Conheça o helicóptero de R$ 48 milhões que pode ter interior Mercedes
Pegamos carona no Airbus ACH 145, que pode receber luxos inspirados nos carros da marca alemã. Você pode experimentá-lo por R$ 4.200 a hora
A estrela de três pontas da Mercedes-Benz nasceu para indicar que a companhia já produziu motores para operar em terra, água e ar.
Hoje em dia a empresa não faz mais propulsores para barcos e aeronaves, mas isso não significa que você precisa abrir mão do luxo alemão quando sai do seu Classe S. Basta pagar R$ 4 milhões.
Esse é o preço do acabamento feito pela marca alemã para o ACH 145 Line, nova versão do helicóptero da Airbus que chegou ao Brasil.
O valor, vale destacar, não inclui o resto da aeronave, cujo preço de tabela é de R$ 44 milhões e varia de acordo com a cotação do dólar no dia da compra.
E, como nos AMG, a sigla ACH já adianta o DNA nobre do aparelho. A abreviação de Airbus Corporate Helicopters batiza as versões vip das aeronaves feitas pela gigante francesa, o que inclui até o H125, conhecido no Brasil como Esquilo.
Para conhecer o mundo do superluxo aéreo, QUATRO RODAS voou a bordo de um ACH 145 Line e conheceu as principais variantes do aparelho capaz de levar até dez pessoas, alcançar 250 km/h, voar mais de 720 km (ou por três horas e meia) e ter a versatilidade para você poder transportar móveis ou ter espaço para seu cão brincar.
E acredite: quem está disposto a pagar mais de R$ 4.200 por hora para voar com ele vai querer fazer quase de tudo com seu Mercedes aéreo.
Um exemplar vendido a um sócio de uma grande rede de supermercados (a confidencialidade é outra característica deste segmento), por exemplo, recebeu a pintura externa e parte do acabamento inspirado no Bentley do empresário.
Só que, ao contrário dos automóveis, há um limite de customização no interior.
Se normalmente nos automóveis é possível fazer quase tudo, nos helicópteros (e aviões) as variáveis normalmente se restringem às cores dos bancos e adição de luzes internas extras, cintos e pinturas especiais.
Isso acontece porque, para homologar um novo assento para a aeronave, é preciso refazer os testes em todo o aparelho, tornando o custo proibitivo até mesmo para a maioria dos milionários.
O pacote Mercedes adiciona ao ACH145 iluminação interna variável, porta-malas (para até 600 kg) com diferentes compartimentos, remoção de dois assentos para melhorar o conforto dos outros ocupantes e isolamento acústico reforçado.
Este último item, aliás, é um dos diferenciais do modelo.
Nele é possível conversar durante o voo sem a necessidade dos fones de ouvido, que em outras versões são de uso compulsório por conta do ruído elevado dos dois motores Safran a jato de 894 cv (potência de decolagem) cada um.
Outra especificidade desse tipo de aeronave é que o cliente normalmente só tem o trabalho de comunicar ao piloto ou hangar o horário que pretende sair e o local de destino.
Cabe a diversos funcionários manobrar o helicóptero (usando um pequeno carrinho sob os esquis) e completar o tanque, de 903 litros, com querosene de aviação.
Em tempo: reabastecer um ACH 145 exige, em São Paulo, quase R$ 4.800. Mesmo assim, a Airbus afirma que manter um 145 que voe até 200 horas custará R$ 100.000 por ano, metade do gasto de uma aeronave similar.
O valor não inclui o salário do piloto, que tem a vida facilitada nas últimas versões do 145. Ao contrário dos aviões, muitos helicópteros não têm piloto automático capaz de controlar a aeronave durante pousos e decolagens.
Mas neste Airbus é possível passar (ou pegar) o controle para o computador quando o helicóptero está a somente 1 metro de distância do chão.
O proprietário também pode, como nos Classe S, acompanhar o itinerário do helicóptero usando um tablet conectado aos sistemas da aeronave.
É possível até selecionar um novo destino e encaminhá-lo ao piloto, que cuidará dos trâmites de alteração do plano de voo.
Claro que, apesar de decolar verticalmente, um helicóptero não pode pousar em qualquer lugar.
Por isso a Airbus destaca o peso máximo de 3,7 toneladas (3,8 na versão com rotor de cinco pás) do 145, o que permite pousar na maioria dos heliportos e helipontos homologados pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) dentro das grandes cidades.
Esse aparelho, porém, não está restrito a atender empresários e famílias nobres. O 145 pode ser modificado para atender diferentes atividades, como patrulha policial, resgate aéreo e transporte de feridos.
Nesse ponto, o aparelho se diferencia por conta do rotor de cauda Fenestron. O nome batiza o sistema que deixa o rotor vertical coberto pela fuselagem de alumínio e plástico reforçado com fibra de carbono.
Por ser protegido, há menos risco de os passageiros serem atingidos pelas pás, pois normalmente o desembarque é feito com os motores ainda ligados.
Isso permite colocar os feridos por trás da aeronave e deixar o paciente no sentido longitudinal da cabine. No Esquilo usado pela Polícia Militar paulista, mais estreito e com rotor de cauda exposto, esse procedimento usa as portas laterais e a maca fica no limite do espaço.
Já os clientes vip vão valorizar a ampla porta corrediça para embarque e a opção, por exemplo, de transportar uma mesa dentro do helicóptero.
Em tempo: essa situação realmente ocorreu com um cliente que precisava levar sua mobília de luxo para uma casa de veraneio.
Já outro prefere retirar os bancos da terceira fileira para que seus animais de estimação tenham espaço para brincar durante o voo. Por essas peculiaridades que é fácil entender por que marcas como a Mercedes-Benz se esforçam tanto para agradar a uma clientela pequena – só três unidades foram vendidas até hoje no Brasil – mas tão exigente quanto endinheirada.
Avião brasileiro com recheio alemão
Parcerias entre montadoras e fabricantes de aeronaves são comuns e incluem até a brasileira Embraer. A companhia oferece em seu catálogo um Phenom, menor jato executivo da empresa, com interior projetado pela BMW.
As cores e materiais usados na cabine foram inspirados no Série 5 e podem ser alterados a gosto do cliente.
Ficha técnica – Airbus ACH 145 Line
- Versão: rotor com 4 pás
- Motores: Safran Arriel, 894 / 771 cv (decolagem/cruzeiro), querosene de aviação
- Trem de pouso: fixo, por esquis
- Dimensões: 10,8 m (diâmetro do rotor principal), Tanque: 903 litros
- Peso máximo de decolagem: 3.700 kg Vel. Máxima: 250 km/h Consumo: 100 litros/hora
- Preço: R$ 44 milhões