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Rolls-Royce Wraith

Com a mesma base do Ghost, ele assusta até quem está acostumado a alto desempenho

Por Joaquim Oliveira
26 dez 2013, 22h52
impressoes

Phantom, Ghost, Wraith. Três sinônimos em inglês de fantasma, palavra que também ajuda a definir a escultura no capô, Spirit of Ecstasy, com 102 anos de vida. Os três modelos da Rolls-Royce carregam o mesmo DNA, mas cada um com a sua própria personalidade. O recém-lançado cupê Wraith parte da mesma plataforma do já conhecido sedã Ghost, mas sua vocação é mais esportiva: ele tem entre-eixos 18 cm mais curto, bitola traseira mais larga, altura menor e recebeu alterações pensadas para agradar ao público que aprecia uma tocada mais nervosa.

No visual, a maior mudança é a estreia da bela traseira tipo fastback, inspirada nos italianos dos anos 60, como Lancia Aurelia e Maserati Ghibli. Na frente, a estatueta está mais inclinada para a frente, o para-choque foi redesenhado e a grade tradicional ficou um pouco mais recuada. Com essa silhueta, as linhas parecem projetar o veículo à frente, como se fosse um velocista preparado para a largada numa prova de 100 metros rasos. Por dentro, dificilmente um carro poderia ser mais luxuoso, com madeiras nobres ou couro na metade inferior das portas e toques de alumínio e cromados no restante da cabine. Apesar do ar de tradição que há em todo Rolls, não lhe falta o toque de tecnologia, como nas bolsas para os bancos de trás onde há dois encaixes perfeitos para iPad, no novo comando de controle de infotenimento (um upgrade do iDrive da BMW), no head-up display ou no monitor de 10,2 polegadas (que não é sensível ao toque). Porém, o que surpreende mesmo é o teto com mais de 1 300 pequenas luzes de fibra óptica, que foram costuradas no forro à mão por artesãos e que geram um efeito de céu estrelado no interior do Wraith – recurso antes disponível só no topo de linha Phantom.

O Wraith estreia a Transmissão Apoiada por Satélite, nome pomposo do trabalho em conjunto entre o GPS e o câmbio automático de oito marchas. Ele permite que o carro antecipe-se ao motorista porque consegue “ver” o que vem depois da curva ou da subida centenas de metros à frente, podendo reduzir a marcha antes do tempo, tudo para que a condução seja mais suave, segura e confortável.

Dirigir algo tão superlativo quanto um Rolls-Royce é uma experiência singular. A começar pelas suas dimensões de transantlântico de luxo (são 5,27 metros), pouco compatíveis com os centros urbanos cada vez mais congestionados. O volante de aro mais grosso do que no Ghost indica que se aproximam emoções fortes, as quais se manifestam logo no ronco do imponente V12 6.6 biturbo (feito sobre a base do V12 6.0 com o diâmetro dos cilindros aumentado), cujo rendimento foi esticado para 632 cv e 81,6 mkgf (no Ghost é de 570 cv e 79,5 mkgf), fundamental não só para este ser o mais potente Rolls da história como para alcançar desempenho ainda maior, importante num veículo que já pesa 2,5 toneladas.

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No nosso test-drive em Viena (Áustria), saímos da área urbana e entramos em velocidade de cruzeiro acima dos 120 km/h, e a ideia de tapete voador não me saía da cabeça, efeito combinado do sensacional isolamento acústico com a enorme capacidade da suspensão pneumática eletrônica de isolar os ocupantes de resto do mundo. Mesmo com uma afinação de molas e amortecedores 20% mais rígidos e uma distância entre-eixos menor, o conforto continua a ser espetacular.

Mas, inspirado pelo indicador de potência disponível à esquerda do painel, pela informação completa projetada no para-brisa e mesmo sem ter as borboletas de troca de marcha (falta grave num veículo de proposta esportiva), comecei a passar por trechos de estrada sinuosos. E aí torna-se evidente que este não é um cupê esportivo para tocadas agressivas: logo se nota sua tendência a sair de frente, algumas oscilações da carroceria e a pouca precisão da direção. A bitola traseira 2,4 cm mais larga do que no Ghost ajuda a dar mais estabilidade, mas não me deixo enganar pelos excelentes números de desempenho: 4,6 segundos de aceleração no 0 a 100 km/h e 250 km/h de máxima limitada eletronicamente (o mesmo que um BMW M3). É bom não esquecer que estamos ao volante de um Gran Turismo para cavalheiros refinados, não de um cupê esportivo feito para gerar palpitações cardíacas. Ou seja, o Wraith foi feito para chegar (muito) rápido ao seu destino, mas sem nunca perder a elegância e a tranquilidade, como exige todo Rolls-Royce.

VEREDICTO

O Wraith é o carro para quem não abre mão de todo o luxo e conforto de um Rolls, mas quer trocar o banco de trás pela experiência de estar ao volante de um V12.

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