Qual a diferença entre câmbio automático, CVT e dupla embreagem?
Entenda como funcionam o conversor de torque, o CVT e a dupla embreagem (DCT), as vantagens dinâmicas de cada sistema e o impacto direto no consumo e manutenção
Pedro Luiz Ponick, Joinville (SC)
Para entender o que é cada uma dessas coisas, vamos por partes. Estamos falando aqui de transmissões, no caso, as automáticas e automatizadas, que têm as suas diferenças.
O conversor de torque é responsável por substituir a embreagem nos carros com transmissão automática tradicional, ou seja, que usa engrenagens. Ele fica localizado entre o motor e a caixa de câmbio, transmitindo o torque de um para o outro.
Como explica o engenheiro Almiro Moraes Jr., especialista em transmissões da SAE Brasil, o conversor de torque é uma peça hidráulica e fechada, composta por uma bomba de óleo, um estator e uma turbina. O primeiro se conecta ao motor, o estator fica no meio e direciona o fluxo do fluido, e o último se conecta com a transmissão. “O óleo proporciona movimento torcional entre duas hélices, similar às pás de um ventilador colocadas frente a frente.”
É um sistema maduro e conhecido pela suavidade, mas que pode apresentar um leve lag (atraso) de resposta devido à natureza do acoplamento fluido. Para compensar isso, a maioria dos conversores de torque têm o sistema “Lock-up”, que trava o conversor de torque em velocidades de cruzeiro, evitando o deslizamento e economizando combustível.
O CVT é um outro tipo de transmissão automática, com um funcionamento diferente. A tradução da sigla é “transmissão variável contínua” e o seu funcionamento reflete bem isso. Ao invés de termos engrenagens sequenciais, o CVT utiliza um esquema de duas polias cônicas ligadas por uma correia ou corrente, podendo variar a relação entre elas de forma gradual, suave e sem trancos.
“A grande vantagem do câmbio CVT é ter relações de marchas ‘infinitas’ sendo possível parametrizar o motor em um ponto de menor consumo”, explica o especialista.
Por último, temos a dupla embreagem (DCT), um tipo de transmissão automatizada, pois todo o sistema segue o princípio de uma caixa manual, mas com atuadores eletrônicos e hidráulicos que operam a embreagem e fazem as trocas sozinhos. E, como o nome sugere, no câmbio de dupla embreagem há duas embreagens, que se alternam no acoplamento das engrenagens (marchas): uma cuida das pares e outra das ímpares.
Enquanto o carro acelera em segunda, a terceira já está pronta para o acoplamento, garantindo trocas quase instantâneas. Isso fornece mais velocidade nas trocas, já que enquanto uma está acoplada, a outra já está pronta para a troca.
Performance e dinâmica: o que o motorista sente
As transmissões de dupla embreagem levam vantagem em performance e consumo. Por possuírem duas embreagens que se alternam, elas oferecem trocas muito mais rápidas e evitam o atraso característico do conversor de torque.
O CVT destaca-se pela eficiência energética. Sua grande vantagem é possuir relações de marchas “infinitas”, o que permite parametrizar o motor para trabalhar sempre em seu ponto de menor consumo. Além disso, proporciona uma condução sem trancos, ideal para o uso urbano.
Em contrapartida, os automáticos convencionais costumam oferecer trocas mais imperceptíveis em baixas velocidades e são reconhecidos por serem um sistema mais maduro e com menor histórico de problemas de confiabilidade comparado aos primeiros DCTs do mercado.
Mercado e Manutenção
Em termos de confiabilidade, o câmbio automático tradicional ainda é muito respeitado no mercado brasileiro. No entanto, o conserto de uma caixa automática pode ser complexo e caro, muitas vezes exigindo a substituição total do componente em vez de reparos parciais.
Os sistemas de dupla embreagem, embora superiores em tecnologia e velocidade, já sofreram com problemas de confiabilidade em modelos específicos no Brasil, gerando reclamações sobre durabilidade e custo de manutenção. O CVT, por sua simplicidade mecânica de polias e correia, tende a ser uma solução robusta e eficiente para veículos de passeio focados em economia.
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