Relâmpago: Assine Digital Completo por 3,99

KTM 990 Super Duke

A cor típica da 990 Super Duke marca a chegada oficial da austríaca KTM ao Brasil

Por Ismael Baubeta
Atualizado em 9 nov 2016, 11h51 - Publicado em 6 abr 2011, 17h05
KTM 990 Super Duke

A austríaca KTM Motorcycles AG acaba de assumir os negócios da marca laranja no Brasil, em joint venture com o Grupo Izzo – que reacerta o passo depois do rompimento com a Harley-Davidson. Os planos da marca incluem montagem em Manaus. Para estrear como novo cartão de visitas, a marca escalou a 990 Super Duke, uma naked com alta dose de adrenalina.

Logo de cara ela impressiona pela concentração: é uma “mil”, embora não sua identidade oficial assuma inteiramente a cilindrada de 999 cc distribuída em dois cilindros em V a 75 graus. E, para uma “mil”, é bem pequena, uma diva cheia de personalidade. Na verdade, ela é curta e compacta, mas alta à beça, quase como uma supertrail, com o – bom – banco a 85 cm do solo.

615_ktm_01.jpg

A ergonomia é boa, assim como a posição de pilotagem, relaxada, levemente inclinada à frente – instigante. Os pilotos altos se encaixam bem na moto. Como toda a geração Duke à qual pertence, a 990 é naked, desprovida de proteção aerodinâmica. A moto acelera como uma superbike e quando a velocidade sobe (e como sobe!), a combinação de guidão largo e banco alto requer força para não ficar para trás, suspenso no ar como numa história em quadrinhos.

Quando você se acostuma e começa a explorar os limites, começa a sedução. Você estica a primeira cuidadosamente, para não virar para trás nem detonar a embreagem, e mete uma segunda mais forte. Confiante, gira o punho mais um pouco. A roda dianteira levanta fácil e a moto continua a andar firme, ganhando velocidade com a roda traseira. Dá para fazer a gracinha até a terceira marcha sem esforço. O torque de 10,2 “quilos” a apenas 7000 rpm é brutal para o peso de 186 kg (seco). Gostoso demais. Deve ser para isso que foi bolada a largura do guidão, uma linda peça cônica de alumínio.

Continua após a publicidade

POUCA ROUPA Toda a moto é bem vestida, chique no laranja de rigor e no pretinho básico fosco, combinação clássica. Desfila grifes do bom e do melhor: suspensões White Power (marca que pertence à KTM) invertidas na dianteira e multirregulável com links atrás, rodas Marchesini assinadas, freios Brembo de última geração.

As linhas angulosas que parecem feitas por lâmina são marca registrada da KTM. A 990 Super combina sua pouca roupa talhada sob medida com detalhes que valorizam o visual. A moto parece ter algo em comum com as italianas Ducati, desde o uso esportivo do motor V2 ao quadro. A estrutura de treliça tubular é uma peça à parte: transmite robustez, rigidez estrutural nas curvas, dá pinta de produto caro e sofisticado. Sob essa arquitetura moderna grita o famoso motorzão LC8 V2 a 75 graus de oito válvulas com duplo comando, que rende 120 cv a 9000 rpm – criado para correr o Paris-Dakar e depois proibido na competição, pelas altas velocidades atingidas nos desertos, incompatíveis com o terreno, segundo os organizadores.

O tanque de combustível parece grande para as proporções da motocicleta porque é alto, mas combina com as abas laranjas que o ladeiam e direcionam o ar fresco para o radiador.

Na frente, o farol em forma de escudo leva – quase embutido – o minúsculo painel combinado de conta-giros analógico redondo e tela de cristal líquido retangular e oferece velocímetro, hodômetro com duas parciais, relógio, termômetro e as luzes-espia de praxe.

Continua após a publicidade

Do estreito banco para trás, quase nada. O assento termina em uma lanterna minúscula, que subtraiu a rabeta. Semiocultas por suas laterais bicolores (laranja e prata) aparecem as ponteiras de escape de aço com bocal chanfrado, uma beleza, um trabalho que parece saído da prancheta de um escultor cabeludo e grisalho. Não fosse a rabeta preta com porta-placa que prolonga o paralama traseiro, minimalista e quase inútil na chuva, a moto pareceria ainda mais curta. A peça avança até o fim da roda e alonga um pouco o visual.

