Não é demérito algum chamar o Sandero de carro de frota. Afinal de contas, todo veículo de locadora precisa ser robusto e funcional – duas características apreciadas pelos compradores de compactos e presentes em seu projeto.
Foi assim que ele se tornou o modelo mais vendido da marca francesa no país ano passado, alcançando o Top 5 dos modelos mais emplacados do mercado brasileiro. E se depender da Renault, o Sandero tem tudo para alçar voos mais altos com a chegada da nova linha de motores SCe (de Smart Control Efficiency).
Feito inteiramente de alumínio, o moderno 1.0 de 12 válvulas (cuja versão simplificada equipa o recém-lançado Kwid) pesa 20 kg a menos que seu antecessor. A potência subiu para 82/79 cv, um ganho de 2 cv a mais independente do combustível.
Além do duplo comando de válvulas variável na admissão e no escape, o conjunto tem tecnologias voltadas para a redução do consumo.
Uma delas é o sistema ESM (Energy Smart Management, ou Administração Inteligente de Energia), que mantém o motor girando mesmo quando o condutor tira o pé do acelerador, repassando diretamente para a bateria a energia coletada pelo alternador, evitando que este roube energia do motor para alimentar a bateria.
A Renault diz que o sistema reduz o consumo em até 2%, enquanto a direção eletro-hidráulica (que deixou o carro mais fácil de manobrar) colaboraria com até 3% na economia de combustível.
No entanto, nossos testes mostraram que, na prática, o Sandero não melhorou seus números de consumo na cidade (11 km/l contra 11,2 km/l do 1.0 anterior) nem na estrada (13,8 km/l ante 14,9 km/l).
Em contrapartida, houve uma evolução significativa no desempenho do compacto.
Valente, o carro é bem mais ágil do que seu antecessor. Foram necessários 15,9 segundos para o hatch ir de 0 a 100 km/h, ante 17,3 segundos do antigo hatch.
O Sandero 1.0 SCe é quase 3 segundos mais ágil na prova de retomada de 80 a 120 km/h: são 24,6 segundos contra 27,4 segundos.
Se o coração é novo, por outro lado alguns problemas persistem. O câmbio manual de cinco marchas melhorou, mas segue com engates imprecisos, e o acabamento ainda deixa a desejar pelo uso excessivo de plásticos duros.
A central multimídia Media Nav (vendida juntamente com o sensor de estacionamento no pacote Techno Pack por R$ 1.300) é fácil de operar, mas já está ficando obsoleta diante das opções mais modernas da concorrência.
Um exemplo claro é a evolução do MyLink com suporte para Android Auto (que agora permite usar Waze a bordo) e Apple CarPlay, presente em vários modelos da GM – inclusive o Onix.
Entretanto, quem compra um Sandero releva esses defeitos em nome de uma grande virtude. Até agora nenhum concorrente oferece tanto espaço para passageiros e bagagem pelo mesmo preço.
A versão Authentique custa R$ 44.050 e a Expression (que agrega banco de motorista e coluna de direção com regulagem de altura, retrovisores e maçanetas da cor do carro e computador de bordo) sai por R$ 47.850.
Veredicto
Antes famoso pela boa relação custo-benefício, o Sandero agora tem no desempenho outro motivo para justificar a compra
Teste de pista (com gasolina)
- Aceleração de 0 a 100 km/h: 15,8 s
- Aceleração de 0 a 1.000 m: 37 s
- Retomada de 40 a 80 km/h (em 3ª): 8,8 s
- Retomada de 60 a 100 km/h (em 4ª): 14 s
- Retomada de 80 a 120 km/h (em 5ª): 24,6 s
- Frenagens de 60 / 80 / 120 km/h a 0: 15,6 / 27,6 / 65,8 m
- Consumo urbano: 11 km/l
- Consumo rodoviário: 13,8 km/l
Ficha técnica – Renault Sandero Expression 1.0 SCe
- Preço: R$ 47.850
- Motor: flex, diant., transv., 3 cil., 999 cm3, 12V, 82/79 cv a 6.300 rpm, 10,5/10,2 mkgf a 3.500 rpm
- Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
- Suspensão: McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.)
- Freios: discos ventilados (diant.) / tambor (tras.)
- Direção: elétrica, 10,6 m (diâmetro de giro)
- Rodas e pneus: aço, 185/65 R15
- Dimensões: comprimento, 406 cm; altura, 153,6 cm; largura, 173,3 cm; entre-eixos, 259 cm; peso, 1.011 kg; tanque, 50 l; porta-malas, 320 l