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Kawasaki Vulcan 900 Classic LT

A moto esbanja estilo, mas economiza no desempenho

Por Eduardo Viotti
Atualizado em 9 nov 2016, 11h50 - Publicado em 14 fev 2011, 18h55
Kawasaki Vulcan 900 Classic LT

Qual é sua viagem ideal de moto? Uma estradinha sinuosa de bom asfalto com curvas compensadas onde raspar as pedaleiras? Ou seria uma autopista larga e lisinha que se perde num ponto de fuga no infinito, com curvas suaves ao longe, uma linda paisagem para admirar? A Kawasaki Vulcan 900 Classic LT confere perfeitamente com a opção B – e não vai se enquadrar de modo nenhum na opção A.

A Vulcan 900, recentemente nacionalizada pela marca verde (e que agora é montada em Manaus), é uma moto para motociclistas tranquilos, dispostos a curtir o panorama enquanto deslizam calmamente pela estrada afora. Nada do clima efusivo sugerido pelo vulcânico nome da série de motos custom da Kawasaki.

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Não que ela não seja boa de curvas: isso ela é, sim, dentro de sua proposta pacífica e custom, e tem bem menos tendência a raspar as pedaleiras tipo plataforma que muitas de suas rivais de nicho de mercado. Mas, como veremos, seu motor de 903 cc e 50 cv a 5700 rpm carece de energia para tanto peso – de aço da melhor qualidade, diga-se. São cerca de 300 kg em ordem de marcha… Se a eles são adicionados um motociclista volumoso, uma garupa e um recheio bem denso nos (utilíssimos) alforjes laterais, a coisa pega. O desempenho não é dos mais brilhantes – especialmente diante da Harley-Davidson e seus motores de 1600 cc, sempre uma referência em se tratando de motos ao estilo norte-americano de viajar.

Os pontos mais exuberantes da Kawasaki Vulcan Classic LT são mesmo seu caprichado visual, a decoração e o acabamento primoroso.

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Para quem é amante do estilo custom, fortemente saudosista dos fifties (reminiscente dos anos 50), e ainda com uma pitada country nos adereços, a moto é um ícone. Chega a simular um chassi rabo duro (sem amortecimento traseiro), ocultando o monoamortecedor sob o assento.

Há quem ache a decoração à base de tachas cromadas sobre couro preto um tantinho exagerada, mas garanto que há muitos apreciadores do estilo. A moto é pintada em duas cores, prata perolizado e acobreado sobre preto, com fios de pintura fina entre as cores, um delicado trabalho que, se não é artesanal, ao menos parece. Tenho visto poucas motos de fábrica com acabamento tão bem cuidado.

Em acessórios de série, a versão LT também é pródiga. Incorpora um confortável e sólido encosto para o garupa (sissy-bar), os mencionados alforjes laterais (rígidos, com plástico duro por dentro, apesar do revestimento externo semelhante a sola de couro), plataformas para os pés e um para-brisa gigante, extremamente útil para manter o motociclista limpo em viagens, especialmente sob chuva fina, garoa ou spray das rodas dos caminhões.

O para-brisa empresta ao modelo certo ar marcial, de moto de escolta, e combina bem com os largos para-lamas e com o enorme guidão tubular na linha “chifre de touro”. A moto é belíssima, dentro de seu estilo. É claro que não agrada a todas as tribos, e – para ficar na mesma marca – um amante das Ninja vai achá-la estranha.

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O para-brisa é funcional e desejável até os 120 km/h. A partir daí, embora o alívio da pressão aerodinâmica no peito do motociclista seja importante, ele cria alguma turbulência, ruidosa e agitada, especialmente para o garupa.

A posição de guiar é muito boa, com as mãos bem baixas e a coluna reta, os pés posicionados à frente. Apesar de o banco ser bem baixo e largo, não é macio o suficiente para a posição típica das custom, em que o peso do piloto se apoia sobre os ísquios (os ossos das nádegas). Com algumas horas de viagem, a gente começa a ficar inquieto, tentando – em vão – variar a posição. Não adianta: dói mesmo. Cumpre ressalvar que não é um problema da Vulcan, mas de todas as motos custom com pedaleiras avançadas. Já o passageiro viaja de primeira classe.

Mecanicamente, o V2 de refrigeração líquida é bem confiável, embora de desempenho bastante morno. Com quatro válvulas por cilindro e comando no cabeçote, os 903 cc até poderiam, em tese, render mais que 50 cv.

Com a atual configuração (incluindo os ajustes de injeção e ignição digitais), a moto não consegue passar de 145 km/h, de jeito nenhum. É bom para quem se mantém rigorosamente dentro dos parâmetros da lei – deveríamos todos. Mesmo sem um estudo aerodinâmico, é possível acreditar que o para-brisa quase na vertical promova uma resistência ao ar que ajuda a limitar a velocidade máxima do modelo.

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A condução pacata é, de todo modo, agradável, com baixo nível de vibrações para a configuração (motores V2 costumam ser “vibrantes”, mas o da Vulcan tem balanceiros no virabrequim e fixação por coxins de borracha) e bom torque em baixas rotações: os 8 mkgf chegam logo a 3700 rpm.

A tração final é por correia, como nas Harley-Davidson e na Yamaha Midnight Star 950. Uma correia atual, reforçada com materiais compostos, como kevlar e fibra de carbono, é um bom sistema, mais leve, limpo e silencioso que as tradicionais correntes, mas há rivais com eixo cardã (caso da Suzuki Boulevard e da própria Honda Shadow), solução superior para a proposta da longa estrada, principalmente pela robustez e virtual ausência de manutenção.

Os freios, ambos a disco e com pinças de dois pistões, são ambos muito bons. Progressivos, firmes, figuram entre os melhores da categoria. Por enquanto não há para esse modelo opcional com ABS, mas a Kawasaki tem nacionalizado o equipamento em outros produtos de sua linha.

A Vulcan 900 Classic LT é uma moto completa e vale bem o preço pelo qual está sendo vendida. Se você não tem pressa e privilegia estilo e bom acabamento, é a sua moto.

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TOCADA Grande e imponente, ela marca presença. Boa para estrada reta e curvas amplas, com calma e vagar. Ideal para motociclistas tranquilos, a passeio.

★★★

DIA A DIA Com mais de 1 metro de largura e quase 2,5 metros de comprimento, identifica-se com as autoestradas – e quase nada com a cidade. Apesar do ângulo de esterço de 36 graus, é imensa no trânsito.

★★

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ESTILO Ponto alto da Vulcan. Primorosamente acabada, transpira qualidade. As tachinhas no couro preto são um pouco exageradas, indicadas para seguidores fiéis do estilo custom/country.

★★★★★

MOTOR E TRANSMISSÃO O V2 vibra um pouco. A refrigeração líquida é ótima, mas a potência é escassa para o peso. Câmbio típico das custom, com engates lentos e ruidosos, exalando robustez.

★★★

SEGURANÇA Freios muito bons, progressivos e firmes, com pinças duplas também atrás: ótimos para a categoria, mas sem ABS.

★★★★

MERCADO A Kawasaki continua gastando munição em seu plano de nacionalização de diferentes modelos. Deve manter bom valor de revenda.

★★★

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