Leve e resistente, a madeira foi um dos materiais mais utilizados nos primórdios do automóvel. A evolução nas técnicas industriais levou ao desenvolvimento das carrocerias em aço estampado. Dessa forma a madeira ficou restrita a processos quase artesanais presentes em modelos como a Chrysler Town and Country, de 1941.
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Primeira perua produzida pela Chrysler, a Town and Country diferenciava-se da concorrência por fugir do caráter utilitário de um veículo comercial. A versão de entrada acomodava seis passageiros e era uma das peruas mais caras do mercado.
Era impulsionada por um motor de seis cilindros em linha com 4 litros e 112 cv. O motor de oito cilindros com 5,3 litros e 137 cv era exclusivo da versão para nove passageiros.
Ambos eram apenas suficientes para embalar as quase 2 toneladas da perua, equipada com câmbio semiautomático Vacamatic e acoplamento Fluid Drive.
Atualizado, o modelo 1942 teve sua produção suspensa devido ao ingresso dos EUA na II Guerra Mundial. Após o conflito, a grafia “Town & Country” passou a denominar um sedã e um conversível a partir do modelo 1946.
Abrindo mão da madeira, a perua Town & Country de quatro portas retornou apenas no modelo 1951: a Ford Country Squire era a única concorrente a oferecer apliques imitando mogno.
Por outro lado, foi a primeira Town & Country impulsionada por um V8, o FirePower Hemi de 5,4 litros e 180 cv, o mesmo oferecido nos sedãs Windsor, Saratoga e New Yorker.
Uma de suas maiores inovações era vidro basculante na tampa do porta-malas. Em 1957, foi a vez do banco escamoteável no porta-malas, aumentando a capacidade para nove ocupantes, como no modelo 1941.
Além da direção hidráulica e do câmbio automático TorqueFlite havia comandos elétricos para os vidros e bancos dianteiros. Entre os opcionais se destacavam o ar-condicionado Airtemp, piloto automático e faróis com facho automático.
Sob o capô estava o lendário V8 Golden Lion de 6,8 litros e 355 cv. A estrutura monobloco foi adotada em 1960. Desenhada por Elwood Engel, a terceira geração veio em 1965 com uma carroceria inteiramente nova marcada por linhas limpas e elegantes.
Fez tanto sucesso que no ano seguinte a Town & Country se tornou um modelo independente, tendo como principal novidade a opção do V8 TNT de 7,2 litros e 370 cv e freios dianteiros a disco.
O toque nostálgico do modelo 1968 estava nos apliques laterais imitando nogueira, decoração que seria empregada por mais 20 anos – até o encerramento da produção.
Ainda maior, a quinta geração chegou no modelo 1969 com para-choques integrados, vidros de perfil baixo e laterais curvas: o estilo Fuselagem conquistou até o músico John Lennon.
A tampa do porta-malas podia ser aberta para baixo (como em picapes) ou para o lado (como em uma van), como o exemplar 1971 que ilustra esta reportagem.
A primeira crise do petróleo aniquilou a sexta geração, entre 1974 e 1977, e marcou o fim do gigantesco V8 de 7,2 litros. Racionalizada, a sétima geração ficou menor e foi a última com motores V8 e tração traseira.
Baseada na plataforma K a oitava geração da Town & Country introduziu a tração dianteira e os motores de quatro cilindros no modelo 1982.
A carreira da Town & Country foi encerrada em 1988, sem a menor sombra do prestígio que o modelo alcançou entre as décadas de 1940 e 1970. Mas a Chrysler foi sábia o suficiente para aproveitar o carismático nome em suas minivans, que obtiveram sucesso entre 1990 e 2016.
Ficha técnica – Chrysler Town & Country 1971
- Motor: V8, 7,2 litros; torque: 63,6 kgfm a 3.200 rpm; potência: 339 cv a 4.400 rpm
- Câmbio: automático de 3 marchas, tração traseira
- Carroceria: fechada, 4 portas, 8 lugares
- Dimensões: comprimento, 571 cm; largura, 200 cm; altura, 146 cm; entre-eixos, 310 cm peso, 2.160 kg
- Desempenho: aceleração de 0 a 100 km/h: 10,7 segundos; velocidade máxima de 181 km/h