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Audi RS2 Avant, uma perua com motor turbo preparado pela Porsche

O trabalho em conjunto entre Audi e Porsche deu origem à mítica RS2, a perua mais rápida dos anos 1990

Por Felipe Bitu
13 out 2024, 19h00
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  • Audi RS2
    As pinças de freio eram fornecidas pela italiana Brembo (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    O jovem engenheiro Ferdinand Piëch já era uma das pessoas mais influentes da indústria em 1972, quando trocou a Porsche pela Audi.

    Neto de Ferdinand Porsche, Piëch deixou para trás um legado em Stuttgart e valeu-se dessa experiência para criar a Audi RS2, perua que elevou o prestígio da Audi ao mesmo nível do de BMW e Mercedes-Benz.

    Apresentada no Salão de Frankfurt de 1993, a RS2 foi uma das primeiras realizações de Piëch após assumir a presidência mundial da Volkswagen.

    Apesar de inédita, a proposta da perua era inspirada no Audi Quattro de 1980, outra criação de Piëch, que teve grande popularidade em campeonatos de rali e estações de esqui.

    Derivado do Audi 80, o Quattro trazia um motor turbo de cinco cilindros e 2,1 litros de 200 cv e tração integral para alta performance em qualquer condição meteorológica. Cativou clientes famosos, mas não superou o carisma de novos rivais como Mercedes 190 E 2.3-16 e BMW M3 E30.

    Audi RS2
    Veloz e versátil: a RS2 era a favorita de pilotos e criminosos em fuga.Interior repleto de couro e apliques de fibra de carbono. A marca Porsche está no motor de cinco cilindros e nos freios (Christian Castanho/Quatro Rodas)
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    Produzido até 1991, o Quattro foi substituído pelo cupê S2, o primeiro Audi da linhagem esportiva “S”.

    Ainda baseado no Audi 80, a versão S2 logo foi estendida ao sedã e à perua, em 1993: era a ocasião perfeita para consolidar a reputação da Audi. Assim, Piëch contatou a Porsche para dar início ao  Projeto P1.

    Ambas já eram parceiras de longa data: a Audi produziu os Porsches 924 e 944 por 15 anos na fábrica de Neckarsulm.

    A sugestão de anabolizar a perua S2 teria partido da própria Porsche, o que evitaria a concorrência com sua linha de cupês 911, 928 e 968. Assim, surgiu a Audi Avant RS2, a primeira superperua do mundo.

    Os engenheiros da Porsche se apressaram em reconfigurar o motor turbo ABY de cinco cilindros, 2,2 litros e 20 válvulas. Renomeado ADU, ele recebeu comandos de válvulas mais agressivos e um turbocompressor KKK K24 30% maior que o original, operando com pressão máxima de 1,4 bar (contra 1,1 bar da S2).

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    Audi RS2
    (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Os sistemas de admissão e escapamento foram readequados ao maior fluxo e o de lubrificação foi redimensionado. E ganhou bicos injetores de maior vazão, gerenciados por uma injeção eletrônica Bosch com novos mapas de injeção e ignição.

    Essas alterações fizeram a potência saltar de 230 para 315 cv e o torque, de 35,7 mkgf a 1.950 rpm para 41,8 mkgf a 3.000 rpm, que  chegavam às quatro rodas pelo  mesmo câmbio manual de seis marchas, em conjunto com o diferencial central Torsen. Totalmente revista pela Porsche, a suspensão ficou 40 mm mais baixa sem comprometer a versatilidade da perua.

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    Explícito, o DNA de Stuttgart saltava aos olhos nas pinças de freio vermelhas com quatro pistões por dentro das rodas Porsche Cup aro 17 calçadas em pneus Dunlop 245/40 ZR17.

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    O Porsche 964 cedeu os retrovisores e o 993 serviu de inspiração para o para-choque dianteiro e para a extensão central das lanternas traseiras.

    Audi RS2
    (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Ao marcar o tempo de 4,8 s para ir de 0 a 96 km/h a revista britânica Autocar cravou um recorde curioso: no 0 a 48 km/h a RS2 foi 0,1 s  mais rápida que a McLaren da Fórmula 1 de  1994. Os números de fábrica eram 0 a 100 km/h em 5,4 s e máxima de 262 km/h, limitada eletronicamente.

    Entre os clientes mais famosos, havia o piloto Derek Bell e Nick Mason, baterista do Pink Floyd: a RS2 de Mason acabou furtada e usada como carro de fuga dos criminosos em um assalto.

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    Em 1995, a QUATRO RODAS avaliou a primeira das 80 RS2 trazidas pela Senna Import. Rodou em São Paulo sem raspar em valetas e lombadas, mas a pesada embreagem indicava que era melhor curti-la na estrada.

    O ronco metálico acima de 3.000 rpm era um convite para acelerar, mesmo com torque e potência suficientes para rodar sempre em sexta marcha. A tração integral garantiu a aderência até sob a chuva mais torrencial.

    Audi RS2
    (Christian Castanho/Quatro Rodas)

     

    Foram produzidas 2.891 unidades da RS2 entre 1994 e 1995, o suficiente para finalmente colocar a Audi no mesmo patamar de BMW e Mercedes. Morto aos 82 anos no último dia 25 de agosto, Piëch ainda teve a satisfação de ver a Porsche sob a tutela do grupo Volkswagen, ao lado de outras marcas de prestígio como Bugatti, Bentley e Lamborghini.

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    Ficha técnica: Audi RS2 Avant 1995

    Motor: 5 cilindros em linha de 2.226 cm3, turbo, 315 cv a 6.000 rpm, 41,8 mkgf a 3.000 rpm
    Câmbio:  Manual de 6 marchas, tração integral
    Dimensões: Comprimento, 451 cm; largura, 169 cm; altura, 138 cm; entre-eixos, 260 cm; peso, 1.595 kg
    Desempenho: 0 a 100 km/h: 5,4 segundos, máxima de 262 km/h (dado oficial de fábrica)

     

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