Nissan GT-R
Chamado de Godzilla, o modelo é o monstro que assombra o sono dos germânicos. É dele o recorde mais cobiçado de Nürburgring, pista que é um orgulho nacional da Alemanha

Nobumitsu Gozu é uma espécie de celebridade dentro da Nissan. Fãs do mundo todo batem à porta da empresa, em Yokohama, no Japão, para conhecê-lo e agradecer por seu talento. A aparência esguia e o jeito tímido abrandam a relevância do artesão dentro da fábrica. Ele e seus três companheiros de equipe trabalham em uma sala climatizada e pressurizada para evitar contaminantes, fora da linha de produção convencional. Chamados de Takumi, ou mestres construtores, o quarteto monta à mão cada um dos motores utilizados no icônico GT-R. E são os únicos no mundo a construir o VR38 que equipa o esportivo. Gozu dedicou pelo menos 6 horas de trabalho para medir, montar e testar as mais de 370 peças que compõem o 3.8 biturbo avaliado por QUATRO RODAS. Ao fim da montagem, após certificar-se de que o futuro proprietário conseguirá extrair os 545 cv descritos pela ficha técnica, o japonês cola no bloco uma plaqueta com seu nome e inicia a construção de uma nova unidade.

O GT-R que passou pelas mãos do senhor Nobumitsu veio ao Brasil para o Salão do Automóvel, mas aproveitamos a estadia para uma breve avaliação no autódromo Velo Città, em Mogi Guaçu (SP). Antes que você se anime, porém, a Nissan já adiantou que não tem planos de vender o modelo por aqui.
A história do GT-R está ligada à alta performance. Quando a atual geração foi lançada, em 2007, fez a volta mais rápida de Nürburgring, a pista mais difícil do mundo. Em 2013, renovou o próprio recorde para automóveis de série: marcou 7min08s679.

A frieza dos números faz supercarros alemães, como o Porsche 911 e o Mercedes SLS, suarem para não perder o Nissan de vista. E por isso o GT-R ganhou da imprensa australiana o apelido Godzilla. A aceleração é estupenda, pressiona com violência o corpo contra o assento. Nas curvas, me senti como uma presa do monstro japonês, pois os pneus Dunlop Sport Maxx parecem não ter limites de aderência. E, para impressionar a vítima, a tela central no painel esfrega na cara dos ocupantes os níveis de força G que o Godzilla gera – máximo de 1,02 g.

Esse display tem 11 opções de visualização, tudo desenvolvido em parceria com a Polyphony Digital (a produtora do jogo Gran Turismo, para o PlayStation). Nele é possível exibir dados técnicos, como temperatura dos óleos, pressão do turbo, distribuição de tração, além de dados de desempenho do carro e até do motorista, como tempos de volta e estatísticas sobre o uso de acelerador e freio.

Dotado de tração 4×4, o diferencial inteligente distribui o torque entre os eixos conforme a velocidade, o ângulo do volante e o nível de inclinação da carroceria. A força pode estar toda no eixo traseiro ou dividida ao meio com o eixo frontal. E, para dar conta dos 545 cv do motor V6 3.8, a tração integral tem eixo cardã de fibra de carbono. Frear é missão das pinças de seis pistões da Brembo e dos discos de liga ventilados e perfurados nas quatro rodas. Os corajosos podem dosar a braveza do GT-R por meio de três seletores logo acima da alavanca do câmbio. Esses botões comandam os parâmetros da transmissão, suspensão e do controle de estabilidade.

No modo Race, as curvas de torque são adiantadas para aumentar a sensibilidade de respostas ao acelerador. O sistema de amortecimento da Bilstein enrijece a pressão nos amortecedores e o controle de estabilidade passa a tolerar deslizamento dos pneus. Já no modo Save, o japonês de Yokohama não perde a brutalidade, mas exibe civilidade suficiente para viver na cidade. E, se você não pretende abusar da sorte nas pistas, pode apenas usar os recursos do sistema multimídia. O som Bose conta com dois alto-falantes entre os assentos traseiros e uma tecnologia que monitora sons do motor e do ambiente para cancelar frequências incômodas – como aqueles fones para usar em viagens de avião. Ainda que sejam emocionantes, nem sempre os rugidos de um monstro são bem-vindos.

VEREDICTO
Faz jus ao apelido e impressiona até pilotos experientes. Mas é obediente, previsível e fácil de corrigir. O GT-R conserta erros de direção de forma milagrosa. Uma pena que a Nissan não tenha planos de trazê-lo para cá.
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Motor | dianteiro, longit., V6, 24V |
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Cilindrada | 3 799 cm3, turbo |
Potência | 545 cv a 6 400 rpm |
Torque | 64 mkgf entre 3 200 e 4 500 rpm, gasolina |
Câmbio | automatizado de dupla embreagem, 6 marchas com paddleshifts, tração integral |
Dimensões | comprimento, 467,1 cm; largura, 189,5 cm; altura, 137,2 cm; entre-eixos, 278 cm |
Peso | 1 740 kg |
Suspensão dianteira | duplo A, com subframe |
Suspensão traseira | multilink |
Freios | discos ventilados, na frente e na traseira |
Direção | hidráulica |
Pneus | 255/40 R20 (diant), 285/35 R20 (atrás), Dunlop |