu comportamento dinâmico era notável, com suspensão dianteira McPherson e traseira com eixo rígido e molas semielípticas.

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As rodas de 10 polegadas abrigavam tambores de freio com acionamento hidráulico e recebiam pneus na medida 5.20-10.

Honda LN360..
Rádio era opcional raro (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A exportação teve início em 1968 e dois anos depois a produção na fábrica de Sayama alcançou 1 milhão de unidades. Em outubro de 1968, surge a versão esportiva N360 TS, alimentada por dois carburadores que fizeram a potência saltar para 36 cv a 9.000 rpm.

Pouco tempo depois, surge o N400 de exportação, equipado com motor de 402 cc com 29 cv a 7.500 rpm. Uma leve reestilização ocorre em janeiro de 1970: os modelos passam a se chamar N III 360 e LN III 360.

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Honda LN360
A letra N vem do japonês “norimono” e indica que o modelo é um automóvel (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Foi o primeiro Honda vendido nos EUA, mercado onde foi rebatizado N600 em razão de um motor maior de 598 cc: a potência saltou para 42 cv a 6.600 rpm, resultando em acelerações de 0 a 100 km/h em menos de 20 segundos.

Apesar de suas limitações evidentes ele ainda originou os cupês esportivos Z360 e Z600. No Japão, ele custava o equivalente a 313.000 ienes, consideravelmente abaixo do valor médio de 370.000 ienes da concorrência.

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Mesmo com imposto de importação, seu preço na Europa era competitivo frente ao Mini e ao Renault 4.

Os compactos da família N foram dizimados pela própria natureza: não havia um radiador de óleo para auxiliar na refrigeração e a alta temperatura nas câmaras de combustão exigia uma mistura muito rica para evitar danos ao cabeçote.

Honda LN360 .
A letra N vem do japonês “norimono” e indica que o modelo é um automóvel (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Honda LN360..

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Honda LN360
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

A refrigeração líquida era a única solução para atender as normas de emissões mais severas. As últimas unidades foram produzidas em 1972 e sucedidas pelos Honda Life e Honda Civic, este último um sucesso que acaba de completar 50 anos.

O carisma da família N foi resgatado em 2009 no carro-conceito Honda EV-N e seu legado sobrevive no Honda N-One, compacto que já conta com dez anos de mercado.

Honda LN360
Motor refrigerado a ar de dois cilindros e ignição sem distribuidor (Fernando Pires/Quatro Rodas)
Honda LN360
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Ficha Técnica – Honda LN 360 1972

Motor: transversal, 2 cilindros em linha, 354 cm3, alimentação por carburador, 31 cv a 8.500 rpm; 3,04 kgfm a 5.500 rpm
Câmbio: manual de 4 marchas, tração dianteira
Carroceria: fechada, 3 portas, 4 lugares
Pneus: 5.20-10
Dimensões: comprimento, 299 cm; largura, 129 cm; altura, 134 cm; entre-eixos, 200 cm; peso, 510 kg

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