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O que precisa ser diferente em oficinas de carros elétricos e híbridos

Oficinas especializadas em carros elétricos e híbridos devem ter alguns equipamentos específicos, assim como infraestrutura e capacitação

Por Fernando Miragaya
14 nov 2024, 09h15
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  • O novo sempre vem, já dizia Belchior em uma canção imortalizada na voz de Elis Regina. Na indústria automotiva isso é fato mais que comprovado. As tecnologias chegam e o mercado acompanha e se adapta, para atender as novas necessidades que surgem na sequência, como fará com os carros elétricos e híbridos.

     

    Este é o caso das oficinas de reparação. Só que a leva de veículos eletrificados que vai bater à porta de oficinas independentes, passada a cobertura original de fábrica, traz complexidade maior para o pós-venda. Bem maior, diga-se de passagem.

    Ao contrário de algumas transformações na história do automóvel – como a adoção da injeção eletrônica e eletrônica embarcada, para citar as recentes –, cuidar de modelos que usam baterias de alta- -tensão demanda infraestrutura e conhecimento.

    O dono de um elétrico ou híbrido (leve, pleno e plug-in) que quiser recorrer a uma mecânica fora das concessionárias vai precisar observar alguns pontos ao deixar seu carro. Nesses casos, a primeira impressão é a que fica: a loja tem de ter um espaço dedicado a esse tipo de veículo.

    “Não é uma manutenção que um mecânico vai, faz um pouquinho aqui e depois retoma. Tem que ter área isolada, porque o serviço tem de ter começo, meio e fim, como se fosse uma linha de produção, para que os processos sejam feitos na ordem correta e sejam testados sempre”, explica Fernanda Giacon, gerente sênior de excelência comercial, clientes e estratégia da ZF América do Sul.

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    Ninguém entra, ninguém sai

    Avisos de perigo devido à alta-tensão estão por todas as partes
    Avisos de perigo devido à alta-tensão estão por todas as partes (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)

    Ou seja, a oficina tem de ter uma área exclusiva, sinalizada e isolada por cones, com piso adequado. Além disso, todos os equipamentos necessários devem estar neste ambiente seletivo.

    “Durante o serviço, nada do que está fora entra, nada do que está dentro sai. Não pode nem entrar com copo de café naquela área. Nada que não for pertinente à manutenção pode entrar na área de exclusão. Não pode ter parte viva que possa promover curto-circuito”, reforça o engenheiro Wanderlei Marinho, do comitê de veículos elétricos e híbridos da SAE Brasil.

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    Alguns equipamentos também são específicos para o reparo de veículos eletrificados. São necessários aparelhos para medir tensões elevadas, de 300 V a 800 V, chamados HV Tester. Medidores de tensão das baterias, alicates de correntes – espécie de alicate que abraça o fio e faz a medição de corrente – e osciloscópios são outros itens fundamentais.

    Ferramentas usadas numa oficina mecânica de carros elétricos e híbridos
    Luvas e ferramentas especiais são exigências regidas por normas técnicas (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)

    Antes de iniciar um serviço, a primeira coisa a ser feita é desligar os sistemas elétricos. “O profissional desliga a tensão do carro, mas após desligar precisa medir e confirmar se está sem tensão”, ressalta Rafael Galperin, diretor de vendas e desenvolvimento de negócios da Valeo para a América do Sul.

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    Além disso, já existem elevadores específicos para carros híbridos e elétricos, muitas vezes identificados com um adesivo “high volt”. Assim como elevadores especiais para as pesadas baterias são comuns em oficinas que hoje cuidam deste segmento de veículos no pós-venda.

    Descarga eletrostática

    BMW IX Tecnologia
    Conjunto de baterias do BMW iX xDrive40 e um galão com seu fluido de arrefecimento (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)

    Mesmo as bancadas precisam ter uma atenção especial. Materiais não condutores e que evitem a chamada ESD (sigla para electrostatic discharge, ou descarga eletrostática) são fundamentais. Isso, claro, se estende aos profissionais que vão fazer o serviço – sempre dois, no mínimo. Os mecânicos devem ter os famosos Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs): óculos, luvas e sapatos de proteção específicos para alta tensão.

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    E, claro, a qualificação desses funcionários é imprescindível para evitar acidentes. Então, na hora de consertar o carro elétrico ou híbrido, veja se o estabelecimento exibe orgulhosamente certificações na parede nesta área de reparação automotiva de carros elétricos e híbridos – e onde ele obteve as qualificações.

    Circuito de um carro elétrico
    Conectores e cabos laranja identificam por onde passa a eletricidade em alta-tensão e/ou corrente (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)

    “Da mesma forma que você vai ao médico e vê os diplomas e certificados, é mais um ponto visual para o cliente observar. O mecânico não consegue fazer esse tipo de manutenção se não for certificado”, destaca Fernanda Giacon, da ZF.

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    Nessas qualificações, os funcionários entendem os processos necessários, especialmente pela própria segurança.

    “O funcionário precisa checar se o sistema foi corretamente desligado e ter o esquemático do carro para entender qual circuito que ele vai interromper para fazer o serviço. Um ponto importante é ter esse bom procedimento de desmontagem”, reforça Rafael Galperin, da Valeo.

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