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Kia Cerato

Com design atraente, motor flex e seis marchas, seu principal adversário é o IPI dos sem fábrica

Por Péricles Malheiros | foto: Marcos Camargo
Atualizado em 19 mar 2024, 16h18 - Publicado em 4 fev 2013, 10h56
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A Kia vive seu momento mais delicado desde que chegou ao Brasil, em 2009. Ela é, segundo o próprio presidente, José Luiz Gandini, “uma das marcas mais prejudicadas pelas novas regras tarifárias de importação de automóveis impostas pelo governo”. De fato, nem o belo showroom da Kia – repleto de modelos recém-lançados e de design atraente, como os sedãs Optima e Cadenza – tem conseguido evitar uma queda brutal nas vendas. Durante a mais recente edição do Salão do Automóvel de São Paulo, ocasião em que o novo Cerato foi revelado ao público brasileiro, executivos da marca falavam numa retração de 46% no volume de vendas. Em outros tempos, a exibição pública e o anúncio da chegada da nova geração do Cerato seriam um acontecimento que deixaria toda a concorrência em estado de alerta. Entretanto, na cruel realidade atual, o lançamento corre sério risco de mal ser notado pelo consumidor, que estará ocupado fechando a compra de concorrentes com relação custo-benefício mais interessante.

Por exigência da Kia, nosso contato com o novo Cerato se restringiu ao campo de provas e somente por algumas horas. A experiência, apesar de breve, foi suficiente para antecipar uma arma exclusiva do Cerato no Brasil. Diferentemente da geração anterior, a nova conta com motor flex, o mesmo do Soul, com 128/122 cv de potência. O câmbio também é compartilhado com o Soul, uma caixa automática com conversor de torque e opção de trocas sequenciais pela alavanca – as borboletas no volante, iguais às do atual Cerato, ainda não estão confirmadas na nova geração. Aliás, a Kia assegura a chegada do modelo 2013 à rede para o fim de março, mas alega ainda não ter definido o pacote de equipamentos de série e opcionais.

Na pista, testamos as duas unidades disponíveis: uma manual, a outra automática. Na véspera do fechamento, porém, a marca avisou que, ao menos inicialmente, somente a segunda será comercializada. Assim, concentraremos a análise no Cerato automático.

Carro invisível

Sem informação oficial, fomos a campo para saber mais sobre a novidade. Ligamos para uma concessionária em São Paulo e o gerente de vendas arriscou o palpite: “O preço deve ficar entre 70 000 e 80 000 reais”. Mesmo nos identificando como QUATRO RODAS, o vendedor desabafou: “O clima é péssimo nas concessionárias Kia. Tivemos demissões e fechamento de lojas. Se a implantação de uma fábrica não for anunciada logo, os produtos da marca ficarão cada vez menos notados aos olhos do consumidor. O novo Cerato é um carro lindo, parece um Optima em miniatura, mas até agora nenhum cliente que visitou a loja fez qualquer comentário sobre a presença do carro no Salão”.

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Segundo uma fonte ligada à Kia do Brasil, em dezembro, enquanto esta matéria era escrita, José Luis Gandini e executivos da Kia se reuniam com a direção da empresa nos Estados Unidos para discutir os rumos da marca. “Tudo converge para a implantação de uma fábrica. O que se discute é a quem ela vai pertencer: ao Gandini, à Kia ou a ambos”, diz nossa fonte.

Enquanto a marca planeja o futuro, o Cerato 2013 faz sua parte. Na pista, a nova geração mostrou um pouco mais de fôlego que a atual, cujo motor 1.6 é alimentado exclusivamente com gasolina. Na média, o modelo 2013 obteve números de aceleração e retomada 3% melhores que o 2012.

O novo Cerato é gêmeo do Elantra, exceto pelo motor – o Hyundai utiliza um 1.8 a gasolina de 148 cv e custa 86 000 reais, completo. O acerto de suspensão, não por acaso, também é bem parecido, mais voltado para o conforto.

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Na cabine, o painel de desenho óbvio ganhou contornos mais elaborados, com curvas e volumes na região em que se funde com o console central. O quadro de instrumentos lembra a distribuição típica dos Volkswagen, com a tela do computador de bordo separando dois círculos, um com conta-giros e termômetro de motor e o outro com velocímetro e marcador de nível de combustível.

Muitos detalhes de equipamento ainda serão acertados, mas é provável que ele venha com faróis e lanternas com leds, itens que podem aproximar o Cerato de seus irmãos mais nobres.

OS RIVAIS Honda Civic 1.8 automático

O motor flex rende 140/139 cv e há três versões disponíveis, de 66 010 (LXS), 69 990 (LXL) e 79 480 reais (eXS).

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Chevrolet Cruze 1.8 16V

O 1.8 flex tem 144/142 cv e os preços de tabela da versão automática são de 66 210 reais (Lt) e 76 236 reais (LtZ).

VEREDICTO

De tão delicada, a importância da situação
da Kia no Brasil se sobrepõe à do lançamento do Cerato 2013. ou seja, como produto, ele até convence, mas não há como recomendar um carro que sua própria rede vê como carta fora do baralho.

>> Confira a Ficha Técnica do carro

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