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Kawasaki Versys 1000

Instalar um motor de superbike em um chassi de maxtrail foi uma sacada genial

Por Edu Zampieri | Fotos: João Mantovani
Atualizado em 9 nov 2016, 12h03 - Publicado em 11 set 2012, 16h23
Kawasaki Versys 1000

Unir o conceito de uma supertrail para longas aventuras com as delícias dos motores de quatro cilindros em linha certamente já foi o sonho de muita gente. A Kawasaki ousou – e fez a Versys 1000, na hora certa. Certamente o maior empecilho para a instalação de um quatro-em-linha em uma trail era a largura, excessiva para uso fora de estrada, em que quanto mais estreita a moto, melhor. Ocorre que as maxitrail já deixaram de ser direcionadas à terra há muito tempo: são, por outro lado, a escolha mais indicada para viagens de longo curso, graças às suspensões robustas, capazes de enfrentar buraqueira, à confortável e ergonômica postura ereta, à grande autonomia viabilizada por reservatórios avantajados e, finalmente, à farta disponibilidade para levar garupa – com conforto – e bagagens.

Se a proposta é arrojada, o produto final é simplesmente sensacional. Trajando o motor de 1043 cc da Z1000 (com adaptações para a nova proposta por meio de ajustes no gerenciamento eletrônico), a Versys 1000 inclui controle de tração, seleção de modos de potência do motor, chassi de alumínio e freios ABS. É de tirar o sono.

Tecnicamente, a questão da largura foi resolvida nesta maxitrail posicionando-se as pernas do piloto atrás da bancada de cilindros e elevando o assento. O quadro e o subquadro, assim como as suspensões de longo curso, deixam o piloto nas alturas – tanto no sentido figurado como no literal. As concorrentes, que não têm motor tão largo, portam enormes tanques de combustível ou radiadores laterais, que as deixam tão largas quanto a Versys 1000. Mas que fique claro que, com o quatro-em-linha de 118 cv e as rodas de liga leve, ela não foi concebida para saltos e trilhas escarpadas. Em compensação, no asfalto, mesmo quando ruim, não tem para ninguém. A posição de pilotagem, em referência à street Z1000 da qual deriva, tem as pedaleiras mais baixas e avançadas. O guidão é bem mais alto e o banco, para baixo e com mais espuma. Imagine uma Z1000 dez vezes mais confortável.

O novo gerenciamento eletrônico do motor (mapas de injeção e ignição) visou à obtenção de melhores respostas em baixos e médios regimes. Com a adoção de novos comando de válvulas e sistema de escape, a Versys 1000 (118 cv a 9000 rpm) tem 20 cv a menos de potência máxima que a naked esportiva, mas com arco de potência mais linear, sem oscilações de baixas para médias rotações. São 10,4 mkgf de torque a rotações mais baixas, para movimentar com leveza e fluência os 239 kg em ordem de marcha – no tanque cabem 21 litros de combustível.

Na suspensão dianteira, a maior novidade são as bengalas Kayaba invertidas de 43 mm de diâmetro, que possuem pistões internos maiores (concorrentes diretas das Showa BPF). Elas são mais eficientes no fluxo de fluido e 205 gramas mais leves que uma convencional – são, por enquanto, exclusividade da Versys 1000.

Oferecem 150 mm de curso e possuem todas as regulagens. Na traseira, o único amortecedor é instalado na horizontal. Também tem 150 mm de curso e pode ser regulado utilizando um manípulo do lado direito.

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Acelerando

A Kawasaki conseguiu manter quase toda a leveza e agilidade da Versys 650 nesta 1000 de quatro cilindros, muito mais potente e pesada. Ao guidão, a impressão é a de que a Versys 1000 é mais equilibrada que a potente Ducati Multistrada 1200, com seu V2 de 150 cv. A ausência de vibrações e de ruídos do motor em linha é certamente uma bela vantagem da japonesa.

O piloto consegue ficar bem apoiado, sem nenhum incômodo mesmo após horas de pilotagem. Os braços ficam relaxados e a proteção aerodinâmica é excelente. A bolha para-brisa pode ser regulada em até 3 cm na altura sem necessidade de ferramentas.

Nos primeiros quilômetros – na cidade – é notável como a Versys 1000 tem mais potência e torque disponíveis a rotações inferiores às da Z1000. Há três níveis de controle de tração. O nível três é recomendado para piso escorregadio; o primeiro é para solo seco e com pneus novos; e o segundo oferece controle intermediário, para uso rotineiro. Também há controle de entrega de potência, para condições em que suavidade no manejo seja essencial. Basta apertar um botão no punho esquerdo e passar o mapa de injeção para o modo L (Low). Nele, o motor entrega 75% de sua potência.

Aberto e alto, o guidão poderia ser um pouco mais grosso e de alumínio. Não há aquecedor de manoplas nem bolsas e cases originais nessas primeiras versões, mas a Kawasaki anuncia que em breve trará a versão Tourer da Versys 1000, cheia de acessórios para conforto e funcionalidade na estrada.

O ABS é equipamento de série. Somado aos poderosos pneus Pirelli Scorpion Trail de 17 polegadas, oferece segurança e precisão no momento de parar. O câmbio é infinitamente mais macio que o da Versys 650.

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É, a Versys 1000 é sensacional: confortável, potente, segura e econômica. Marcou 19 km/l em uma viagem dentro dos limites de velocidade, o que representa 400 km de autonomia.

Lindas rodas negras de liga leve, ponteira de escape também preta e alguns plásticos cinza completam um design de bom gosto. O desempenho lhe faz jus: ela alcança 100 km/h em menos de 5 segundos; ultrapassa 200 km/h e faz curvas no asfalto com extrema facilidade e segurança.

Seu preço é agressivo. Os 49990 reais que a Kawasaki sugere para sua maxitrail ficam abaixo do cobrado por qualquer outra semelhante do mercado, de mesma capacidade cúbica ou maior – com tantos cilindros, apenas a Honda VFR 1200X Crosstourer e seu V4, mas com câmbio automático e preço estimado acima de 70000 reais. A Kawasaki acertou na mosca.

TOCADA

Em movimento, não aparenta ser tão grande. Muito pelo contrário, pilota-se tão facilmente quanto uma moto bem menor.

★★★★★

DIA A DIA

Para quem é alto e já teve todos os tipos de moto na vida, pode ser uma opção deliciosa.

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★★★★

ESTILO

Excêntrico e exclusivo. Sai da mesmice e consegue ser luxuoso
e radical ao mesmo tempo. As rodas de 17 polegadas não são bem o que se espera de uma trail, mas são lindas.

★★★★

MOTOR E TRANSMISSÃO

Em baixas e médias rotações, ele é mais vigoroso que o motor da Z1000, mesmo tendo 20 cv a menos. Diferentemente da Versys 650, o câmbio é macio nesta
de 1000 cc.

★★★★

SEGURANÇA

Com excelente sistema de controle de tração, opção de mapas de injeção e eficiente sistema de freio ABS, não falta nada na Versys 1000.

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★★★★★

MERCADO

Tem preço atraente frente à concorrência. Bom pacote tecnológico em uma moto gostosa e divertida. Excelente custo-benefício.

★★★★

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