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Chevrolet 3100 era tão nacional que ficou conhecida como ‘Brasil’

A nacionalização da picape consolidou o fabricante norte-americano no mercado brasileiro e teve importância incontestável na história de nossa indústria

Por Felipe Bitu Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 23 jan 2025, 11h48 - Publicado em 23 jan 2025, 11h00
CHEVROLET BRASIL
Reestilizada no último ano de produção, recebendo nova grade e quatro faróis (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)
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A General Motors acaba de completar 100 anos de atividade no Brasil. O sucesso do fabricante norte-americano em nosso mercado foi alicerçado na reputação de seus utilitários. Foi nesse contexto que, em 1958, a filial brasileira apresentou seu primeiro modelo genuinamente nacional: a família Chevrolet 3100.

Sua história começa em junho de 1947, quando a Chevrolet norte-americana apresentou os utilitários Advance Design, já como modelos 1948. A menor e mais leve das picapes era o modelo 3104, mais tarde montada em São Caetano do Sul (SP). Impulsionada pelo tradicional motor de seis cilindros, fez muito sucesso por aqui e ganhou o apelido de “boca de sapo”.

GM
Meio-termo entre as séries Advanced Design e Task Force, o desenho da 3100 era exclusivo para o Brasil (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

A picape era tão popular que permaneceu sem alterações significativas até o modelo 1954. Foi sucedida pela série Task Force em meados de 1955: o para-brisa envolvente, a grade dianteira e o painel em formato de leque eram claras referências aos automóveis de passeio da marca. Desta vez a picape foi apelidada de Martha Rocha, a Miss Brasil de 1954.

Em 1956, o Geia (Grupo Executivo da Indústria Automobilística) aprovou o plano de nacionalização dos utilitários Chevrolet: em 1958 era produzido o primeiro caminhão, com 44% de componentes nacionalizados e em julho surge a picape 3104, ainda com motor Thriftmaster de seis cilindros e 3,9 litros importado dos EUA.

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GM
Caçamba de aço e madeira (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

O desenho da família 3100 nacional era exclusivo para o Brasil: grosso modo era uma amálgama da Advanced Design com a Task Force, com elementos de estilo próprios. Um de seus detalhes mais intrigantes era o mapa do Brasil inserido no logotipo da marca: reza a lenda que o presidente da GM do Brasil viajou aos EUA e quando retornou foi surpreendido com o logotipo alterado. Verdade ou não, o fato é que a gravatinha ufanista lhe rendeu o apelido de Chevrolet Brasil.

CHEVROLET BRASIL
Partida por botão no assoalho. Brasil nos emblemas. (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)
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CHEVROLET BRASIL
(Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

O mesmo apelido foi dado ao motor Jobmaster de seis cilindros e 4,3 litros adotado em 1958. Produzido em São José dos Campos (SP), ele era mais potente (142 cv) e permitiu o aumento da capacidade de carga para 735 kg. A tração era traseira e sua força era transmitida às rodas de trás por um câmbio de três marchas.

Com exceção do V8, a concepção mecânica da família 3100 era similar à da concorrente Ford F-100: chassi tipo escada apoiado em eixos rígidos suspensos por molas semielípticas. Não havia assistência para a direção e nem para os freios: estes tinham circuito hidráulico simples e tambores nas quatro rodas. Além da 3104, a GM passou a oferecer mais duas variações. A 3103 era a picape sem caçamba de aço, pronta para receber uma caçamba de madeira ou baú. Por sua vez, a 3112 era uma picape sem caçamba, com meio teto e parte posterior da cabine aberta: era destinada a encarroçadores independentes.

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CHEVROLET BRASIL
Picape tinha direção sem assistência e câmbio de três marchas com alavanca na coluna de direção (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

A família 3100 cresceu no modelo 1960: produzida em parceria com a Brasinca, a perua 3116 foi denominada Amazona e seus oito lugares fazem dela uma precursora dos utilitários esportivos. O acesso aos bancos traseiros era feito por uma terceira porta no lado direito, coisa que a similar norte-americana Suburban teria apenas em 1967.

Destinado ao uso comercial, o modelo 3105 recebeu a denominação de Corisco: era basicamente uma Amazona sem a terceira porta e sem vidros laterais. O acesso ao compartimento de carga era feito por duas portas traseiras basculantes. A terceira porta seria vista novamente no modelo 3114: a Chevrolet Alvorada foi nossa primeira picape com cabine dupla.

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CHEVROLET BRASIL
O motor foi utilizado até o final da década de 1970 (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

A última fase das picapes 3100 foi marcada pela reestilização no final de 1962, que trouxe uma nova grade, quatro faróis, teto redesenhado e vidros traseiros envolventes. Produzidas até meados de 1964, as picapes 3100 foram sucedidas pela família C-14, que manteve o desenho exclusivo para o Brasil em uma carroceria bem mais baixa.

Ficha Técnica – Chevrolet 3100 1963

Motor: longitudinal, 6 cilindros em linha, 4.271 cm³, 2 válvulas por cilindro, comando de válvulas simples no bloco, alimentação por carburador de corpo simples
Potência: 142 cv a 4.000 rpm
Torque: 31,7 kgfm a 2.000 rpm
Câmbio: manual, 3 marchas, traseira
Carroceria:  fechada, 2 portas, 3 lugares
Dimensões: compr., 497 cm; largura, 201 cm; altura, 196 cm; entre-eixos, 305 cm; peso: 1.750 kg
Pneus: 6,50 x16
Preço: Cr$ 1.025.000 (setembro de 1961)
Valor corrigido: R$ 252.715,12   (IGP-DI FGV) R$ 59.825,95 (IPC-SP / Fipe)

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