Um guia para entrar no divertido mundo dos ralis de regularidade
Fabricantes oferecem estrutura completa para quem deseja competir com seu 4x4. E o melhor: dá para a família toda curtir o off-road
Participar de um rali está entre as coisas que todo fanático por carros precisa fazer pelo menos uma vez na vida. Afinal, não conhecemos maneira mais agradável (e emocionante) de admirar belas paisagens ao mesmo tempo em que se testa os limites de um veículo 4×4. Mas, como as provas de velocidade não são para amadores (e nossa experiência no Rali da Argentina apenas comprovou a suspeita de que esses pilotos são extraterrestres com habilidades sobrenaturais), disputar um rali de regularidade pode ser um bom começo.
Atualmente, três montadoras (Mitsubishi, Suzuki e Troller) organizam campeonatos desta modalidade . Não é preciso prática tampouco habilidade para entrar neste divertido mundo. Basta ser proprietário de um veículo da marca e não ter dó de enfiar o carro na terra.
As regras do jogo
Cada veículo deve ter um piloto e um navegador – este último é o passageiro responsável por guiar o motorista pelo percurso estipulado pela organização da prova, informando sobre a existência de curvas, obstáculos, buracos e qualquer outra interferência que possa influenciar na condução. Normalmente, até dois passageiros (chamados de “zequinhas”, em alusão ao macaco que acompanhava Speed Racer nas corridas) podem se aventurar com a dupla de competidores. Mas não pense que a vida deles é mole: se o carro atolar, são eles os primeiros a descer do veículo para fazer o trabalho sujo – literalmente falando, neste caso.
Como o próprio nome já diz, no rali de regularidade ser rápido não é fundamental: o objetivo é manter-se dentro do tempo e do percurso estipulados pela organização em cada trecho. Todas as informações estão contidas em um caderno chamado de livro de bordo ou planilha. Cada linha contém distância a ser percorrida, média horária estipulada e caminho a ser seguido, este representado pela “tulipa”, uma ilustração gráfica que reproduz fielmente o trajeto. Cabe ao navegador precisa ler e interpretar as informações, repassando-as rapidamente ao piloto.
Os tempos são registrados em vários postos de cronometragem (ou “PC”) espalhados pelo percurso e a dupla competidora é penalizada caso passe pelos PCs antes ou depois do número informado na planilha. Normalmente o odômetro do veículo é zerado a cada parada realizada. O tempo registrado é comparado com o tempo ideal e cada décimo de segundo atrasado representa a perda de 1 ponto. Passagens adiantadas são penalizadas com 2 pontos por décimo de segundo. O resultado é revelado apenas após o término da prova e vence a dupla que perder menos pontos.
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Os participantes são divididos em três categorias. Os novatos (também chamados de amadores, iniciantes ou light, de acordo com cada prova) são a categoria de entrada dos ralis e não exige nenhuma experiência anterior em competições, sendo voltada para quem deseja apenas se divertir. A categoria Turismo está um degrau acima, reunindo competidores com certa experiência neste tipo de prova e já filiados à CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo). Já a categoria Graduados ou Master é voltada para competidores com ampla experiência e participações em campeonatos regionais e nacionais, sendo que a CBA monitora a categoria de cada competidor para impedir uma eventual participação em categorias inferiores.
Acompanhando a complexidade de cada categoria, há algumas regras sobre o uso de equipamentos de navegação. Na categoria Novatos só é permitido o uso do odômetro do próprio carro, calculadora e, em algumas provas, calculadora programável, notebook, ou smartphone com cronômetro digital ou algum programa para auxiliar o cálculo de tempo e distância. A categoria Turismo também permite a utilização de odômetro digital aferível, no qual é possível visualizar, avançar ou retroceder a distância de metro em metro e também reproduzir as marcações realizadas pela organização na formulação da planilha, aumentando a precisão na manutenção das médias horárias. É proibida a utilização de qualquer equipamento de navegação integrado que indique tempo ou distância de atraso ou adianto e que seja ligado a sensores de movimento do veículo. A categoria Graduados, por sua vez, permite o uso de qualquer tipo de equipamento de navegação.
Veja a seguir mais informações sobre cada categoria e prepare-se para estrear no mundo do rali de regularidade. Quando você menos esperar estará contando os dias até a próxima prova acontecer.
MITSUBISHI MOTORSPORTS:
Realizado há 22 anos, o rali de regularidade é o mais tradicional do Brasil. Nesta temporada, serão nove etapas realizadas no campeonato Sudeste (Joinville, Mogi Guaçu, Tiradentes, São José do Rio Preto, Curitiba, Goiânia, Campos do Jordão e Ribeirão Preto) e outras quatro no Nordeste (Gravatá, Natal, Fortaleza e João Pessoa). Assim como outros campeonatos, não é necessário experiência nem carros preparados.
