Fiat Titano 2026 se redime com nova mecânica e fica tão rápida quanto uma Toro
Linha 2026 marca a redenção da caminhonete com novo motor 2.2 turbodiesel, câmbio de oito marchas, suspensão recalibrada e até piloto automático adaptativo

A Fiat tem a pecha de mudar seus carros rápido demais. Por exemplo, os primeiros Pulse Hybrid duraram pouco, porque seu design foi atualizado apenas sete meses depois de receber o motor eletrificado. No caso da Fiat Titano, porém, correram contra o tempo para corrigir algumas características o mais rápido possível. O resultado: a Titano 2026 é muito melhor que o modelo 2025.
Desta vez, quem mais trabalhou foi a equipe de engenharia, não os designers. Aproveitaram a mudança a troca da fábrica (da Nordex, no Uruguai, para a fábrica de Córdoba, na Argentina, que pertence à Stellantis), para trocar motor, câmbio, caixa de direção, freios e introduzir sistemas de segurança e assistência que não existiam antes. Tudo isso após pouco mais de um ano do seu lançamento no Brasil.

A grande surpresa na Fiat Titano 2026 é notar que, sim, aquela picape tinha solução. Ela só precisava de mais atenção da equipe que transformou as Fiat Strada e Toro nas picapes mais vendidas do Brasil. Se antes a Titano parecia ter a suspensão dianteira solta e conseguia inventar ondulações no asfalto liso, as novas molas, amortecedores e até buchas que isolam o chassi da cabine mudaram radicalmente o comportamento da picape.
A Titano 2026 consegue aproveitar o curso de suspensão sem batidas secas. Filtra a aspereza de ruas de pedra, buraqueiras e lombadas com o mesmo conforto de uma Chevrolet S10 ou Toyota Hilux, por exemplo. As sessões de tortura no off-road também acabaram, para a alegria da sua coluna vertebral. A capacidade de carga foi mantida em 1.020 kg.

O conjunto mecânico antigo não era tão ruim. No entanto, toda a vibração do 2.2 turbodiesel Blue HDI (de origem Peugeot), de 180 cv e 40,8 kgfm, e do câmbio automático de seis marchas era percebida nos pedais e no volante, como se fosse um trator e não uma picape média. Solucionaram isto com o novo motor 2.2 turbodiesel da família Pratola Serra, com 200 cv e 45,9 kgfm. É o mesmo que estreou na Rampage e já está na Fiat Toro e no Jeep Commander, mas na sua primeira aplicação longitudinal.

É justamente pelo motor estar na longitudinal que o novo câmbio é um automático de oito marchas da alemã ZF (ainda que seja fabricado na China). O câmbio ZF de nove marchas usado pelos outros carros só pode ser usado com motores transversais. As Titano automáticas ainda ganharam uma caixa de transferência BorgWarner que permite variar o torque distribuído entre os eixos, garantindo uma tração integral (4WD) à picape quando em modo 4×4, mas ainda tem modo 4×4 com reduzida que aproveita as marchas do câmbio.
A maior potência e o câmbio com primeira e segunda marchas mais curtas fazem a Titano 2026 parecer mais leve ao sair da inércia, ainda que seus 2.150 kg tenham sido mantidos. Conta também o fato do torque máximo do novo motor surge 500 rpm mais cedo, a 1.500 rpm. Ativando o modo Sport, as respostas ao pedal do acelerador são praticamente imediatas, até melhor do que em uam Fiat Toro ou em uma Ram Rampage.

De acordo com a Fiat, o tempo de aceleração de 0 a 100 km/h foi reduzido de 12,4 s para 9,9 s, um ganho notável, sendo apenas 0,1 s mais lenta que uma Toro Ranch com o mesmo motor. O consumo, que era ruim, teria melhorado em até 17%, chegando a 9,9 km/l na cidade e 10,8 km/l na estrada, de acordo com os dados homologados junto ao Conpet/Inmetro.
A melhora no desempenho levou à troca do freio traseiro a tambor por discos ventilados, já com atuadores para o novo freio de estacionamento eletrônico – que não tem função auto-hold.
As mudanças não pararam aí. Trocaram a caixa de direção hidráulica por uma elétrica, o que diminui o peso da direção e também conversa melhor com os novos sistemas de segurança e assistência ao motorista. A Titano Ranch 2026 (R$ 285.990) passa a ter de série pacote ADAS com frenagem automática de emergência, monitor de ponto cego e piloto automático adaptativo.
Mudanças visíveis aos olhos

