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Teste: Ford Mustang GT V8, ele já está entre nós

O primeiro flerte do pony car com o Brasil foi em 1994, mas era só um passeio. Agora, 24 anos depois, ele enfim passa a ser oficialmente importado para cá

Por Péricles Malheiros Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
13 abr 2018, 16h34
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  • Ford Mustang
    Mustang passa a ser oficialmente importado para o Brasil (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    O dólar custava menos de R$ 1, Forrest Gump levou milhões ao cinema, falecia o tricampeão Ayrton Senna, nascia a Seleção brasileira tetracampeã.

    Era 1994, ano em que o estande da Ford no Salão do Automóvel exibia pela primeira vez o Mustang, um reluzente cupê vermelho na versão GT com motor 5.0.

    É 2018. Num autódromo no interior de São Paulo, em evento oficial da Ford, separamos uma unidade vermelha do Mustang. Versão GT. Motor 5.0.

    Ford Mustang
    Na pista, é curva para um lado e volante para o outro (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    O encontro era para a Ford pagar a sua dívida de quase 30 anos ao anunciar que o Mustang, finalmente, passa a fazer parte da lista de modelos importados oficialmente para o Brasil.

    Maurício Greco, diretor de marketing da Ford, diz: “A paixão do brasileiro pelo Mustang é tanta que há cerca de 2.000 unidades registradas que foram trazidas de maneira independente”.

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    Ford Mustang
    Elevação no lado direito cria ambiente de duplo cockpit (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Mas, apesar do sobrenome igual, o novo GT 5.0 é muito superior ao seu ancestral.

    Agora, o Mustang é o tipo de esportivo que você pode passear com o filho pequeno (atrás, onde há ganchos Isofix para assentos infantis) e a esposa grávida (no confortável banco dianteiro, com direito a couro e ventilação com aquecimento e resfriamento).

    Ford Mustang
    Os bancos ganharam desenho retrô (Christian Castanho/Quatro Rodas)
    Ford Mustang
    Nos bancos traseiro o espaço é mínimo, mas tem Isofix (Christian Castanho/Quatro Rodas)
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    Mas digo isso não apenas pelo conforto dos bancos, mas pelo comportamento dinâmico: no modo mais manso de condução, a suspensão trabalha suave, as trocas de marchas mantêm a rotação do motor abaixo de 2.000 rpm e o escape silencia.

    Mas com todo o respeito à família brasileira: o Mustang é um mito da esportividade, não uma minivan. Sendo assim…

    Para adequar o apetite do cupê ao ambiente e ao estado de espírito do piloto, há seis modos de condução predefinidos: Normal, Esportivo, Esportivo +, Pista, Drag e Neve.

    Ford Mustang
    No modo Drag (arrancada), luzes sinalizam a largada (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Há ainda um modo extra, no qual o piloto personaliza o nível de velocidade de resposta ou grau de intrusão do câmbio, acelerador, ABS, ESP, direção, suspensão e escapamento.

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    Estranhamente, no evento de apresentação, a Ford vetou o uso dos modos mais quentes, bem como do recurso para aquecimento de pneus, Line Lock, que ativa os freios dianteiros para segurar o carro enquanto os pneus traseiros viram fumaça.

    Teste: Ford Mustang GT V8, ele já está entre nós
    Line Lock: recurso para aquecer os pneus. E o piloto também (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Os puristas podem espernear, mas o fato é que o Mustang perdeu aquela característica de cavalo indomável das gerações anteriores.

    O auxílio da eletrônica trouxe docilidade, especialmente a partir de 2015, quando a sexta geração foi apresentada. Naquele ano, o Mustang ganhou suspensão traseira de múltiplos braços, no lugar do eixo rígido.

    Agora, o modelo 2018 conta com amortecedores MagneRide, adaptativos, com rigidez de trabalho alterada em função de sensores capazes de ler a condição da pista mais de 1.000 vezes por segundo.

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    Sob condução normal, a suavidade do novo conjunto de suspensão faz esquecer que se está a bordo de um esportivo calçado com enormes pneus 255/40 na dianteira e 275/40 na traseira, ambos montados em rodas aro 19.

    Na pista, o cupê tende a esparramar mais nas curvas longas que esportivos alemães, por exemplo. Mas ele responde rápido aos movimentos do volante e, principalmente, do pedal do acelerador.

    Ford Mustang
    Motor do pony car tem 466 cv (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Pudera, afinal o V8 5.0 Coyote de terceira geração entrega nada menos que 466 cv de potência e 56,7 mkgf de torque. Esqueça os nada eficientes veoitões americanos. O Coyote G3 tem muita tecnologia.