As inscrições são abertas sempre 12 dias antes da competição. Os interessados devem entrar no site https://www.mitsubishimotors.com.br e preencher o cadastro. As vagas são limitadas. Toda etapa segue o mesmo cronograma. Na sexta-feira antes da competição, os participantes se encontram para confirmar a inscrição e adesivar os carros. À noite, há um briefing sobre as trilhas e aula de navegação. No sábado, os competidores se reúnem para a largada e, na chegada, há um grande almoço e cerimônia de premiação para as duplas vencedoras de cada categoria.
Podem participar todos os veículos das linhas 4×4 dos modelos L200, Pajero e ASX. A inscrição é a doação de 30 quilos de alimentos não perecíveis e seis produtos de higiene por veículo, sendo que todas as doações são revertidas a associações de cada cidade.
SUZUKI OFF-ROAD:
O Suzuki Off-Road é composto por seis etapas realizadas por ano, sendo que cinco delas são realizadas em conjunto com provas do calendário da Mitsubishi Motorsports. São aceitos veículos de qualquer ano dos modelos Grand Vitara, Vitara e Jimny e dos antigos Samurai e Sidekick.
A única categoria é a Off-Road, voltada para quem deseja se divertir percorrendo trajetos com grau de dificuldade mais baixo. As regras, no entanto, são as mesmas de qualquer prova de regularidade e as cinco duplas mais bem colocadas são premiadas. Há também um evento especial chamado Extreme, idealizado para os participantes com mais intimidade com provas fora-de-estrada. Além de encarar obstáculos mais difíceis dentro do carro, os participantes são desafiados em atividades físicas radicais. Por conta do nível de dificuldade dos obstáculos, recomenda-se a participação de modelos Jimny, Samurai e Vitara com pneus off-road e acessórios para trilha, como guincho.
Em ambas até quatro pessoas podem participar por carro, sendo que o navegador precisa ter, no mínimo, 16 anos e os acompanhantes, pelo menos, 10 anos. As inscrições são feitas pelo site https://www.suzukiveiculos.com.br. Assim como na prova da Mitsubishi, a inscrição do veículo é realizada mediante a doação de 30 quilos de alimentos não-perecíveis, mais seis produtos de higiene ou um livro didático. Todo o material arrecadado é destinado a associações dos municípios da região.
COPA TROLLER:
Destinada a proprietários de Troller, a Copa Troller é dividida em dois campeonatos regionais (Nordeste e Sul/Sudeste) e já passou por 13 estados brasileiros (além do Distrito Federal) e 35 cidades. O campeonato é formado por cinco categorias, cada uma delas voltada para um tipo específico de competidor – inclusive profissionais. Cada veículo deve contar com um piloto e um navegador (a partir de 16 anos), além de algumas categorias (Expedition e Turismo) aceitar até dois zequinhas, sendo que os menores de idade devem possuir autorização dos pais para participar das provas.
Expedition:
Categoria voltada para os iniciantes no rali de regularidade. O percurso tem um grau de dificuldade menor, ideal para a prática de pilotagem em terrenos irregulares e leitura de roteiros com planilhas. Não é permitido o uso de equipamentos de navegação para essa categoria (exceto GPS e Palmtop) nem a inscrição de pilotos e navegadores que já participaram de categorias mais avançadas.
Turismo:
Indicada para quem já disputou alguma prova de regularidade. Os participantes consultam uma planilha mais elaborada e encaram um nível de dificuldade maior em relação à categoria Expedition. São autorizados os usos de odômetros originais, odômetros aferíveis não integrados e GPS. Podem participar pilotos e navegadores sem qualquer experiência ou que já tenham sido inscritos apenas em categorias como novatos, estreantes, amadores ou iniciantes. Competidores que já correram em categorias superiores são aceitos, desde que estejam afastados das provas há pelo menos dois anos.
Graduados:
Categoria voltada para pilotos e navegadores com alguma experiência em ralis de regularidade em categorias como a Turismo. O nível técnico de navegação e pilotagem é mais elevado e as médias de velocidade são rápidas. Por conta dessas diferenças, o uso de equipamentos de navegação de precisão é permitido e não é obrigatório o uso de capacete. Apenas piloto e navegador podem participar das provas.
Master:
Nesta categoria a disputa acontece entre os melhores (e mais experientes) pilotos e navegadores de regularidade do ranking nacional da CBA. A modalidade Master combina trechos de velocidade com outros mais técnicos, exigindo mais habilidade e perícia por parte da dupla participante. Ao final do campeonato, os competidores que estiverem abaixo da 21ª posição são rebaixados à categoria Graduados no ano seguinte.
Passeio:
Como o nome diz, esta categoria destina-se aos competidores de primeira viagem que preferem desfrutar da natureza a bordo de um veículo 4×4. O percurso não tem planilhas e a prova é realizada em comboio, garantindo a segurança dos participantes. Alguns trechos testam a capacidade off-road dos veículos, mas sem exigir demais dos competidores nem dos carros. São aceitos piloto, navegador e até dois zequinhas.