Pode soar clichê, e talvez até seja, mas não há outra forma de começar a falar do novo Hyundai Creta que não seja pela aparência. Isso porque o SUV entrou na onda mundial de desenhos polêmicos da marca, incorporando faróis e lanternas divididos em várias peças, além de vincos bem marcados, que dão personalidade (ousada) a ele.
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Porém, a versão topo de linha Ultimate, que sai por R$ 152.990 e é a única com motor 2.0, quer mostrar que, se o visual divide opiniões, o restante do conjunto busca agradar a todos com outros predicados. As diferenças estéticas da versão Ultimate para as demais são poucas, mas suficientes para que o Creta ganhe ares mais sofisticados: os faróis passam a ser de led, e as rodas, de 18 polegadas com desenho exclusivo e elegante.
Por dentro, painel, portas e bancos têm revestimento bicolor, combinando marrom e bege. O efeito visual é agradável, exceto pelo uso exagerado de plástico marrom, que acaba dando aspecto antigo à cabine.
Em alguns pontos, poderia ser substituído por peças pretas. Seguindo no interior, o acabamento é digno de elogios por ter boa qualidade percebida.
Em um primeiro olhar, o painel parece utilizar materiais emborrachados, o que não passa de um truque visual, já que todos os plásticos são duros. O efeito acontece pela qualidade e textura das peças, que até simulam costuras em alguns pontos como se ali houvesse couro no revestimento.
Os bancos, também bicolores, são de material sintético que imita couro, perfurados e de bom toque. Porém, apesar da ventilação, faltam ao banco do motorista ajustes elétricos.
Ainda no interior do Creta, quem também se destaca é a central multimídia com a enorme tela de 10,25 polegadas e ótima resolução, mas que comete gafes. O funcionamento do sistema é confuso e nada prático, com funções espalhadas por inúmeros menus, e ele não oferece conexão sem fio para Android Auto e Apple CarPlay.
De acordo com a marca, o espelhamento sem fio ficou de lado para que a central abrigasse o GPS nativo. A pergunta que fica é: em plena era de conectividade e com eficientes apps de navegação, há quem prefira um GPS menos conectado no lugar de um sistema de espelhamento que dispensa cabos? Mesmo assim, ele tem carregador de celular por indução e três entradas USB (uma para o banco traseiro).
A lista de equipamentos do modelo é fechada. Ou seja, conte com quadro de instrumentos que combina elementos analógicos com uma tela de 7 polegadas, teto solar panorâmico elétrico, airbags frontais, laterais e de cortina, e controles de estabilidade e tração.
Câmeras nos retrovisores externos substituem os avisos luminosos de pontos cegos, mostrando, no quadro de instrumentos, a imagem lateral de acordo com o lado sinalizado pela seta acionada pelo motorista.
Por outro lado, o ar-condicionado digital tem apenas uma zona. A versão vem ainda com itens como assistente de permanência em faixa, detector de fadiga, frenagem automática (com um sistema sensível e “ansioso” até demais), sensores de estacionamento dianteiros, farol alto automático e piloto automático adaptativo.
Além disso tudo, bem-estar também é palavra de ordem para os ocupantes. Quem vai atrás, além da entrada USB, tem saídas de ar-condicionado, bom espaço para as pernas e fica em posição mais alta. Até quem vai na posição central tem espaço satisfatório para pernas e pés – e isso é raridade em qualquer segmento. O porta-malas também tem boa capacidade: 422 litros.
Para ter todos os itens visuais e tecnológicos próprios da versão mais cara, porém, o comprador ficará sem a grande novidade mecânica do SUV: o motor turbo. O Creta Ultimate é oferecido apenas com o já conhecido 2.0 aspirado, que ganhou 1 cv de potência e agora entrega 167/157 cv e 20,6/19,2 kgfm de torque (etanol/gasolina).
O câmbio é o mesmo automático de seis marchas. A exclusividade não é de todo ruim, já que o motor segue entregando bons números de desempenho e ficou mais econômico depois de melhorias promovidas pela Hyundai.
Em nossos testes, com gasolina, o modelo foi de 0 a 100 km/h em 10,5 segundos – contra os 10,8 s do antigo 2.0 e dos 11,3 s do 1.0 turbo. O consumo teve melhoras mais expressivas, com médias de 11,5 km/l na cidade e 15,3 km/l na estrada.
O antigo chegava a 8,7 km/l na cidade e 12,7 km/l na estrada, enquanto o 1.0 turbo teve os mesmos 11,5 na cidade, mas 14,4 km/l na estrada, ou seja, o novo 2.0 ainda é o mais eficiente. Mesmo com a mecânica já conhecida, a dirigibilidade do Creta 2.0 mudou e ficou mais suave em relação ao antigo, que parecia mais arisco.
No atual, apesar do ganho de desempenho, há maior progressividade nas acelerações, a suspensão ficou mais macia, confortável e robusta, e a transmissão tem mudanças de marchas tão imperceptíveis que remete ao funcionamento de um CVT. A direção também parece mais amortecida. Tudo isso para privilegiar o conforto.
Veredicto
Com muito conforto e tecnologia, o Creta Ultimate ainda justifica o motor aspirado. Basta gostar ou se acostumar com o visual.
Teste – Hyundai Creta Ultimate 2.0
Aceleração
0 a 100 km/h: 10,5 s
0 a 1.000 m: 31,7 s
Velocidade máxima: 166,1 km/h
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 4,5 s
D 60 a 100 km/h: 6,1 s
D 80 a 120 km/h: 7,2 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 13,1/28/60 m
Consumo
Urbano: 11,5 km/l
Rodoviário: 15,3 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 41,6/65,1 dBA
80/120 km/h: 65,2/71,5 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 96 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em D: 2.250 rpm
Volante: 3 voltas
Seu Bolso
Preço básico: 152.990
Garantia: 5 anos
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 22,5 °C; umid. relat., 66%; press., 1.013,5 kPa
Ficha Técnica Hyundai Creta Ultimate 2.0
Motor: flex, dianteiro, transversal, 4 cil., 16V, 1.999 cm³, 167/157 cv a 6.200 rpm, 20,6/19,2 kgfm a 4.700 rpm
Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: ind. McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.)
Pneus: 215/55 R18
Peso: 1.300 kg
Dimensões: comprimento, 430 cm; largura, 179 cm; altura, 163,5 cm; entre-eixos, 261 cm; porta-malas, 422 l; tanque de combustível, 50 litros
Ângulos: entrada, 30,4º; saída, 28,3º