Em vez de sedãs, SUVs. A Stock Car revelou como serão os novos carros da categoria a partir da temporada de 2025. O mais chocante é que os sedans, que foram usados na competição por décadas, serão substituídos por SUVs. Desta forma, o Chevrolet Cruze (que está saindo de linha) será substituído pelo Chevrolet Tracker e o Toyota Corolla terá o Corolla Cross como seu substituto natural.
De acordo com o CEO da Vicar (promotora da Stock Car), Fernando Julianelli, a decisão de abandonar os sedãs na Stock Car Pro Series após 44 anos é resultado de pesquisas de mercado e consultas às montadoras. Mas foi confirmada após pesquisa com os fãs da categoria.
“Somando o comportamento do mercado, a nossa interlocução com as montadoras e a pesquisa com os fãs, concluímos que este movimento que vamos fazer para 2025 é 100% consistente com as aspirações de toda a comunidade da Stock Car e do esporte a motor como um todo”, afirma Fernando Julianelli.
Não fosse assim, a Chevrolet poderia ter um problema futuramente, pois o Cruze está prestes de sair de linha na Argentina. O fato é que a mudança também despertou o interesse de outras duas fabricantes, ainda não reveladas: a partir de 2025 o grid terá carros com bolhas do Chevrolet Tracker, do Toyota Corolla Cross e de outros dois SUVs que serão mostrados em 2024.
Por mais que sejam inspiradas em SUVs, o projeto das bolhas que darão forma ao novo chassi da Stock Car (mais detalhes adiante) terá um visual bem mais distante dos carros de rua do que se vê nos sedãs. O design original foi trabalhado pela Audacetech, o braço tecnológico do Grupo Veloci, controlador da Vicar. Na comparação com os carros de rua, ficam mais baixos e largos, mas sem perder os traços originais.
“Tecnicamente, o maior desafio será a equalização aerodinâmica, que já está em andamento e tem mostrado resultados bem animadores”, destacou Enzo Bortoletto, CEO da Audacetech. Vale destacar que a enorme asa traseira de fibra de carbono será móvel – uma das novidades do novo chassi da categoria.
O novo carro da Stock Car para 2025
Apesar das carrocerias (ou melhor, das “bolhas”) representarem carros de rua de várias marcas, todos os chassis e motores são idênticos. Mas o chassi atual, que já tem mais de 14 anos, será substituído para a temporada 2025. Na prática, será um carro completamente diferente.
O novo chassi, chamado Audace SNG01, foi concebido do zero com um novo tipo de aço, será soldado por robôs, tem um novo projeto de suspensão e vai receber um motor completamente diferente. Sai o atual V8 6.8 aspirado e entra um quatro-cilindros 2.1 turbo com a mesma faixa de potência, ao redor dos 500 cv a 7600 rpm e com 59,1 kgfm (de 4.000 a 6.800 rpm), além de um novo câmbio Xtrac.
Há alguns objetivos com essa troca, como reduzir o calor dentro do carro, melhorar a manutenção e deixar o carro mais leve (em cerca de 250 kg) e mais rápido. Além disso, há mudanças que prevêem mais diversão para os fãs da categoria: os carros terão telemetria mais avançada e com mais captação de dados, mais câmeras (inclusive uma de 360°) e transmissão de dados via 5G.
“Este carro é um divisor de águas na nossa história. Muita pesquisa e tecnologia foram empregadas para que tenhamos o carro mais seguro, performático e tecnológico na nossa história. Ele vai levar muito mais emoção, não só para os pilotos, mas também aos nossos fãs”, destaca Fernando Julianelli, CEO da Vicar, promotora da Stock Car.
Os novos carros só vão correr a partir da temporada 2025, para dar tempo do fornecedor entregar os câmbios dos carros. Mas as equipes receberão os novos carros (que passarão a ser alugados, em vez de vendidos) em 2024 para que façam seus testes ao longo da temporada.
Ficha técnica – Audace SNG01
- Motor: Audace Tech Chevrolet ou Audace Tech Toyota
- Especificação: quatro cilindros, 2,1 litros, turboalimentado, 16 válvulas e injeção eletrônica, 500 cv (7.600 rpm). Torque 580 Nm (de 4.000 a 6.800 rpm). RPM máximo: 7.600
- Eletrônica: Motec e Fueltech
- Painel: Fueltech FT700 Plus
- Peso: 1.100kg (2kg por cv)
- Câmbio: XTrac P1529, sequencial e semi automático, seis marchas, é acionado pelo piloto, mas o mecanismo gerencia o engate. Trocas acionadas por borboletas no volante. Tração traseira
Suspensão: independente nas quatro rodas. Triângulos sobrepostos (“duplo A”). Sistema pushrod. Amortecedores reguláveis de competição - Amortecedores: Penske Racing
- Conectividade: Qualcomm Snapdragon 5G, com sensorização de diversas funções do carro
Visibilidade: câmeras integradas ao chassi com visão dianteira e traseira, além de câmera 360 graus interna. As duas primeiras disponíveis no display do piloto. As três usadas em transmissão de prova e app - Aerodinâmica: carenagem a definir. DRS, asa móvel em fibra de carbono
- Projeto: Audace Tech, ArcelorMittal, IPT e SENAI
- Carroceria: Chevrolet e Toyota, material compósito (incluindo fibra de Carbono, fibra de Vidro, aramida e kevlar), simulações e testes. Fabricação Rallc
- Chassi: tubos DP980R da família de Aços Avançados de Alta Resistência, chancela IPT. Homologação CBA
- Entreeixos: 2.750 mm
- Freios, dianteiros e traseiros: discos ventilados, com pastilhas Fras-le e pinças de competição AP Racing. Seis pistões na dianteira e quatro na traseira
- Direção: sistema pinhão/cremalheira, acionamento elétrico
- Simulação computacional: IPT e Siemens
- Fabricação e prototipagem: ESPAS e Audace Tech
- Elementos de competição (motor e suspensão): MTR
- Volante: Grid Engineering, modelo Stock Car
- Rodas: Mangels, liga leve, medidas 11,5 x 18 polegadas (diâmetro x largura)
- Pneus: Hankook medidas 300-680×18 Hankook
- Combustível: etanol
- Tanque: instalado em cofre de fibra de carbono, é um contêiner de borracha deformável e resistente desenvolvido especialmente para competição, seguindo a classificação padrão FT3 da FIA. Válvula de segurança anti capotagem e capacidade ajustável
- Segurança: estrutura tubular em aço DP980R ArcelorMittal, proteção antichama por paredes corta-fogo com chapas de alumínio e revestimento resistente ao calor, estruturas do tipo crash box na dianteira e traseira em alumínio para absorção de impacto. Estruturas laterais em carbono, kevlar e aramida para absorção de impacto e dissipação de energia. Banco do piloto projetado e fabricado nos EUA com certificação FIA