De olho nos pontos fracos dos atuais carros elétricos, a Renault buscou as soluções mais plausíveis e anunciou um novo passo de sua ousada revolução elétrica nesta quarta-feira (30).
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Além de uma “cidade” elétrica e megafábricas ao redor da França, a empresa também revelou planos de novos conjuntos mecânicos, baterias e, claro, carros. Entre vários anúncios de EVs, a fabricante também confirmou que os novos Duster e o sete-lugares Bigster usarão a nova plataforma unificada da CMF-B e serão híbridos.
Baterias
O primeiro passo da ousada revolução envolve o domínio da atual composição química das baterias, agora padronizadas em níquel, manganês e cobalto (NMC) e capazes de oferecer 20% mais autonomia e reciclagem mais fácil.
Para evitar o desperdício de recursos naturais, a companhia também preparou um ciclo de vida completo para as baterias: desde novas, será possível vender o excedente energético em horários de pico e recarregar o carro à noite, por exemplo. Deste modo, o proprietário pode abater até R$ 2.000 no financiamento veicular ao mesmo tempo que ajuda a estabilizar a demanda energética.
No meio da vida-útil, as baterias poderão ser revendidas à Renault, que se juntará a revendas para avaliá-las, repará-las e revendê-las a preços competitivos. O plano é aproveitar o que ainda resta de capacidade de armazenamento em veículos menores, como empilhadeiras, cortadores de grama e qualquer outro veículo de serviço pequeno. Além disso, as baterias antigas podem armazenar energia limpa (solar, eólica etc) para uso posterior.
Mesmo assim, o descarte segue inevitável e, para tratá-lo do melhor jeito, a Renault adquiriu a startup Veola em busca de, no ano que vem, já lançar uma célula energética que ao fim da vida pode ser completamente reaproveitada.
As partes estruturais serão reaproveitadas em forma de ligas metálicas e, em seguida, a parte química será extraída, tratada e destinada a um novo ciclo.
Powertrain
Não adianta uma bateria se o consumo é ruim. Mas esse não deverá um problema do motor síncrono eletricamente excitado que a francesa vem desenvolvendo e lançará em 2024. A unidade contará com estator com tecnologia hairpin, substituição de soldas e rebites por colas e uso de rotores ocos e sem escovas.
Ao fim do aperfeiçoamento, o powertrain será 45% menos volumoso, 30% mais barato e 45% mais eficiente. Não à toa, a Renault promete custo 33% menor para seus futuros carros elétricos em relação ao atual Renault Zoe.
Novos modelos
Quando, em nossas impressões, citamos que o Renault Zoe buscava ser “pop”, fazíamos uma previsão involuntária em diferentes aspectos. Isso porque a própria montadora afirmou ter se inspirado na onda de bandas francesas como Phoenix e Daft Punk para, a partir de suas fábricas locais, dominar a eletrificação com soluções atraentes e, claro, mais baratas.
Na corrida por elétricos mais baratos, a Renault lançará dez novos modelos elétricos até 2025, aproveitando sua plataformas CMF-EV e CMF-BEV com diferentes carrocerias.
A CMF-EV será destinada aos segmentos C e D, com 580 km de autonomia, “impecável” gerenciamento térmico e meta de 750.000 unidades vendidas, em diferentes carros da Aliança, em 2025. O MéganE elétrico será um dos primeiros modelos da arquitetura.
Mais simples, a CMF-BEV busca universalizar os carros elétricos com um motor-padrão de 135 cv, 400 km de autonomia, baterias intercambiáveis e aproveitamento de partes oriundas de veículos a combustão. Tudo isso para que os EVs fiquem, a princípio, 33% mais baratos.
Além do novo Mégane, a francesa reforçou a chegada do novo Renault 5 e de uma “garagem dos sonhos” da Alpine, a partir de 2024. Outras novidades ficam por conta da próxima geração do Duster e seu irmão de três fileiras Bigster, que, como previsto, usarão a plataforma CMF-B.
“Esse é um dos projetos mais impressionantes que já vi em toda minha carreira. Vocês ficarão impressionados com a lucratividade disso”, disse o CEO Luca di Meo a respeito da dupla de utilitários. O executivo também afirmou que os produtos oriundos da Dacia aproveitarão a fase híbrida por um pouco mais de tempo, enfatizando que esses futuros modelos trarão a tecnologia E-Tech, que alia dois motores elétricos a uma unidade térmica.
A ideia é aplicar diferentes arranjos de motores conforme o país, a fim de atender as demandas locais, regras fiscais e legislações ambientais. Com a plataforma CMF-B, explicou di Meo, será possível atualizar Duster, Bigster e outros carros conforme a necessidade.
O Brasil, entretanto, não receberá os próximos elétricos da Renault. A prioridade local é “reestruturar a presença” da montadora no mercado nacional, tornando-a “mais estável, sólida e lucrativa”. Ainda não teremos o “filé” dos elétricos franceses, mas, parafraseando o CEO da Renault, “quem sabe do amanhã?”.
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