DIVERSÃO As suspensões WP montam na dianteira bengalas invertidas de 48 mm de diâmetro totalmente reguláveis. Copiam muito bem o asfalto, conferindo segurança em qualquer situação. A traseira veio ajustada para uso esportivo, um pouco dura para as ruas, privilegiando a estabilidade e a aderência em curvas em detrimento do conforto. Dirigibilidade e agilidade são os pontos fortes da Super Duke. Ela é fácil de deitar nas curvas e mudar de trajetória. Seu pequeno ângulo de esterço não compromete a mobilidade no trânsito. O entre-eixos bem reduzido causa alguma oscilação nas curvas mais amplas, de alta velocidade, mas os pneus Pirelli Super Corsa III dão segurança extra em situações extremas.

O V2 tem a pegada característica da configuração, transbordando torque desde baixos giros e subindo rápido até a faixa ideal de aproveitamento do torque e da potência máximos, entre 7000 e 9000 rpm, respectivamente. É nesse intervalo que a mágica toda acontece.

Os números de desempenho aferidos na pista são quase iguais aos da irmã Supermoto T990. Da imobilidade aos 100 km/h levou 3,8 segundos, contra 3,71 da SMT. A Super Duke atingiu os 200 km/h em apenas 14,2 segundos, quase 1 segundo mais rápida que os 15,06 da supermotard. As retomadas também foram bem próximas e a Super Duke só levou a melhor na prova de 100 a 130 km/h em sexta marcha, por uma diferença de apenas 3 décimos de segundo – 3,7 contra 4,01 segundos, respectivamente. Os 10 kg a menos que ela carrega fizeram diferença na velocidade final na pista de testes. A Super Duke cravou 228,7 km/h, contra 218 da Supermoto T. Diferença insignificante, tendo em vista que ambas têm propostas diferentes e, apesar do motor, nenhuma delas é uma puro-sangue esportiva: essa proposta está a cargo de outra KTM, a RC8.

Continua após a publicidade

A Super Duke coloca-se no competitivo mercado das naked de alta cilindrada como uma das melhores e mais divertidas opções. Se não tem a desenvoltura e os altos giros dos motores tetracilíndricos, por outro consegue entregar o prazer da pegada de um V2, que empurra lá de baixo com torque abundante. A maneabilidade é ponto forte e a deixa como candidata a moto para o dia a dia. (Por que não, afinal? Não dizem que é necessário apimentar a rotina?)

Para levar garupa é preciso pensar duas vezes: a vida atrás do banco é difícil. Não há alça para segurar e a tentativa de achar uma pode custar uma queimadura nas mãos. O V2 tem a característica de dar trancos em baixa velocidade, fonte de solavancos para o garupa. O preço de 51900 reais é atraente para o nível e padrão de qualidade do projeto e dos componentes, quase todos de grifes disputadíssimas. Dessa laranja se tira suco de primeira, como se vê.

TOCADA O motor tem torque de sobra para atiçar os ânimos a qualquer momento e a ciclística permite ir bem próximo do limite sem esforço ou risco, o que garante muita diversão.

★★★★

DIA A DIA Divertida, a 990 pode facilmente ser o principal meio de locomoção diário. Só tem restrições quanto ao garupa.

Continua após a publicidade

★★★

ESTILO O visual impressiona a todos indistintamente. Por onde passa é a protagonista – e faz a galera torcer o pescoço.

★★★★

MOTOR E TRANSMISSÃO A sensação de pilotagem é instigante, culpa do raçudo propulsor V2. O câmbio tem engates suaves, porém um pouco barulhentos.

Continua após a publicidade

★★★★

SEGURANÇA A qualidade de quadro, suspensões e freios, somada aos bom pneus Pirelli, garante a segurança na tocada.

★★★★

MERCADO Apesar de não ser novidade, a Super Duke marca o ingresso oficial da KTM no país. As perspectivas de maior presença no mercado são alvissareiras.

★★★★

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

DIA DAS MÃES

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Quatro Rodas impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 14,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.