A ZF, uma das maiores fornecedoras de autopeças do mundo, finalizou o processo de nacionalização de airbags frontais, laterais e de cortina no Brasil. A última etapa foi finalizar a linha de produção dos airbags de cortina (que protegem a cabeça dos ocupantes da frente e de trás) em Limeira (SP). Os dois primeiros carros com seis airbags nacionais serão lançados até o fim de 2023.
Airbags laterais eram montados no Brasil desde 2021 e neste ano passaram a ter duas novas linhas de produção na mesma fábrica.
De acordo com a ZF, a montagem local dos componentes facilitará a implementação dos equipamentos em mais carros fabricados no Brasil. A tendência também é que os custos caiam, pelo menos para os fabricantes: o processo de desenvolvimento passa a ser feito no País, reduzindo o tempo e, consequentemente, os custos.
“Normalmente, um airbag com todas as validações, demora cerca de dois anos para ser desenvolvido. Com a localização das linhas conseguimos um tempo de desenvolvimento menor e o tempo de entrega do produto, com a produção corrente, é o mesmo do importado, mas com mais eficiência na preparação para o início da produção (SOP) de um novo carro”, explica Gustavo Ducatti, Diretor de Operações e Negócios de Sistemas de Segurança Passiva e Eletrônicos na América do Sul.
“Quando você localiza, de cara todo aquele tempo de transporte por via marítima, com seguro e imposto de importação, reduz”, completa.
O tempo de desenvolvimento menor também é uma exigência das montadores de automóveis. “Cada vez mais pedem um tempo de desenvolvimento menor, entre a ideia e o momento que querem colocar o carro no mercado. Então isso é ajudado pela digitalização dos processos e também pelo fato de ter fornecedores locais”, explica Ducatti.
Os insufladores continuam sendo importados da Alemanha e, no caso dos airbags de cortina, as bolsas ainda são importadas do México. Os aspectos mais delicados para a montagem dos airbags para um modelo específico, porém, são o tamanho das bolsas usadas e, curiosamente, também a forma como elas são dobradas.
“É isso que vai determinar a área de cobertura, o tempo que ela demora para abrir e a trajetória de sua abertura. Por mais que exista uma correlação muito boa com as simulações matemáticas, as linhas locais agilizam muito os ajustes durante o desenvolvimento e isso é feito aqui com os nossos profissionais”, conta o executivo.
Enquanto o momento da abertura do airbag é determinado pelos módulos do carro, a forma como o airbag se abre precisa ser específica para cada modelo por conta de suas próprias dimensões de posição de bancos, janelas e colunas. O desafio é cobrir uma determinada área no tempo determinado pelo fabricante do veículo, escolhendo a estratégia de dobra, que, por exemplo, pode ser em rolo ou em direções alternadas para desviar de obstáculos.
Todas as dobras são automatizadas, para que a capacidade de repetibilidade seja alta. As máquinas que fazem essas dobras foram desenvolvidas no Brasil com base nas estratégias globais da ZF.
Por questões estratégicas, a ZF não divulga a capacidade de fabricação dos airbags no Brasil, na fábrica de Limeira (SP). Mas explica que a substituição de airbags importados por nacionais é sob demanda, pois também exige um novo desenvolvimento. Esta nova linha atenderá dois novos carros nacionais em 2024 e mais um, do mesmo fabricante, em 2024.
Este investimento também é uma resposta a um aumento pela demanda de proteções laterais nos carros nacionais, mesmo que não sejam obrigatórios. “As fabricantes estão correndo para implementar em seus veículos por causa da Latin NCAP. Nenhuma montadora mais quer lançar um carro com nota ruim de segurança, já é uma demanda do mercado, e airbags laterais e de cortina são necessários para uma boa nota”, confidenciar.