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Alfa Romeo 155, o incompreendido sedã de luxo baseado no Fiat Tempra

Incompreendido pelos puristas, ele é hoje reconhecido por resgatar o prestígio da casa milanesa nas pistas e no mercado europeu

Por Felipe bitu | Fotos Alexandre Battibugli
16 fev 2023, 08h50
alfa romeo 155
O sedã 155 foi oficialmente importado para o Brasil em 1995 (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)
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Não é fácil definir o espírito de um Alfa Romeo. A mística do fabricante italiano envolve sensações como a sonoridade e a vibração de seus motores, a obediência quase telepática aos comandos do motorista e o equilíbrio sublime mesmo quando os pneus ultrapassam o limite da aderência. Qualidades e virtudes que nortearam o projeto do Alfa Romeo 155.

Adquirida pela Fiat em 1986, a Alfa recebeu recursos técnicos e financeiros de que precisava para continuar existindo. Para racionalizar a produção, os novos modelos seriam desenvolvidos a partir de projetos já criados pela casa de Turim: apresentado no Salão de Barcelona de 1992, o 155 foi baseado na plataforma do Fiat Tempra.

O 155 tinha personalidade própria, com linhas assinadas pelo projetista Ercole Spada no I.DE.A Institute. Seu estilo angular e repleto de vincos era marcado pelo capô baixo, linha de cintura alta, fazendo com que o 155 parecesse menor que seus 4,44 metros de comprimento. Seu coeficiente aerodinâmico (Cx) era de 0,30.

Alfa Romeo 155
Versão Elegant era mais sóbria e mais alta que a esportiva Super (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

Igualmente retilíneo, o interior foi completamente desenhado pelo italiano Walter de Silva, que mais tarde assinaria as linhas dos Alfa 156, 166 e 147. O tradicional volante de três raios era mantido, bem como os bancos dianteiros com assentos fundos e apoios laterais pronunciados. O painel trazia velocímetro, conta-giros, nível de combustível, termômetro do líquido de arrefecimento, manômetro de pressão de óleo e termômetro de óleo.

Havia três motores. O tradicional Bialbero de quatro cilindros de alumínio contava com duas velas por cilindro (Twin Spark) e duas cilindradas: 1,8 litro (129 cv) e 2 litros (143 cv). O mais potente era o V6 Busso de 2,5 litros e 166 cv. Os sistemas de ignição e alimentação eram gerenciados por uma injeção Bosch Motronic M 1.7 e os motores Twin Spark contavam com variação no tempo de abertura das válvulas para melhorar as respostas em baixas rotações.

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O problema foi convencer os alfistas sobre as virtudes da tração dianteira: o 155 veio com a missão quase impossível de suceder o Alfa Romeo 75, que além da tração traseira contava com uma distribuição de peso perfeita graças ao câmbio junto ao eixo traseiro. A mídia especializada não poupou críticas ao acerto macio das suspensões e à direção pouco comunicativa para o padrão da marca. Os freios eram sempre a disco nas quatro rodas.

Alfa Romeo 155
O visual clássico do volante contrasta com o controle automático do ar-condicionado (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

Para deleite dos entusiastas, logo surgiu a versão Q4 (Quadrifoglio 4), equipada com tração integral e motor turbo de 2 litros e 16 válvulas com 190 cv, o mesmo conjunto mecânico do Lancia Delta Integrale. Precisava de apenas 7 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h e chegava aos 225 km/h.

Em 1993, surge o Twin Spark de 1,7 litro e sem o variador de fase do comando de válvulas, com 116 cv. E dois motores movidos a diesel: um 1,9 litro de 90 cv e outro 2,5 litros de 125 cv, ambos sobrealimentados por turbocompressor.

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Não fazia feio frente aos alemães Audi 80, BMW E36 e Mercedes-Benz W201. A equipe Alfa Corse ainda teve a ousadia de conquistar o Campeonato Alemão de Carros de Turismo (DTM)em 1993 com o 155 V6 TI, um monstro impulsionado por um V6 de 495 cv a 12.000 rpm. O sucesso nas pistas alavancou as vendas, fomentadas por inúmeras séries especiais do 155.

Alfa Romeo 155
O Scudetto dianteiro, tradição desde 1934 (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

Em dezembro de 1994 entra em cena a segunda geração, com para-lamas abaulados para acomodar as bitolas mais largas. O motor Twin Spark de 2 litros passa a ser baseado no Fiat Pratola Serra, com bloco de ferro fundido, quatro válvulas por cilindro e duplo comando com acionamento por correia dentada, gerando 150 cv.

Em 1996, a família Twin Spark ganha mais duas versões de 1,6 litro (120 cv) e 1,8 litro (140 cv) e a caixa de direção passa a ter uma relação mais rápida. Em setembro de 1997, a Alfa Romeo apresenta o sucessor 156 no Salão de Frankfurt: a produção do 155 na fábrica de Pomigliano d’Arco foi encerrada em março de 1998, totalizando pouco mais de 195.000 unidades.

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155 df
Posição de dirigir italiana: para quem tem pernas curtas e braços longos (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

Inicialmente rejeitado pelos puristas, o 155 foi finalmente acolhido pelos entusiastas como o modelo de transição para a fase moderna da casa milanesa. Cada vez mais valorizado, ele ainda é um dos modelos mais acessíveis para quem deseja desfrutar as qualidades e virtudes de um autêntico Alfa Romeo.

155 df
Twin Spark de 2 litros e 16 válvulas: 150 cv a 6.200 rpm (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

Ficha Técnica

Alfa Romeo 155 Elegant 1996
Motor: transversal, 4 cilindros em linha, 1.970 cm3por injeção eletrônica, 150 cv a 6.200 rpm, 18,9 kgfm a 5.000 rpm
Câmbio: manual de 5 marchas, tração dianteira
Carroceria: sedã, 4 portas, 5 lugares
Dimensões: comprimento, 444 cm; largura, 173 cm; altura, 144 cm; entre-eixos, 254 cm; peso, 1.261 kg; pneus, 195/55 R15

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