Honda CR-V
A linha 2015 do modelo recebe as melhorias e ganha a nova identidade visual da marca
Estou numa autorizada Honda em Santa Barbara (EUA), onde há uns 15 exemplares do CR-V esperando para serem vendidos. Mas apenas um deles é da linha 2015, que está à minha espera para um dia de test-drive. Ele está lá nos fundos da loja, longe dos olhares dos curiosos. Mesmo assim, quando os clientes entram, vão logo correndo atrás da nova versão, apesar dos insistentes descontos que os vendedores dão para tentar acabar com o estoque antigo. O interesse do público americano tem uma razão de ser. O CR-V 2015 não é completamente novo, mas a reestilização o deixou quase tão atraente quanto uma nova geração, já que o modelo ficou também mais equipado e silencioso.
O exterior mudou onde conta, com alteração sensível em grade, para-choques e faróis, envoltos por luzes de leds de uso diurno. Assim, o visual ficou mais alinhado com a nova cara da Honda, que estreou no Fit e City e chegará logo ao irmão menor HR-V (veja na pág. 68). Ao lado dele, o modelo 2014 parece um pouco envelhecido, mesmo que o restante da carroceria tenha mantido suas linhas.
Antes mesmo de iniciar nosso test-drive, já se percebem algumas (agradáveis) diferenças. Para começar, não é preciso de chave para entrar. O sistema Smart Entry destrava as portas com a aproximação do motorista. Ao abri-las, nota-se o painel levemente redesenhado, com mais molduras cromadas nas peças de acabamento, revestimento de material macio ao toque e um quadro de instrumentos com desenho mais limpo, menos poluído de números.
Porém, o maior destaque no interior é o novo sistema multimídia HondaLink, que passou a ter uma tela sensível ao toque maior, de 7 polegadas. A Honda escolheu usar teclas diferentes para aumentar e diminuir o volume em vez do botão giratório mais tradicional. O console central também é novo, com uma tampa que substitui o descanso de braço e com a presença de duas conexões USB e uma rara entrada HDMI, em vez da única USB do modelo anterior. O versão top EXL inclui agora ajustes elétricos no banco do motorista, assentos aquecidos, para-sóis deslizantes. Exceto pelas novas saídas de ventilação traseiras, o banco de trás e o porta-malas permaneceram inalterados.
Ao volante, a primeira mudança percebida é que a partida agora se dá pressionando um botão, em vez de girar a tradicional chave. Até ouvir o motor ficou mais difícil, pois a Honda reduziu um pouco o nível de ruído interno, graças ao melhor isolamento acústico. A estrutura dianteira também foi aprimorada, para melhorar suas notas em colisões. Embora tivesse recebido cinco estrelas nos testes de impacto frontal e lateral do órgão americano IIHS (Instituto de Seguros para Segurança nas Estradas), o CR-V 2014 não obteve a nota máxima em outros quesitos. Por isso, as estruturas de deformação programada na dianteira foram redesenhadas. Além disso, todos os modelos agora vêm com airbag lateral, câmera de ré e luz indicadora de direção nos retrovisores com sistema Tilt Down, que aponta para o chão ao se engatar a ré.
A versão EXL tem ainda uma câmera Lane-Watch montada no espelho direito, que projeta a vista do ponto cego direito na tela de LCD sempre que o sinal de seta para a direita é ativado, ou pelo toque de um botão localizado na alavanca do pisca. Molas e amortecedores foram recalibrados, mas ainda favorecem o conforto sobre a esportividade. A diferença em relação à versão anterior é quase imperceptível. A direção ainda é ligeiramente leve, mas apesar disso previsível, e oferece um bom feedback. A unidade avaliada tinha um motor 2.4 de 185 cv, mas no Brasil o CR-V manterá o 2.0 i-VTEC Flex One com 155/150 cv, produzido no México exclusivamente para o nosso mercado. Para fechar o conjunto mecânico, permanece o câmbio automático de cinco marchas e as opções de 4×2 ou 4×4.
Apesar de não ser uma nova geração, esse conjunto de mudanças – que deve estrear no Brasil em abril de 2015 – pode ser suficiente para o CR-V superar o RAV4, seu grande concorrente. Se há alguns anos o Honda vendia até o triplo em relação ao crossover da Toyota, hoje perde na comparação: 6 220 unidades no acumulado até outubro, contra 6 876 do RAV4. Se a Honda mantiver os preços atuais (R$ 98 900 para a versão 4×2), ele tem boas chances de virar esse jogo, especialmente pelo design mais cativante e moderno.
Com essas melhorias, não surpreende ninguém que a autorizada da Honda em Santa Barbara esteja tendo tantas dificuldades para se livrar do estoque do CR-V anterior.
VEREDICTO
Se não houver aumento de preço, as melhorias em equipamentos, design, nível de ruído e acabamento vão dificultar a vida do seu rival direto, o Toyota RAV4.