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Zero DS

Com desempenho de moto média e boa autonomia, a Zero torna realidade a utopia do veículo elétrico

Por Marcelo Brettas | foto: Guilber Hidaka
Atualizado em 9 nov 2016, 11h55 - Publicado em 5 dez 2011, 16h45
Zero DS

A história das motos elétricas é muito recente, mas já tem em Neal Saiki um de seus protagonistas. Em 2006, o jovem engenheiro, que já havia abandonado um emprego na Nasa, a agência aeroespacial norteamericana, para se tornar projetista de bicicletas como Trek e Santa Cruz, fundou em um galpão na cidade de Santa Cruz, Califórnia, a Zero Motorcycles, para produzir em série a primeira moto elétrica capaz de atingir velocidades aceitáveis e autonomia que possibilitasse seu uso no dia a dia. Do primeiro protótipo, que ficou pronto em 2008, até hoje, o galpão recebeu milhões de dólares de investidores e passou a exportar uma gama que já chega a cinco modelos. Seu mais recente lançamento é a Zero XU, uma Cross Urban que tem como maior atributo a fácil remoção das baterias, permitindo a troca em postos de reabastecimento ou ainda seu transporte para recarga em casa ou no escritório. A linha se completa com a Zero DS (Dual Sport), avaliada aqui, S (Street), Zero MX (Motocross) e X (Trail).

Apesar de toda sua discrição sonora, ela chama atenção. Nos semáforos, nas paradas, no estacionamento, na garagem de casa, repeti as explicações dezenas de vezes. Ao chegar em uma festa, precisei estacioná-la em uma descida. Aí surgiu o problema: como ela não tem câmbio nem freio de mão, como estacioná-la em declive? Logo se formou uma rodinha, providenciando calços e perguntas. O movimento só se dissolveu com a minha partida, silenciosa, mas em grande estilo: o único ruído é o da corrente – que deve ser eliminado nas novas versões, com a adoção de correia sintética.

Satisfazer a curiosidade diante da novidade é apenas um dos desafios impostos pela moto alternativa. No primeiro dia com a Zero, saí da zona sul de São Paulo e fui ao extremo oeste, a mais de 30 km de distância. Depois de uma carga rápida, parti para uma sessão de fotos. Para quem não sabe, os fotógrafos têm sempre uma locação “melhor” – e um pouco mais distante. O marcador de carga da bateria – similar aos marcadores de combustível – foi baixando e baixando, até que começou a piscar e emitir sinais sonoros. Seguimos, e ela perdendo força, como a pilha de uma lanterna. Até que “morreu”.

Estava em frente a uma fábrica e dei sorte de encontrar seguranças simpáticos que me permitiram conectá-la a uma tomada de 220 V (ela aceita igualmente 110 ou 220V), algo bem tranquilo, já que o regulador de voltagem faz parte do corpo da moto e o fio de recarga fica encaixado no interior do quadro. Ainda enfrentei outras duas “panes secas”, mas provocadas com o objetivo de medir sua autonomia, que atingiu 41,2 km quando utilizada de forma esportiva, em velocidades beirando os 100 km/h, mas que chegou a 74,1 km quando utilizada de maneira mais conservadora e a uma média de 50 km/h de velocidade.

Se a autonomia sinaliza a viabilidade de seu uso urbano, principalmente se é possível recarregá-la durante os períodos de trabalho, estudo ou lazer, sua performance a gabarita em definitivo para essa prática. A Zero DS registrou, na pista de testes, velocidade máxima de 106,5 km/h e acelerações e retomadas com tempos de fazer inveja a muita moto de média cilindrada, ficando muito próxima das marcas da Honda XRE 300, por exemplo.

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O quadro tem perfil largo, pesa apenas 8 kg e é construído de alumínio aeronáutico, envolvendo por completo o enorme conjunto de baterias de íon de lítio, que recebem uma cobertura branca que as deixa ainda mais chamativas e revelam as características de seu propulsor mesmo quando desligada – o que, convenhamos, não faz a menor diferença, já que seu som ligada ou desligada é o mesmo: nenhum!

Além de leve e maneável, a Zero DS é bem fina, lembrando uma moto de trial ou uma bicicleta de mountain bike. Isso é possível porque ela não necessita de tanque de combustível, radiador, escapamento e toda traquitana que acompanha um motor a combustão. Essa solução facilita a pilotagem e sua posição em uma tocada mais agressiva é das melhores, principalmente no fora de estrada.

O motor tem uma curva absolutamente linear, basta girar a manopla e ela descarrega tudo que tem, até o fim… Nada de faixa vermelha. As curvas ou pequenos saltos exigem técnica de pilotagem mais próxima à das bicicletas, já que não é possível reduzir marchas e aumentar a tração nessas situações. A boa geometria do quadro e do conjunto de suspensões e freios colabora nessa missão, e em pouco tempo você a estará torcendo em curvas fechadas, no melhor estilo motard.

Segundo o fabricante, a vida útil da bateria de íon de lítio é de 1 600 ciclos de carga, o que equivale a algo próximo de 100 000 km. A troca do conjunto equivale à retífica de um motor a gasolina. Custa nos Estados Unidos cerca de 2 500 dólares (perto de 4 600 reais).

A carga completa leva cerca de 4 horas. O carregador rápido é vendido por 600 dólares (cerca de 1 100 reais). Uma carga completa nos Estados Unidos custa menos de meio dólar. Em nossa realidade e diante da autonomia da DS, isso equivaleria a uma moto com um consumo de cerca de 200 km/l em condução econômica.

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No Brasil, a Zero DS custará 30 000 reais, razoável se considerarmos que os veículos elétricos ainda não têm subsídios ou incentivos tributários como em outros países e que qualquer tecnologia de ponta tem seu custo.

TOCADA

Surpreendente. Acelera com força e energia, mas exige adaptação no estilo de pilotagem, principalmente nas curvas.

★★★★

DIA A DIA

Dá para ser usada diariamente, sem problemas. É maneável, arranca forte nos semáforos e tem autonomia suficiente para uso urbano.

★★★★★ ESTILO

Chama demais atenção: alguns a odeiam, outros garantem que está entre as mais bonitas. Moderna, como o uso da eletricidade em veículos, ela é!

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★★★★

MOTOR E TRANSMISSÃO

O motor despeja todo seu torque e potência de forma linear e contínua. A versão com transmissão final por correia a deixará ainda mais silenciosa.

★★★★ SEGURANÇA

O sistema de freio é eficiente e leve e o conjunto de suspensões dá conta do recado no asfalto e na terra.

★★★★

MERCADO

Mesmo nos Estados Unidos, ela é cara. Mas a sensação de acelerar sem ruído e sem agredir o meio ambiente não tem preço.

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★★★★

VEREDICTO

A Zero é o tipo de opção que se faz mais com a consciência que com a calculadora. Na prática, ela é mais que viável no trânsito urbano. É legal!

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