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Mitos e verdades da “empurroterapia”

Você acha que limpeza de válvula injetora ou descarbonização é uma embromação? Nem sempre. Descubra quando elas são realmente necessárias

Por Felipe Bitu
Atualizado em 30 abr 2021, 17h11 - Publicado em 17 mar 2016, 20h21

Oficina mecânica

Pergunte a quem já fez revisões numa concessionária quantas vezes achou no orçamento uma série de serviços desnecessários, como limpeza de bico ou descarbonização. É a famosa empurroterapia que tanto se vê nos carros de Longa Duração. Mas você sabe quando eles são mesmo necessários? Se não faz ideia, aprenda a seguir o que são esses serviços e em que condições devem ser feitos, para você não ser levado no bico.

1. LIMPEZA DE BICO

O que é:

É um procedimento relativamente simples, que consiste na remoção de obstruções que comprometem o funcionamento da válvula injetora (também chamada de bico injetor), que é formada por um corpo cilíndrico, que armazena combustível pressurizado, e uma agulha móvel, responsável pelo controle da vazão do combustível.

Cada movimento da agulha dura milésimos de segundo e libera uma pequena quantidade de combustível, formando um spray que se mistura ao ar no coletor de admissão. Se os bicos estiverem sujos, devem ser colocados numa máquina apropriada, que fará a limpeza por ultrassom injetando também um líquido à base de querosene.

Quando fazer:

Fabricantes de automóveis e sistemas de injeção garantem que os bicos são autolimpantes, sendo difícil ou quase impossível a formação de resíduos. O que significa que uma oficina nunca deveria sugerir a limpeza como manutenção preventiva, apesar de essa ser uma desculpa comum.

De fato, só poderá ser feita em casos excepcionais, quando há acúmulo de partículas que alteram o spray de combustível. “Por mais aperfeiçoada que seja a tecnologia do bico, não podemos negligenciar que impurezas no combustível podem vir a comprometer seu funcionamento”, diz Eduardo Polati, engenheiro da PowerBurst, empresa de pesquisa na área de motores.

Os principais sinais de entupimento são aumento no consumo, funcionamento irregular e desempenho fraco. Mas é fácil prevenir o problema. Basta usar combustível de qualidade (de preferência aditivado) e ficar atento ao filtro de combustível, seguindo os prazos de troca de manual. “A maioria das falhas associadas a impurezas nos bicos está relacionada à saturação do filtro. Como na maioria dos carros ele está localizado perto ao tanque, local de difícil acesso, poucos proprietários se lembram disso”, diz Polati.

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2. FLUSHING

O que é:

É a limpeza do sistema de lubrificação do motor, para impedir ou eliminar a borra, que é o acúmulo de resíduos de óleo oxidado. A causa pode estar no uso de lubrificantes fora da especificação de fábrica, combustível adulterado ou extensão do período de troca do lubrificante. O flush é um aditivo com alta concentração de detergentes que agem com o motor funcionando minutos antes da troca de óleo.

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Quando fazer:

Não há consenso sobre o momento ideal de fazer o flushing e muitos até acham o serviço discutível na maioria dos casos. “Em geral ele é incapaz de remover resíduos que se formam nos capilares do sistema de lubrificação. Se o motor estiver com grandes depósitos de borra, o melhor é desmontá-lo e efetuar a limpeza completa de todos os componentes internos”, diz nosso consultor técnico e responsável pelos desmontes do Longa Duração, Fábio Fukuda.

Para Eduardo Polati, o resultado também dependeria muito do produto utilizado. “Detergentes fortes como salicilatos e carbonatos são capazes de remover depósitos de borra, que são eliminados do sistema ao drenar o óleo velho. Se o produto utilizado tiver a química correta, ele será eficaz na limpeza interna do motor”.

Mas ambos concordam que nada justifica o uso do flushing em motores bem cuidados, que estejam com o plano de revisões programadas em dia. O melhor é sempre evitar a formação de borra, pelo uso de combustível de boa qualidade e trocas de óleo e filtro realizadas nos prazos corretos.

3. DESCARBONIZAÇÃO

O que é:

É outro tipo de limpeza do motor, mas relacionada às peças que estão em contato direto com a combustão interna, feita com um produto químico específico. Pistões, câmaras de combustão, válvulas e até mesmo dutos de admissão estão sujeitos à carbonização, que é a formação de depósitos de carbono, resultado de uma combustão incompleta.

Quando fazer:

Só quando os depósitos de carbono comprometerem o funcionamento do motor. O principal sintoma é a falha na vedação nas válvulas, o que reduz o desempenho e aumenta o consumo. Em casos extremos, pode levar à pré-detonação (batida de pino), que pode até furar o pistão.

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Assim como o flushing, sua eficiência é discutível. “A carbonização é de difícil remoção até mesmo por processos físicos como a abrasão, imagine com um produto químico”, diz Fukuda. Ele explica que um processo químico como os oferecidos no mercado pode até atenuar os efeitos de uma carbonização leve, mas não será capaz de propiciar uma limpeza interna totalmente eficaz. “

A limpeza completa só é possível com banho químico, durante a retífica do cabeçote ou motor”, diz Fukuda, que faz questão de lembrar que esse é um problema maior de motor a gasolina. “Nos flex, o uso do etanol diminui bastante a carbonização no motor.”

4. HIGIENIZAÇÃO DO AR-CONDICIONADO

O que é:

Seu objetivo é eliminar fungos e bactérias que se desenvolvem no sistema. Por ser um equipamento que está sempre úmido, a sujeira acumulada nele acaba se tornando o ambiente ideal para proliferação de microrganismos. “Ela é fundamental, principalmente nos carros sem filtro antipólen”, diz Jose Carlos Kruppa, da Klimacar, empresa especializada em ar-condicionado. O filtro impede que a caixa de ventilação fique cheia de detritos, como folhas, poeira ou até mesmo pequenos insetos.

Quando fazer:

Nos modelos sem filtro, a higienização deve ser feita a cada 15.000 km. Se o carro roda pouco, o ideal é a cada seis meses. “Em veículos com o filtro, é possível dobrar esses prazos”, afirma Krup­pa. Mas para isso é importante se lembrar de trocar também o filtro antipólen a cada 15.000 km ou seis meses. Em veículos que trafegam em área com muita poeira, contudo, a troca deve ser feita aos 10.000 km.

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