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Como avaliar um carro usado com olhos de profissional

O que você precisa saber para não fazer uma compra impulsiva se tornar uma compra explosiva

Por Luís Perez
Atualizado em 23 abr 2021, 00h47 - Publicado em 19 jan 2016, 15h43

Feirão de automóveis

Sabe aquele seu amigo sortudo que sempre consegue achar aquela “mosca branca”, aquele usado imaculado que parece que acabou de sair da fábrica? Pois nós vamos revelar alguns segredos para você também se dar bem na compra de um carro de segunda mão. Veja as dicas de vendedores de lojas multimarcas, avaliadores de concessionárias ou técnicos de seguradoras que fazem vistorias. Abra o olho e aprenda como fazer o melhor negócio.

CARROCERIA

Exame da lataria

Exame da lataria

• Nunca inspecione o carro em dia de chuva: as gotas de água escondem as imperfeições de lataria ou pintura. Evite ainda o sol do meio-dia ou do fim da tarde, o que dificulta a avaliação.

• Observe os encaixes de portas, capô e tampa do porta-malas. Eles devem estar alinhados. Todos os vãos devem ter espaços iguais e as portas não devem raspar nos batentes. Qualquer diferença pode indicar que o carro foi batido.

• Passe o dedo no vão das portas. A distância tem de ser a mesma em toda a extensão e em todas as portas. Se um lado tiver espaçamento menor que outro, o carro pode ter sido batido e mal desamassado. Pode até ter problemas de alinhamento.

• Diferença de tom da pintura externa em relação à interna (em geral em portas ou batentes) é um indício importante. Essa diferença tem de existir, pois por fora o carro é envernizado e brilha mais. Na lataria interna, a cor é mais fosca. Alguns funileiros deixam tudo no mesmo tom, denunciando o reparo.

• Olhe o carro de frente, encostando o rosto no para-lama e analisando toda a lateral. Esse recurso é eficiente para descobrir diferenças de textura na tinta, desalinhamento das portas ou pequenos amassados na chapa.

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• Pontos de tinta bem pequenos em lanternas, faróis, grades e para-choques denunciam uma repintura. Há oficinas que, em vez de desmontar a lataria, apenas empapelam essas peças para ganhar tempo.

• Abra o porta-malas e levante o estepe. Se o lugar onde fica o pneu estiver oval ou amassado, pode ter sido mal consertado após uma batida na traseira.

• No teto do automóvel, quase sempre há três borrachas que denunciam uma nova pintura: a da junção entre para-brisa e capota e as que escondem a emenda do teto com as laterais. Levante um pedacinho e veja ou apenas passe o dedo por baixo da borracha. A diferença de tonalidade e o “degrau” entre a tinta nova e a tinta antiga vão revelar que a lataria já foi pintada.

• Retire as borrachas que ficam em volta dos batentes das portas, que são apenas encaixadas. Você encontrará os pontos de solda originais de fábrica. A distância entre eles costuma variar entre 5 e 10 centímetros. Se não houver ou faltarem alguns pontos, é porque a lataria foi reparada. Tem oficina que até cola as borrachas para evitar que elas possam ser retiradas, escondendo assim o conserto.

• Confira se todos os números do chassi que estão gravados nos vidros são os mesmos do carro e do documento. Há alguns falsificadores que não remarcam os vidros, porque geralmente ninguém se lembra de checá-los. Confira também se o desenho das letras é igual em todas as marcações. Dificilmente as empresas de gravação conseguem reproduzir o mesmo padrão em um novo vidro.

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MECÂNICA

Scanner automotivo

• Ligue o carro e veja se ele demora para dar a partida. Se isso acontecer, pode haver folga no motor.

• Retire a vareta do óleo e confira se ele não está esbranquiçado (sinal de mistura com água).

• O motor está sem nenhuma gota de óleo ou marca de poeira? Cuidado. A lavagem completa pode ser um truque para esconder vazamentos.

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• No test-drive, cheque se durante a frenagem não há ruído (sinal de pastilha gasta) ou se o carro não pende para um lado (indicador de problemas). Passe em ruas de paralelepípedo para verificar se a suspensão não tem ruídos estranhos.

• Confira se os pneus estão desgastados por igual, se são da mesma marca e do mesmo lote. Em carros com quilometragem mais baixa (menos de 30 000 km), não há por que eles terem sido trocados, o que pode ser indício de adulteração do hodômetro. Se eles tiverem medidas diferentes, fuja correndo. É uma prova de que o dono não era cuidadoso.

• Peça para ir a um posto de gasolina. Por menos de 5 reais, o frentista põe o automóvel num elevador hidráulico, permitindo uma checagem da parte inferior. É hora de procurar marcas de soldas ou trincas no monobloco, um escapamento enferrujado ou vazamentos de óleo.

• Escapamento tem de estar preto de fuligem. Se estiver melado de óleo, é porque o motor precisa de conserto. Fumaça azulada também é mau sinal.

INTERIOR

luz do airbag

• Dentro do carro, veja o hodômetro – muitos são adulterados. Cheque o pedal de freio. Se estiver muito desgastado, é porque deve ter mais de 60 000 ou 70 000 km. O mesmo vale para volante e câmbio, se estiverem muito lisos, sem a rugosidade do plástico. A regra não vale para couro, que se desgasta mais rapidamente.

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• Em carro com airbag, gire a chave e olhe no quadro de instrumentos. A luz do airbag deve se acender por alguns segundos e depois se apagar, indicando que tudo está em ordem. Se não acender, há algo errado. Há casos em que o dono bate, repara o painel, desliga a luz ali e não instala um novo airbag.

• Verifique se os bancos estão firmes e não apresentam desgaste irregular. Cheque no porta-luvas se o manual está lá e se o vendedor tem a chave-reserva. Isso diz muito sobre a maneira como o automóvel foi cuidado.

• Não se esqueça de testar ar-condicionado e vidros elétricos, bem como de checar se todas as luzes do veículo acendem apropriadamente. Evite dores de cabeça depois.

• Uma forma de descobrir se o carro é roubado é pelos cintos de segurança, onde há uma etiqueta com o ano de fabricação. O ano do documento deve ser o mesmo da etiqueta.

DEIXA COM ELES

Se você é desses que não têm paciência para fazer uma inspeção por conta própria ou não entendem nada do assunto, não se desespere. Há empresas especializadas em vistoria técnica. E nem é tão caro. Dependendo da análise, pode custar entre 120 e 300 reais. São verificados todos os dados de procedência a partir de uma série de informações de uma base de dados.

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Após esse pente fino, dependendo do serviço contratado, o proprietário do veículo recebe uma garantia de três anos de que não há registro de roubo ou furto anterior. Também descobrem se o carro foi reparado, se houve pintura malfeita, se existem trincas, problemas na parte estrutural ou no número de motor, chassi, carroceria, entre outros.

É um serviço usado por quem vende (para valorizar o veículo) e por quem compra (para não cair numa roubada). Por meio de bancos de dados integrados, essas empresas cruzam informações e verificam vários itens, como históricos de acidente e roubo, se o carro já esteve em leilões, quilometragem real e as condições do veículo.

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