Correio técnico: por que a gasolina e o etanol não são puros?
É uma saída para baixar o preço do combustível e a sua produção naturalmente já resulta em um volume de até 5% de água
Por que a gasolina brasileira tem etanol anidro e o etanol vendido nos postos é misturado com água? Os carros teriam um rendimento melhor se usassem etanol anidro? – José Debon, por e-mail
O principal motivo para a gasolina ter etanol e o etanol, água, é um só: custo.
“Adicionar etanol à gasolina é uma saída para baixar o preço do combustível e substituir o chumbo tetraetila como agente para aumentar a octanagem”, afirma Francisco Nigro, conselheiro da SAE Brasil.
Atualmente no Brasil a gasolina comum pode ter até 27% de etanol em sua composição. Nas gasolinas de alta performance (Petrobras Podium, Shell Racing e Ipiranga Octapro) esse índice cai para 25%.
Já o etanol combustível é hidratado porque seu processo de produção naturalmente resulta em um volume de até 5% de água.
Transformar esse combustível em etanol anidro (que tem menos de 0,3% de H₂O) exige um processo de refino extra, que torna o combustível mais caro.
“A razão técnica do etanol misturado à gasolina ser anidro é para impedir a separação da água no combustível (fenômeno possível em misturas de diferentes substâncias). Por ser mais puro, porém, o anidro deixaria o motor com rendimento melhor”, diz Nigro.
Dificuldade de homologação
Ainda que tenha um baixo percentual de água em sua composição, o etanol hidratado usado como combustível no Brasil é considerado puro e, por isso, é chamado de E100.
Isso, somado ao fato da nossa gasolina não ser pura (E27), acaba prejudicando a adaptação de veículos importados ao mercado nacional.
Em regiões como Estados Unidos e Europa a gasolina é pura, o que possibilita um rendimento melhor do motor, resultando em um menor consumo de combustível.
Nestes mesmos lugares também é possível encontrar etanol, mas lá o biocombustível possui 15% de gasolina misturado (E85).
Isso elimina a necessidade de sistemas para auxiliar a partida a frio, pois facilita a pulverização do combustível em baixas temperaturas.