    Para começar, há um par de comandos no cabeçote (um para as válvulas de admissão e outro para as de escape) por bancada, ambos variáveis. Para máxima eficiência, dois sistemas de injeção: indireta (no coletor de admissão) e direta (na câmara de combustão).

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    Ford Mustang tem câmbio automáticoa de dez marchas
    O câmbio de dez marchas é o mesmo do rival Camaro (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    O câmbio, outro estreante da linha 2018, dá um show à parte. São nada menos que dez marchas nessa caixa automática que é fruto de uma parceria inusitada: entre as arquirrivais Ford e GM.

    Rápida nas trocas e com funcionamento silencioso, ela extrai todo o potencial do V8.

    O despertar da força

    Quem mora em prédio com garagem no subsolo e já deu a partida em um esportivo sabe bem que o estrondo não raramente faz disparar o alarme dos carros vizinhos. A Ford também sabe.

    Ford Mustang
    Tela do silenciados de escape na partida do motor tem erro na palavra “selecionar” (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Além de personalizável em função do modo de condução, o sistema de escape pode ser silenciado quando o motor é acordado. Pelo volante, é possível escolher uma faixa de horário em que a partida do motor ocorra da forma mais silenciosa possível.

    Na análise estética, dá para afirmar que o facelift fez um bem enorme ao Mustang, sobretudo na dianteira.

    O modelo 2018 mostra para-choques mais recortados, com direito a tomada de ar para os freios, grade inferior com spoiler evidenciado e conjunto ótico com led nos faróis principais e auxiliares.

    Ford Mustang
    Na dianteira, o sistema de iluminação é composto por leds (Christian Castanho/Quatro Rodas)
    Ford Mustang
    Na traseira se repete: as luzes também em leds (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Fato comum em esportivos, a placa dianteira polui bastante o visual. Mais que estilo, as formas sinuosas denotam genuína preocupação com a aerodinâmica, como prova também o assoalho com placas defletoras para ordenar o fluxo de ar sob o carro.

    Cuidados típicos de um esportivo cuja máxima é limitada eletronicamente a 250 km/h.

    Ford Mustang
    Rodas aro 19 dianteiras guardam pinças Brembo de alumínio com seis pistões (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Por falar em desempenho, em nossa pista, o Mustang GT acelerou de 0 a 100 km/h em 4,5 s, mais rápido que o Chevrolet Camaro, que fez 5,1 s.

    Já a prova de 0 a 1.000 metros foi cumprida em 22,6s, fechando a medição a 240,9 km/h. Números como estes dão ao Mustang uma ficha comparável à de esportivos da Porsche, Audi, Mercedes e BMW.

    Ford Mustang
    Apesar do display HD, os mostradores têm desenho retrô (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    De olho no Camaro V8 6.2 (de R$ 310.000 e 461 cv), o Mustang 2018 chega por R$ 299.900. E vem derrubando a ideia de que não há racionalidade na venda de esportivos.

    Ele terá três anos de garantia, que passará a quatro se, no ato da compra, o cliente adquirir o pacote de quatro revisões (R$ 4.434), e para cinco anos se comprar a cesta com cinco revisões (R$ 5.571).

    Ford Mustang
    Nos Mustang antigos, o escudo GT escondia o bocal do tanque (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Segundo a Ford, toda a sua rede (365 concessionárias) terá condições técnicas de fazer as revisões, sendo que 36 estarão aptas a cuidar também de reparos mais extensos.

    No esquema de pré-venda montado pela Ford, foram vendidas 230 unidades em três meses. De acordo com a marca, o lançamento e o início das vendas regulares estão programados para este mês (abril). Será o fim da vida mansa para o Camaro?

    Passado e presente

    Ford Mustang
    O primeiro Ford Mustang em 1964 e o atual modelo do pony car (Marcelo Tavares/Quatro Rodas)

    Quem vê o Mustang hoje, todo musculoso e voltado para a alta performance, pode não imaginar que ele nasceu com a proposta de ser um modelo compacto – para os padrões americanos, claro – e fácil de dirigir, tanto pelas dimensões contidas como pela
    dinâmica.

    O sucesso foi imediato e, poucos anos depois, ele já era um dos símbolos do way of life americano.

    O Mustang 2018 pertence à sexta geração, de 2015, desenvolvida para se adequar ao gosto de consumidores de mercados nunca antes explorados, como o europeu, asiático e, felizmente, brasileiro.

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