Jeep Grand Cherokee Limited V6 3.6
Tapa no visual e um câmbio de oito marchas preparam o mito da Jeep para a próxima geração
Foi o sucesso do Grand Cherokee que puxou a fila, no fim dos anos 90; depois vieram os alemães Mercedes ML e BMW X5 e mais recentemente os coreanos Hyundai Santa Fe e Kia Sorento. Nessa movimentação, o SUV da Jeep, que já foi referência em luxo na lama, acabou vítima do próprio triunfo: o nível da competição subiu e ele acabou se acomodando no pelotão intermediário. Se as duas primeiras gerações reinaram absolutas ao redor do planeta – no Brasil, chegou a ser o vice-líder de vendas entre os SUV, perdendo só para a Chevrolet Blazer -, a terceira perdeu embalo. Agora, já na quarta, o Grand Cherokee passa por um face-lift de despedida, uma vez que um modelo completamente novo, de quinta geração, deve estrear nos Estados Unidos em 2016. Mas não se iluda: apesar da finalidade transitória, as mudanças da “geração 4,5” deram nova cara e mais pegada ao jipão.
As principais alterações de estilo foram na dianteira. A grade com sete aberturas, característica que define o DNA Jeep, foi mantida, mas está mais afilada e afastada dos faróis. Estes também ganharam contorno mais delicado e moderno, com xenônio e leds, cujas linhas lembram as do Range Rover Evoque. Na traseira, mais novidade: a parte da lanterna que avança em direção à lateral permanece igual, mas a porção alojada na tampa do porta-malas (completamente nova) cresceu. O vidro com abertura independente da tampa – outra característica típica do Grand Cherokee – foi preservado. Os designers ainda retiraram a régua cromada que ligava as lanternas para deixar ao logotipo Jeep mais evidente. No teto, outra mudança: mesmo com os novos para-choques, os ângulos de entrada (26,3 graus) e saída (26,5 graus) continuam habilitando o Grand Cherokee a circular por terrenos que, na vida real, dificilmente são visitados por seus proprietários.
A bordo de uma versão Limited, de 214 900 reais (há ainda a básica Laredo, de 185 900 reais), encaramos mais de duas horas de trilha em Campos do Jordão (SP). Subidas, descidas, terra e muita pedra: o trajeto estipulado pela marca para apresentação da novidade permitiu provar a maioria dos recursos do modelo 2014. O Quadra Trac II é um sistema de tração 4×4 em tempo integral (de relação normal ou reduzida) baseado num conjunto multidisco de acoplamento viscoso. Automaticamente, ele detecta as diferenças do nível de aderência das rodas e distribui a força entre os eixos. Atua em conjunto com o Selec-Terrain, que permite a escolha do tipo de terreno que o veículo vai atravessar: areia, lama, neve ou pedra. O modo Auto deixa a escolha para o carro, mas ao utilizar essa opção ficou clara a vantagem da seleção manual: as rodas patinam até que o sistema se autoconfigure da maneira ideal.
O motor é o mesmo V6 3.6 Pentastar de 286 cv. Novidade é o câmbio automático de oito marchas – o antigo tinha só cinco. No Brasil, a marca faz barulho a respeito da melhora na dinâmica e no consumo, mas limitou nosso contato a um test-drive sem direito a teste completo em nosso campo de provas. No asfalto, com o modo Eco ativado e pouca pressão sobre o acelerador, foi possível sentir (de maneira muito sutil, sem trancos) o câmbio trocando as marchas pouco acima de 1 500 rpm. Na condição esportiva, porém, falta fôlego ao jipão, que oscila demais por conta da suspensão muito macia. Uma versão V8 e outra movida a diesel devem estrear ainda em 2014. Apesar dos 4,89 metros (o BMW X5 mede 4,83), o novo Grand Cherokee foge à regra do segmento e ainda não oferece um par de bancos retráteis no porta-malas. Será que a próxima geração vai resolver essa questão? Fica a sugestão.
VEREDICTO
A maciez excessiva da suspensão e a ausência de uma versão com sete lugares dificultam a vida do Grand Cherokee diante dos SUV de luxo mais atuais.