Nissan Sentra 1.8
Mais comedido em desempenho e apetite, porém mais equilibrado, o novo Sentra vai brigar com Civic e Corolla em melhores condições

Síntese do predomínio da razão sobre a emoção numa tal proporção que deve exigir malabarismos criativos do marketing da marca, o Sentra não será acusado de falta de coerência tão cedo. Oferecer um carro espaçoso, confortável e econômico hoje em dia ganhou ares de urgência para as montadoras. Se essas premissas já eram conhecidas qualidades do Sentra, a nova geração – fabricada no México – renova antigos compromissos e traz novos ares: chega ao Brasil no fim do segundo semestre de 2013 completamente renovado e bebendo menos.
Entre os sedãs grandes, seu irmão maior, o Altima (também mexicano) domina o mercado americano, atrás só de Toyota Camry e Honda Accord. Já nos médios, segmento dominado lá e no Brasil por Corolla e Civic, o Sentra não tem sido páreo nem para a dupla japonesa nem para Ford Focus, VW Jetta, Chevrolet Cruze e Hyundai Elantra. Agora, rejuvenescido e mais frugal, as ambições são maiores.
Para chegar lá, a Nissan atuou em duas frentes. Primeiro, tirou do jogo o antigo 2.0 16V, que já era econômico, para equipá-lo com um 1.8 de 131 cv – 9 cv a menos que o anterior e que o do Civic, com 140 cv. Também entrega menos torque: 17,7 mkgf, ante 20,3 mkgf do anterior. O desafio da Nissan foi fazer de seu sedã o mais econômico da categoria. Nesse ponto, ela chegou lá. Segundo dados oficiais, o novo motor e o câmbio CVT fazem médias de 16,5 km/l na estrada e 12,7 km/l na cidade, 10% menos que antes. Também ajudou a redução de 70 kg no peso total. O preço a pagar, porém, vem ao acelerar: no 0 a 100 km/h ele crava 10,5 segundos, menos que os 9,7 de antes. É possível que no Brasil seja oferecida a opção de câmbio manual com seis marchas (nos EUA ele só existe na versão básica S).
Para deixar o Sentra mais desejável, a marca replicou os traços do Altima, apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo, e que encara rivais como o Toyota Camry e o Honda Accord. E não é que caiu bem? A grade em forma de trapézio, com cantos arredondados, e os faróis, mais esguios e com leds, definem a nova cara e lhe dão um ar mais sofisticado. Visualmente, o novo Sentra aparenta ser ainda maior do que é. Agora são 4,62 metros (6 cm a mais) e o entre-eixos aumentou em 1,5 cm (total de 2,70 metros). Isso tudo se traduz em 10 cm a mais que o espaço disponível no Corolla e 3 cm sobre o Civic. O porta-malas acomoda 430 litros.
Com a chave no bolso, aciono o botão Start no painel e saio para acelerar pela Highway 101, na Califórnia. Atenção: este carro possui duas regulagens diferentes, que fazem uma senhora diferença no estilo de guiá-lo. Depois de testar o modo Eco, que sugere um consumo mais frugal, aciono o Sport, que deixou o carro mais esperto, com melhor resposta do motor e marchas com engates mais curtos. Gosto da direção com assistência elétrica, leve para as manobras e mais firme em alta velocidade. Agradam o conta-giros, o velocímetro e o computador de bordo em fundo preto e os botões para acionar rádio e som sem tirar as mãos da direção. Apesar de ter menos potência, o novo 1.8 não chega a comprometer o desempenho, ajudado pelo fato de o peso ter sido aliviado pelo uso mais generoso de alumínio.
Maior que o irmão
Quem dirige o novo Sentra agora está cerca de 1,5 cm mais perto do solo. O banco tem ajustes manuais, assim como o volante, regulável em profundidade. Atrás, três adultos viajam sem aperto. Segundo os dados da Nissan, há 95 cm de espaço para as pernas. São 4 cm a mais do que o Altima, irmão maior e de segmento superior.
Sem ser luxuoso, o interior causa boa impressão. Os plásticos são de boa qualidade e agradáveis ao toque. Na versão avaliada, a SL, console e portas são revestidos de madeira e o volante, de couro, com direito a sistema de aquecimento e câmera de ré. Na versão básica, o monitor touch-screen de 4,3 polegadas é de série. Ar-condicionado bizona, som Bose e rádio via satélite são opcionais, assim como a tela de5,8 polegadas, GPS com serviços da Google e reconhecimento de voz. Há ainda o sistema Easy Fill, que monitora a pressão dos pneus: ao calibrá-los, a buzina soa para indicar que a pressão ideal foi atingida.
Com o novo Sentra, os americanos ganharam um carro melhor por 440 dólares a menos, no confronto com o Sentra anterior. Se essa relação for mantida no Brasil, a Nissan poderá ver seu sedã médio brigando com a concorrência numa disputa mais racional que emocional, sem ter que apelar para a galhofa. Mais coerente, não?
VEREDICTO
Para quem compra carro pensando no bolso, o novo Sentra vale o test-drive. Espaço de categoria superior, mais equipamentos e baixo consumo podem compensar seu design tímido.





