Fabricado de forma artesanal e sob encomenda, o jipe TAC Stark ainda chama a atenção por onde passa, apesar de lançado em 2009.
Olhando o copo meio cheio, isso é um sinal de que seu design premiado, que conquistou entre outros o Idea-Brasil (considerado um dos mais importantes do design industrial), ainda desperta paixões.
Mas, olhando o copo meio vazio, isso indica que o carro é pouco conhecido. Pensando em aumentar a proximidade com o mercado (e as vendas), a TAC Motors, sediada em Sobral (CE), resolveu partir para a ofensiva.
O plano, anunciado no mês de maio, começa pela apresentação da nova versão mostrada aqui, batizada de Black Cover.
O Stark Black Cover é caracterizado pelo teto preto, como diz o nome, e um belo pacote de equipamentos de série (com itens que normalmente são oferecidos como acessórios).
A lista inclui bancos de couro, central multimídia com câmera de ré, bagageiro de teto, snorkel, rodas de liga leve e alarme. O preço dessa versão é R$ 115.000.
Esteticamente, o Stark também apresenta diferenças em relação ao modelo original que testamos em 2010. Mas essas mudanças foram incorporadas ao longo do tempo e não agora na versão Black Cover.
Entre essas novidades estão a grade dianteira maior e os faróis de dupla parábola.
O logo da marca também mudou. Antes era um S estilizado, agora é um escudo com um cabo de espada que lembra o tridente da Maserati, apontado para baixo.
Por dentro, com exceção dos aros cromados das saídas de ar, tudo permanece igual, com a maioria dos componentes vindos do descontinuado Fiat Palio.
O Stark mantém também o motor 2.3 turbodiesel de 127 cv da extinta Fiat Powertrain (FPT).
Mas a TAC está avaliando o que fazer com o motor, uma vez que, com a criação da FCA, as atividades da FPT passaram para a empresa CNH Industrial, e o contrato de fornecimento não foi renovado.
Os jipes em produção atualmente estão saindo com motores FPT mantidos no estoque, segundo a TAC.
Os demais sistemas também são do Stark anterior. A transmissão tem opção 4×2, 4×4 e 4×4 reduzida, com engates mecânicos, e o câmbio possui cinco marchas.
A direção é hidráulica e os freios usam discos ventilados nas quatro rodas. A suspensão é do tipo duplo A com dois amortecedores por roda, nos dois eixos.
É fácil de concluir que o Stark Black Cover reproduz os mesmos erros e acertos de seus antecessores.
Começando pelos acertos, o jipe oferece boa posição de dirigir, com visibilidade adequada e assento para quatro pessoas.
Ao volante, o Stark é um jipe estável, fácil de manobrar e confortável, dentro do possível para um jipe. Sua suspensão parece mais macia que a do Troller T4, seu rival por excelência.
Ao contrário do Stark, porém, o Troller passou por uma transformação radical em 2014, depois que a marca foi comprada pela Ford.
O T4 atual tem motor 3.2 diesel de 200 cv, câmbio de seis marchas e seletor eletrônico de modos de tração, ao custo de R$ 131.329.
Entre os erros do Stark, pode-se apontar a ergonomia, o excesso de vibração do motor transmitida para a cabine e a vedação das portas.
A versão testada por nós em 2010, conseguiu bons números (para um jipe) na pista.
Nas provas de aceleração, o Stark fez de 0 a 100 km/h em 15,8 segundos e retomou de 60 a 100 km/h, em quarta marcha, em 11,2 segundos.
Nosso objetivo agora era repetir os ensaios, mas, assim como em 2010, o Stark apresentou a quebra do semi-eixo traseiro.
O componente rompeu no teste de aceleração. O diagnóstico feito pela fábrica na ocasião indicou um defeito de têmpera da peça.
Carro substituído, o teste foi realizado, mas a falha se repetiu, dessa vez, na sessão de fotos.
A TAC justificou a segunda quebra aos repetidos testes feitos com o novo semieixo antes do retorno do carro à QUATRO RODAS.
Agora, a quebra ocorreu outra vez no teste de aceleração, um ensaio que é feito com todos os carros cedidos à revista: eleva-se o giro do motor e troca-se a marcha no regime de torque máximo, no modo de tração 4×2.
Desde 2010, nenhum carro testado por nós apresentou quebra nesse ensaio.
Depois do ocorrido, a TAC nos retornou afirmando que a quebra teria sido ocasionada por forte impacto durante a tração.
E dizia também ter apurado que o carro teria arrancado com o modo de tração reduzida acionado, o que não corresponde à realidade do teste feito por nós.
A unidade avaliada ainda apresentou outros defeitos, como o vidro do passageiro emperrado e a porta traseira com problemas no sistema de abertura por meio do comando na chave.
Além da nova versão, os planos da TAC incluem a implantação de cinco autorizadas nas cinco regiões do país que, de acordo com a empresa, serão responsáveis pelos serviços de pós-venda, como assistência técnica, e relacionamento com os clientes com cursos off-road, test drive dos produtos e boutique da marca.
Apesar do anúncio feito em 2015 de que a TAC teria sido comprada pela chinesa Zotye (com a construção de fábrica em Goiás aprovada), o negócio não se concretizou e a TAC segue independente. Assim como no carro, pouca coisa mudou na empresa.