Uma das principais estratégias da Stellantis é compartilhar, ao máximo, os mesmos componentes entre suas diversas marcas. A tática vem dando certo e será ampliada até onde seguir funcionando.
A plataforma CMP, por exemplo, hoje em dia dá origem a carros como o Peugeot 208 e o Citroën C3 (o C3 Aircross logo chegará com a mesma arquitetura, assim como a versão sul-americana do 2008). Em breve também será usada para o novo Fiat Argo e uma mudança de planos pode dar origem a um novo Jeep nacional.
Chamado internamente de “Jeep Junior”, o Avenger é o SUV compacto que chegou recentemente à Europa logo abaixo do Renegade. Inicialmente parecia improvável que ele viesse ao Brasil, mas tudo indica que os planos mudaram.
QUATRO RODAS constatou que há diversas unidades rodando no país; o que indica mais do que mera exibição a executivos locais, mas testes concretos para a turma de engenharia. A informação vai ao encontro do noticiado pelo Jornal do Carro e pelo site Autos Segredos, que garantem a produção nacional do utilitário na planta de Betim (MG) e até a venda de modelo híbrido pleno.
Segundo apuramos, discute-se a possibilidade de que o Avenger traga motor 1.0 turbo flex de 130 cv e 21,4 kgfm do Fiat Pulse e Fastback, junto ao sistema híbrido leve que logo será oferecido na dupla e também no novo Peugeot 2008. A aprovação dessa mecânica, entretanto, carece de muita conversa, disse uma fonte.
Plano B
A versão elétrica do Avenger sempre foi o principal foco da Jeep, com motor de 156 cv e 26,5 kgfm, junto a baterias de 54 kWh que, em ciclo WLTP, garantem alcance de 400 km em regime combinado, podendo chegar a 550 km em rodagem urbana.
Mesmo assim, o resultado vem sendo decepcionante, com a versão equipada com motor 1.2 de 100 cv vendendo mais, a ponto da marca passar seu foco às vendas do modelo térmico no mercado europeu.
Se nem em países ricos o Avenger EV está indo bem, no Brasil o resultado tenderia a ser pior ainda e, assim, é improvável que o Avenger elétrico seja nacionalizado. Ao mesmo tempo, não existe outra opção para equipar o modelo nacional senão o 1.0 mais potente do Brasil, com boa recepção do público.
Trem-de-força à parte, porém, pouco muda: ambas as variantes são idênticas em termos de design, equipamentos e dimensão. Com 4,08 m de comprimento, o Avenger é do tamanho de um Fiat Pulse.
O entre-eixos de 2,56 m é apenas 3 cm maior que o do irmão da Fiat, de modo que o espaço interno também não é farto. E se os Jeep são conhecidos pela capacidade off-road, aqui a história é diferente: não versões com tração integral e os ângulos de ataque e saída são praticamente idênticos ao do utilitário fabricado em Betim (MG).
Internamente, há duas telas flututantes de 10,25” cada, que servem para quadro de instrumentos e central multimídia. Há porta-objetos grandes no console central e opção de bancos de couro com ajuste elétrico, além de carregador de celular por indução. Opções de condução autônoma incluem controle de cruzeiro adaptativo e assistente de permanência em faixa.
Fato é que o “baby Renegade” pode repetir a estratégia da Rampage, valorizando, aos olhos do público, um projeto mais simples mas vendido por uma marca com maior percepção de valor. Assim, os brasileiros terão à disposição um SUV compacto do tamanho do Pulse e mesma base de modelos bem mais baratos. A estética, porém, é cativante e com aspecto mais luxuoso, assim como o interior clean e inspirado no Wrangler.
Versões básicas naturalmente custariam menos de R$ 100.000, dando continuidade ao curioso fenômeno de transformação da Jeep em uma generalista no Brasil. Modelos mais caros seriam limitados pelo valor do Renegade de entrada, que atualmente custa R$ 125.990.
Mais uma vez simplificando, o novo Argo – seu irmão gêmeo – será fabricado na mesma linha, aproveitando até o ferramental do Avenger. Ainda de acordo com o Autos Segredos, a produção deve começar entre 2025 e 2026.