Treine seus olhos para reconhecer a Fiat Titano 2026. Também é a Titano Ranch quem ganha o quadro de instrumentos com tela de 7” e algumas melhorias no software da central multimídia, que além de ganhar conexão sem fio para Android Auto e Apple CarPlay, ainda recebeu opções de personalização da tela inicial. As demais configurações seguem com seis airbags, controles de tração e estabilidade, assistente de descida e monitoramento de pressão dos pneus.
Por dentro, a alavanca do câmbio também é nova, do tipo joystick, e a parte dianteira da picape está com um skidplate em nova cor cinza. A Ranch ainda tem o pequeno retângulo no para-choque para proteger o radar do piloto automático adaptativo.

A versão topo de linha Ranch ainda tem bancos dianteiros elétricos, câmeras de visão 360°, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, chave presencial, ar-condicionado automático de duas zonas, barras longitudinais, estribos e santoantonio de série.
Este foi um primeiro contato com grandes surpresas. A Titano 2026 prova que, sim, era possível transformá-la em uma picape média digna e alinhada com as referências do segmento em termos de conforto. Também prova que tempo e dinheiro podem resolver quase tudo.

Mesmo que a Fiat Titano 2026 tenha ficado até R$ 26.000 mais cara que o modelo 2025, as melhorias foram tão abrangentes que é possível vê-la com outra perspectiva. Por R$ 285.990, a Titano Ranch é a picape média com ADAS e piloto automático adaptativo mais barata do Brasil e é quase tão rápida quanto uma Ford Ranger V6 3.0 ou Chevrolet S10 2.8 turbodiesel. Quem diria!

Não dava para ter esperado?
E se a Stellantis tivesse esperado a Fiat Titano “ficar pronta” para ser lançada? A empresa já trabalhava nessas mudanças quando a Titano foi lançada no Brasil, em março de 2024. Já existia o planejamento para o início da produção na Argentina e também para o futuro lançamento de uma variação dela para a marca Ram, prevista para o ano que vem e que poderá ser chamada de Ram 1200.
A questão é que também era necessário honrar um contrato dos tempos da PSA Peugeot Citroën. A Fiat Titano é o legado mais complexo que ficou do conglomerado francês na fusão com a Stellantis, pois era um projeto que nasceu em parceria com a chinesa Changan para ser vendido pela Peugeot – lembra-se da Landtrek?

A Stellantis cancelou o lançamento da Landtrek no Brasil e decidiu que a picape média seria vendida como Fiat, já com ajustes específicos que adiaram sua estreia. Mas faltavam outros ajustes mais abrangentes para convencer que este é um produto da mesma marca que fabrica sucessos como Strada e Toro.
Parece que os esforços da Stellantis só foram concluídos agora. A Fiat Titano 2026 não está apenas mais potente e equipada, mas também mais confortável e capaz no asfalto e no off-road. Agora ela mostra que é, sim, capaz de enfrentar as picapes médias de entrada e intermediária de igual para igual sem depender tanto dos grandes descontos que eram praticados pela Fiat até então. Os descontos de 16% para vendas diretas, por sinal, estão mantidos.
Ficha técnica – Fiat Titano Ranch 2.2 turbodiesel 2026
Motor: diesel, diant., longit., 4 cil. em linha, 16V, 2.184 cm³, 200 cv a 3.500 rpm, 45,9 kgfm a 1.500 rpm
Câmbio: aut., 8 marchas, tração 4×4 integral e bloqueio no diferencial traseiro
Suspensão: ind. duplo A (diant.) / eixo rígido (tras.)
Freios: disco ventilado (diant. e tras.)
Direção: hidráulica, 14 m (diâmetro de giro)
Rodas e pneus: liga-leve, 255/50 R20
Dimensões: comprimento, 533 cm; largura, 222 cm; altura, 189,7 cm; entre-eixos, 318 cm; peso, 2.150 kg; caçamba, 1.109 l; capacidade de carga, 1.020 kg tanque, 80 l
Desempenho: 0 a 100 km/h em 9,9 s; velocidade máxima de 180 km/h